domingo, 13 de enero de 2013

O sentido da modernidade brasileira.

O sentido da modernidade brasileira.
Arq. Jorge Villavisencio

Ao iniciar o ano de 2013, queríamos dar algumas pinceladas do que representa a arte moderna brasileira, que tem como fundamento a visão de vanguardas, pensamos que é importante relacionar a arte moderna (que como sabemos a arquitetura faz parte das visões artísticas em todos os tempos) com a vida contemporânea. Aproveitamos o livro de Katia Canton “Do moderno ao contemporâneo” de 2012. Trata-se de fazer algumas possíveis reflexões sobre o tema da arte brasileira acima de seus textos, muitos assuntos me chamarem a atenção deste livro, primeiro pelo agradecimento que faz Canton ao seu editor Alexandre Martins Fontes, entendemos isto como empenho de muitos anos de esforço e de acreditar nas suas pesquisas. Segundo em fazer um livro que tenha acesso para as massas populares, não só pelo preço como ela diz: “valor de uma revista” sino pela linguagem simples mais consistente que Canton nos ocupa no seu texto.
CANTON, Katia; Do Moderno ao Contemporâneo, Editora Martins Fontes – terceira tiragem, São Paulo, 2012.

E aqui vão minhas primeiras reflexões: sobre a primeira acreditar nas pesquisas é importante para qualquer pessoa em querer “difundir” seu trabalho em muitos anos de esforço, penso eu que não seria justo para o povo que procura certas formas de cultura que são plasmadas nas artes sejam estas modernas ou contemporâneas, o não conhecer ou pelo menos se informar das formas conexas que tem a arte com a vida cotidiana. Sobre a segunda: e muito “restritivo” obter livros dentro de uma realidade brasileira que tem outras prioridades básicas da vida (mais devo ser correto ao dizer que nestes últimos anos o poder aquisitivo brasileiro tem melhorado – ainda não é o suficiente como queríamos que fosse mais é sensível a uma melhora, apesar de todos das problemáticas socioeconômicas que vive nosso planeta iminente já globalizado), entendemos que escritos como este cumpre com valorações que são sensíveis (claro para quem quiser ver) com nossas formas de vida cotidiana, além claro, de conhecer o processo da iniciação histórica no espaço-tempo nos primórdios artísticos da modernidade . “Nos anos 1960, já dizia o critico brasileiro Mario Pedrosa – a arte é o exercício experimental da liberdade” (Canton, 2012:11).

Como sabemos a modernidade se afirma com a revolução industrial na metade a final do século XIX e perdura durante todo o século XX, mais também a politica influi a sociedade com os pensamentos a partir do ano dos 1917, com a revolução da extinta União Soviética – politica dividida entre o socialismo e o capitalismo.

Sem lugar a duvidas nestes tempos criam novas formas de ver o mundo, já seja pela ”... conter o espirito do tempo, refletir visão, pensamento, sentimento de pessoas, tempos e espaços.” (Canton, 2012:13), mais o que busca é o novo, para isso é necessário “rupturas” nos pensamentos do passado, mais devo ser claro sem esquecer a antiguidade, que serve de base para entender os pensamentos modernos ou contemporâneos. Mais esta ruptura se torna necessário, porque ao final de contas o que procura é a vida com visão “prospectiva”, sem isto se tornaria a vida (expressado nas artes) inconsistente, o produto do “novo” é essencial no pensamento atual. Desta forma nas artes os diversos movimentos modernos se manifestam no abandono dos impressionistas nas academias, na procura de mais liberdade, e assim nascem os pós-impressionistas, os cubistas, o futurismo italiano, etc. O abandono radical das artes realistas fica por detrás, o que procuram são mais “emoções” – lembremos o dito pelo mestre Niemeyer – “a arquitetura tem que emocionar”, faço esta pequena mais simbólica lembrança deste arquiteto que sempre procuro levar o espírito da sua arte através de seus desenhos dentro da cultura brasileira, e claro de aqui a nossa homenagem a Oscar Niemeyer, é gostando o não, sempre será o grande mestre Niemeyer gerador de arte.

Um dos assuntos da Ph.D. Katia Canton nos traz e a ideia do “flâneur” – aquele que transita sem rumo e percebe as entranhas da modernidade, segundo Canton que invento a palavra foi o crítico poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), pensamos que é muito próprio da modernidade a procura da percepção do novo, mais como seria possível conhecer o novo sem entender a promenade (conotação de visão ampla), as diferentes visões e percepções que nos entrega esta ferramenta de visão. Não nos referimos a uma hipótese, mais confirmamos os pensamentos visionários que cada pessoa possa ter com percepções diferentes, não existira pensamento de vanguarda si todos pensássemos igual, o importante são das “diferencias” e o que enriquece os pensamentos na cultura está ligada nas formas como percebemos a arte. A “promenade” na arquitetura tem essa virtude de ordem qualitativa, mais cada um tem sua própria percepção, essa sensibilidade já depende de cada um – e subjetivo, por isso “... é preciso aliar a sensibilidade pessoal do observador, que se torna cada vez mais afiado no próprio exercício da vivencia e observação das obras de arte...” (Canton, 2012:20).

A arte moderna no Brasil vem dos movimentos da Europa e dos Estados Unidos, se situam inicialmente na cidade de São Paulo, estes trazidos pela boa economia que vinha através do cultivo do café, uma burguesia que era crescente nas suas economias, esta sociedade procurava novos sentidos para a vida, e uma delas se deu na arte, proeminentes artistas surgem como o pintor Lazar Sagall (1921-1957), a pintora paulista Anita Catarina Malfatti (1889-1964), o artista carioca Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976), o ensaísta paulista Oswald de Andrade (1890-1954), o escritor maranhense José Pereira da Graça Aranha (1868-1931), o novelista e poeta paulista Mário de Andrade (1893-1945), a pintora capivarense paulista Tarsila do Amaral (1886-1973), dentre outros, muitos destes voltavam de Europa onde rapidamente impulsionarem outras formas de pensar – o modernismo estava presente, todos estes forem precursores da arte moderna brasileira, penso que muitas de formas de pensar (inclusive ate hoje) devemos muito a estes importantes pensadores e artistas modernos.

Para Katia Canton a arte contemporânea “... buscam um sentido, mas o que finca seus valores e potencializa a arte contemporânea são a inter-relações entre as diferentes áreas do conhecimento humano.” (Canton, 2012:49).

Para terminar, como sabemos as diferencias que se da entre o pensamento moderno e o contemporâneo, primeiramente que o pensamento moderno foi um projeto claramente definido que pensamos que se iniciam com a Revolução Francesa no decênio (1789 a 1799) nos seus celebres predicados “Liberté, Egalité, Fraternité”, o “Iluminismo” mudou radicalmente as diferencias entre a antiguidade e a modernidade. O movimento das pessoas marco concreto do moderno, o simbolismo do novo e principalmente do ser racional configuram ate hoje nossas formas de fazer cidades e suas edificações e nas formas do pensar. Mais si pensamos na contemporaneidade, estamos vivenciando numa “provável perspectiva”, algo mais abstrato, sem rumo definido, essa é a incansável procura, são as hipóteses que se irão confirmando o não, como exemplo concreto viver atualmente sem pensar para preservar o “meio ambiente”, e estar fora do pensamento contemporâneo, à sustentabilidade do planeta o exige, já não e uma questão abstrata, é algo concreto, “Quando confrontamos os desafios do século XXI, é a natureza global dos impactos ambientais dos seres humanos que torna imperativo ver todas as pessoas do mundo como nossos parentes. Caso contrário, pouco de nós sobreviverão. Não há ilhas seguras no século XXI.” (Roaf, 2006:21-22), mais penso que virão outras considerações que fazem parte do pensamento moderno e da procura de uma perspectiva contemporânea como da “fraternidade”, algo assim como propõe Sue Roaf como as pessoas do mundo se tornassem parentes, além claro que neste mundo de extremos como da voracidade do capitalismo, faz parte de um individualismo exacerbado, quando sabemos que os pensamentos comuns das grandes massas dos povos fazem que se tenha um equilíbrio, pensar no individual torna-se quase insustentável. Lembremos neste texto que na arte de pessoas como Sagall, Malfatti, Di Cavalcanti, Oswald de Andrade, Graça Aranha, arquitetos brasileiros como Niemeyer, Lelé, Vilanova Artigas, os irmãos Roberto, Lucio Costa, Correa Lima, entre outros, puderem fazer a grande diferença de um projeto moderno claramente definido.

Goiânia, 13 de Janeiro de 2013.
Arq. Jorge Villavisencio


Bibliografia

CANTON, Katia; Do Moderno ao Contemporâneo, Editora Martins Fontes – terceira tiragem, São Paulo, 2012.

ROAF, Sue; Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável, Editora Bookman, Porto Alegre, 2006.

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