Arq. Jorge Villavisencio
Para quem teve a sorte de conhecer in loco esta obra formidável do arquiteto Oscar Niemeyer, deixa para gente, muita reflexão do que é a arquitetura moderna. A obra da “Casa do Baile” (1940-1942) está localizada as margens da lagoa da Pampulha, na cidade de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais. Considero ser um bairro bastante peculiar, claro este inspirado na proposta urbana do “visionário” o mineiro Juscelino Kubistchek (1902-1976) naquela época prefeito da cidade de Belo Horizonte.
F.01 – Obra da Casa do Baile (1940-1942) Pampulha-BH – de Oscar Niemeyer – o entorno.
Fonte: Jorge Villavisencio (2012)
Hoje este edifício cumpre um papel importante para a cidade, primeiro porque foi mantido na sua essência a “memoria” da cidade, assim como a espacialidade do projeto de uma arquitetura moderna que olha em prospecção. O uso atual do edifício que é utilizado como Centro de Referencia Urbano de Belo Horizonte. Consideramos importante seu uso, já que faz que seja conhecido não só pela população da cidade, sino para todos que visitam este espaço dedicado para a “cultura”, que é um passo importante para o desenvolvimento do povo que e tão carente destes espaços.
F.02 – Obra da Casa do Baile (1940-1942) Pampulha-BH – de Oscar Niemeyer – o espaço interior dedicado para o uso da “cultura”.
Fonte: Jorge Villavisencio (2012)
Sem sombra de duvidas as linhas sinuosas esta presente nos projetos de Niemeyer, tanto assim que ao dizer “que as linhas curvas é que o atraem”, e claro estes dois volumes em forma cilíndrica unida por uma passarela (marquise) que acompanha as linhas da lagoa, “... a arquitetura tira partido de sua implantação dentro da lagoa e estabelece um dialogo desenvolto pelas aguas através uma marquise ondulada que, ao mesmo tempo, protagoniza o espaço construído e emoldura, em conjunto com os pilares, a paisagem natural” (in. David Kendric Underwood, 2010).
F.03 – Obra da Casa do Baile (1940-1942) Pampulha-BH – de Oscar Niemeyer – a marquise como ato reflexivo do conceito da “promenade”.
Fonte: Jorge Villavisencio (2012)
Ao chegar ao edifício encontramos uma ponte que esta inserida entre a Avenida Otacílio Negrão de Lima (no. 751) e o edifício, entre eles se encontra um pequeno canal, que da a ideia de estar o edifício flutuando como si fosse uma ilha, que nos leva a uma reflexão profunda, como o expõe Martin Heidegger (1889-1976) no seu brilhante texto “Habitar, Construir, Pensar”, onde coloca de donde começa a ponte – da avenida ao edifício ou do edifício para a avenida, estó tem um fundo importante nos aspectos intuitivos do pensar sobre a arquitetura e na construção de cidades (no urbano), é claro, nos aspectos genéricos da vida comum.
F.04 – Obra da Casa do Baile (1940-1942) Pampulha-BH – de Oscar Niemeyer – vista da ponte.
Fonte: Jorge Villavisencio (2012)
No cabe duvida que a mão do paisagista do mestre Roberto Burle Marx (1909-1994) esta presente, nestas mãos do artista plástico que em minha opinião vem de pensamento do neoplasticismo, se atem a estas pinceladas que entregam essa magnitude que o obra precisa, e valido lembrar que o edifício da Casa do Baile pode-se dizer que é de pequeno porte em área construída (a diferencia de outras obras de Niemeyer), mais tem uma essência e qualidade espacial que nos leva a disfrutar como ato de “contemplação” que penso que Niemeyer propôs nesta obra.
F.05 – Obra da Casa do Baile (1940-1942) Pampulha-BH – de Oscar Niemeyer – desenhos originais de Oscar Niemeyer
Fonte: Exposição no edifício da Casa do Baile (hoje Centro de Referencia Urbano de Belo Horizonte – 2012)
Outro proeminente artista plástico nas mãos de Candido Portinari (1903-1962) que fez os diferentes murais nos seus azulejos que está presente na obra. Assim como a obra do Ministério de Educação e Saúde (1936-1947) de Rio de Janeiro, emblemático edifício da arquitetura moderna brasileira da época do prospectivo politico Ministro Gustavo Capanema (1900-1985), claro, baixo a tenacidade de Lucio Costa e da assessoria de Le Corbusier e dos “jovens arquitetos brasileiros” (Hugo Segawa, 1998) estó na época do Presidente Getúlio Vargas (1882-1954), não fosse sido possível que a obra da Casa do Baile tivesse a importância que em minha opinião e “relevante” não só para a arquitetura brasileira mais sim uma arquitetura moderna que procurava uma arquitetura com estilo internacional, mais considero que teve sim está obra a mão de uma arquitetura que era topicalizada dentro da paisagem tropical, algo que em algumas das obras de Niemeyer penso que teve o cuidado profundo. Só para lembrar as obras de Niemeyer da Pampulha for para ele seu “primeiro projeto individual” com projeção internacional, além claro que a arquitetura brasileira já participa do cenário internacional
. F.06 – Obra da Casa do Baile (1940-1942) Pampulha-BH – de Oscar Niemeyer – vista parcial exterior do edifício – o paisagismo de Burle Marx.
Fonte: Jorge Villavisencio (2012)
Revisando algumas imagens (in loco) da historia deste edifício vi que nos anos 80 este edifício foi depredado (detonado: na gíria de uma linguística contemporânea), mais a tenacidade do próprio Niemeyer e claro dos políticos de turno puderam resgatar a originalidade e a importância deste edifício.
F.07 – Obra da Casa do Baile (1940-1942) Pampulha-BH – de Oscar Niemeyer – vista parcial.
Fonte: Jorge Villavisencio (2012)
Como tínhamos mencionado no inicio deste artigo, o edifício serve como Centro de Referencia Urbano de Belo Horizonte, penso que o edifício serve e servirá para as gerações futuras, não só como memoria arquitetônica, mais também como resgate cultural, é para mim, e penso que para muitos a sustentabilidade se dá como pensamento a futuro – por isso existe a frase celebre onde diz: “deixar para as gerações futuras”, e tudo isto deve estar imbuído num pensamento que não só pensa de forma prospectiva, sino também como uma nova perspectiva que este presente no pensar de uma cultura contemporânea.
Goiânia, 1 de Outubro de 2012.
Arq. Jorge Villavisencio
Bibliografia
BRUAND, Yves; Arquitetura contemporânea no Brasil, Editora Perspectiva, São Paulo, 2008.
FRAMPTON, Kenneth; Historia crítica da arquitetura moderna, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2008.
NIEMEYER, Oscar; A forma na arquitetura, Avenir Editora, Rio de Janeiro, 1978.
OHTAKE, Ricardo; Oscar Niemeyer, Editora Publifolha, São Paulo, 2007.
NIEMEYER, Oscar; Minha Arquitetura 1937-2004, Avenir Editora, Rio de Janeiro, 2002.
UNDERWOOD, David Kendric; Oscar Niemeyer e o modernismo de formas livres no Brasil, Editora Cosac & Naify, São Paulo, 2010.
HEIDEGGER, Martin; Habitar – Construir – Pensar, de Conferencias y Artículos, Ediciones del Serval, Barcelona, {1954}, 2001.
http://jvillavisencio.blogspot.com.br/2011/05/pampulha-o-pensamento-de-visao-moderna.html
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