miércoles, 26 de julio de 2017

Indagações sobre a metafísica na arte de projetar.
Jorge Villavisencio.

Segundo Maria Aparecida Martins no seu livro “A Nova Metafísica” alguns termos e visões está mudando na maneira de perceber a vida. Conceitos como reorganizar, redimensionar, redirecionar, transformar, modificar ficam como ferramentas de percepção nos novos modos de produção e visão do mundo. Desta maneira pensamos que podem ajudar a ter novos ideais e ideias que no auxiliam na arte de projetar.

Quando definimos a palavra metafísica como substantivo feminino, existem a priori dos conceitos. O primeiro no sentido aristotélico: subdivisão fundamental da filosofia, caracterizada pela investigação das realidades que transcendem a experiência sensível, capaz de fornecer um fundamento a todas as ciências particulares, por meio da reflexão a respeito da natureza primacial do ser; filosofia primeira.

No segundo sentido do filosofo prussiano Immanuel Kant (1724-1804) explica: estudo das formas ou leis constitutivas da razão, fundamento de toda especulação a respeito de realidades suprassensíveis (a totalidade cósmica, Deus ou a alma humana), e fonte de princípios gerais para o conhecimento empírico.

F.01 – Casa Batllo, Barcelona – Antoni Gaudí.
Fonte: Acervo Antoni Gaudí.

Vejamos no primeiro conceito (Aristóteles) que precede de uma “experiência sensível” da natureza do ser. Pensamos que este esta relacionado com a “energia” que cria os átomos seja animal, vegetal e mineral. Porque entendemos que o átomo é a que compõe a matéria. A pesar que o significado do átomo que significa em grego que se diz que é indivisível. Mais hoje sabemos que não é assim, este é divisível em prótons, nêutrons e elétrons. Exemplo caro que: dois átomos de hidrogeno + um átomo de oxigeno é igual a uma molécula de agua.

Desta forma: “com 7 notas musicais, quantas músicas já forem compostas? ; com 26 letras do alfabeto, quantas palavras já foram formadas?; com mais de uma centena de átomos, quantos arranjos (substancias) podem ser feitos?”. (Martins; 2009:9)

Podemos pensar que o significado de composição de direcionar e transformar está presente em todo momento, a natureza viva, que através do tempo muitos arquitetos tem se inspirado para tomar partido arquitetônicas de seus conceitos extraídos do organicismo.

F.02 – Casa Planells, Barcelona – Jose Maria Jujol.
Fonte: Pinterest.

“Embora o organismo tenha surgido nas primeiras décadas do século XX com obras de Antoni Gaudí, Josep Maria Jujol, Frank Lloyd Wright ou Alvar Aalto tenha sido definido com base nas interpretações de Bruno Zevi em mediados do século XX, sua aceitação perdura na atualidade”. (Montaner; 2016:28)

Si bem a “energia” que nos precede e vincula com a natureza como o explica Montaner sua aceitação ainda perdura. Essa força do significado “energia” da palavra grega nos invade com uma potencia, cria atividade, nós da capacidade de realizar um determinado trabalho (projeto) com certa eficácia. Agora o fato de poder transformar esses pensamentos que vem da natureza pode alterar nossos destinos na maneira de viver. Sem duvida a cidade e seus edifícios alteram nossa forma de pensar e de viver.

F.03 – Guggenheim Museum, New York – Frank Lloyd Wright.
Fonte: Associated Press.

“A palavra - Universo - quer dizer isso: uno diversificada, uma mesma energia, porém transformada. E a ciência que estuda a transformações da energia Física, e apropria energia Física também transforma seus conceitos”. (Martins; 2009:13)

F.04 – Casa da Cultura – Alvar Aalto.
Fonte: Flickr user Wotjrk.

A diversidade das cidades e edifícios deve ser de maneira ampla, sempre atendendo o que a população precisa. Que como sabemos nem sempre é atendida a pleno. A transformação de essa energia física indica e pensada de maneira metafórica vincula e transforma a novos conceitos contemporâneos, como exemplos claros na maneira de ver a arquitetura com pensamentos (conceitos) arquitetônicos bioclimáticos, ecológicos, sustentáveis e holísticos.

F.05 – Escola, Bangladesh – Anna Heringer.
Fonte: Kurt Hoebest.

Mas isto não é só de agora si colocamos de maneira ecológica e de suas transformações pensadas no século XIX fundadas por Ernst Haeckel e Charles Darwin, e de pensamento contemporâneo da arquitetura bioclimática de Anna Heringer em Bangladesh, ou de tecnologia socializada de Shigeru Ban.

F.06 – Museu de Arte, Aspen – Shigeru Ban.
Fonte: ArchDaily Brasil.

A segunda parte está relacionada com o pensamento kantiano das formas constitutivas da razão, e da própria especulação, elementos que propiciam o conhecimento empírico do cosmos ou da alma humana. Pensamos que este assunto deve tomar a devida atenção do significado do ser. Tarefa que não e fácil explicar.

“O homem é um ser energético manifestando-se em vários níveis. Se ele tem matéria (corpo físico), consequentemente tem energia. Você não se esqueceu de que a matéria é feita de átomos é os átomos são energia...” (Martins; 2009:19).

Mas o homem tem lados que fazem parte de seu ser: o espiritual (relacionado com Deus), o lado mental, o astral (relacionado com o cosmos), o etérico e o físico. Mas tudo isto de uma maneira do “todo junto”. Pareceria que pensamos todo ao mesmo tempo.

F.07 – Centro Cultural Oscar Niemeyer (2006), Goiânia – Oscar Niemeyer.
Fonte: Divulgação Ascom.

Um dos assuntos que agregam valor (como estratégia) na maneira de projetar edifícios e cidades é de tomar partido todo ao mesmo tempo: o lugar, o programa, a estrutura, a circulação, o volume, a materialidade e a espacialidade. Mas sem duvida cada parte tem que ser analisada com o devido cuidado. Se não se corre risco de tomar um partido sem fundamento. O fundamento se da com o aporte analítico das condicionantes que se nos oferecem.

F.08 – Cidade da Musica (2014), Rio de Janeiro – Arq. Christian de Portzamparc.
Fonte: Mais Arquitetura.

Como exemplo tomaremos os edifícios de ordem cultural: “Pelos caminhos da reflexão, fundamentos na observação de diversos centros e suas programações, supõe-se que eles se enquadram na Cultura de sustentação, destinando-se a um público que possa ter condições mínimas de aproveitamento de suas oferendas, dentro de aquela idéia de – bem possuído. Neste sentido, os espaços culturais, mesmos construídos para divulgar cultura...” (Milanesi, 2003:163).

F.09 – Museu Iberê Camargo (2003), Porto Alegre – Arq. Álvaro Siza.
Fonte: Vitruvius.

Tem edifícios de ordem cultural de maneira contemporânea que dão reflexo imediato e significado aos lugares onde estão inseridos os edifícios dentro da cidade. Aqui alguns exemplos de projetos contemporâneos, como do: Centro Cultural Oscar Niemeyer – Goiânia (2006) – Arq. Oscar Niemeyer, que não só levam espaços culturais, mais também áreas de convivência e de lazer; Cidade da Musica – Rio de Janeiro (2014) – Arq. Christian de Portzamparc, que agrega uma nova ordem ao espaço urbano e de outra maneira de ver a cidade; do belo projeto do Museu Iberê Camargo – Porto Alegre (2003) – Arq. Álvaro Siza, em que se apropria do espaço urbano de expetativas e de expectação como modelo de vinculo espacial; ou do projeto moderno do MASP– São Paulo (1968) – Arq. Lina Bo Bardi, que leva a arte como Museu, fica hoje como um ícone de manifestações populares em São Paulo.

“Uma critica moderna, viva e social e intelectualmente útil, ousada, não serve por isso, apenas para preparar para o prazer estético das obras históricas; serve também sobre tudo para colocar o ambiente social em que vivemos, dos espaços urbanos e arquitetônicos dentro dos quais se passa a maior parte dos nossos dias, a fim de que os reconheçamos – saibamos vê-los”. (Zevi, 2009:200).

F.10 – MASP (1968), Porto São Paulo – Arq. Lina Bo Bardi.
Fonte: Tempo Integral.

Para terminar, gostaríamos de colocar esta citação: “Existe uma conexão pensamento-realidade, muito sutil, mas muito forte. Você esta recordando que, quanto mais sutil a energia, mais forte ela é”. (Martins; 2009:47).


Goiânia, 26 de julho de 2017.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.


Bibliografia:

MARTINS, Maria Aparecida; A Nova Metafísica: a visão que temos nós mesmos está mudando, Centro de Estudos Vida & Consciência Editora, São Paulo, 2009.

MONTANER, Josep Maria; A condição contemporânea da arquitetura, Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2006.

MILANESI, Luis; A Casa da Invenção, Ateliê Editora, Cotia, São Paulo, 2003.

ZEVI, Bruno; Saber ver a arquitetura, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2009.


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