Jorge Villavisencio.
Ao escrever este breve texto sobre arquiteta japonesa Kazuyo Sejima penso que possa ser relevante e inspirador na maneira de ver a arquitetura contemporânea. Mas sem dúvida tem caraterísticas peculiares de ver o espaço designado, onde trataremos de alcançar da maneira como projeta seus edifícios.
Num primeiro momento pensamos que se trata de uma arquitetura onde parece que suas influencias estão dedicadas a este tipo de arquitetura de índole abstrata, mas Sejima explica que a intenção de projetar seus edifícios está relacionado para que o “espaço este aberto para a cidade”.
SJ.01 – Pavilhão Serpentine Gallery (2009) Londres, arquitetos Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa (SANAA)
Fonte: El Croquis – Fotografia de Hisao Susuki.
Para Mohsen Mostafavi explica sobre o trabalho principalmente do escritório de arquitetura: “SANAA não inicia seus projetos como a imagem do edifício, mas bem que pudesse descrever como um período de descobrimento. Se opõe a uma resistência deliberada da imagem visual, e todo seu comprometimento está ligado as preexistências ... o desejo de seus clientes, as caraterísticas e qualidades do lugar, é a seus próprios interesses.”
(Marquez, 2010:90)
Pensamos sobre o dito por Mostafavi, primeiro que existe sim uma procura pela “descoberta” na própria pesquisa e intensão projetual. Segundo que o lugar incide muito na decisão projetual do partido arquitetônico, além que as preexistências tanto urbanas como dos edifícios do entorno imediato ou edificações que estão mais longe advém a essa tão esperada integração com o espaço. Terceiro a atenção esmerada para com seus clientes, que na realidade são as expectativas do que eles querem.
Discorrer sobre o escritório da SANAA é falar sobre os arquitetos japonês Kazuyo Sejima (1956-) e Ryue Nishizawa (1966-), ambos fundam seu escritório no ano de 1995. Mas também participam com outros escritórios de arquitetura de forma individual.
Kazuyo Sejima, nasce em Ibakari, Japão no ano de 1956, no ano de 1981 graduasse na Universidade de Mulheres do Japão, nesse mesmo ano entra a formar parte da equipe do renomado arquiteto japonês Toyo Ito. Foi professora na Universidade de Keio em Tóquio (2001-). Professora convidada da Escola Politécnica Federal de Lausanne na Suíça (2005-2006), e na Universidade de Princeton no Estados Unidos (2005-2008). Através de seus trabalhos teve diversos prêmios, mas destacamos o Prêmio Priztker no de 2010 em conjunto com o arquiteto Ryue Nishizawa.
SJ.02 – Centro Universitario Rolex (2005-2010) Lausanne, Suiça, arquitetos Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa – SANAA.
Fonte: El Croquis – Fotografia de Hisao Susuki.
“Diagramas e Energias: Assim Como se anunciava no final da década de 1980 e no princípio dos anos de 1990, uma das linhas contemporâneas que se tornou predominante tem sido da arquitetura de diagramas, teorizada por volta de 1990 por Anthony Vidler, Robert Samol, entre outros, e realiza de modo diverso nas obras dos ateliês como de Kazujo Sejima, Zaha Hadid ou Un Studio. Este novo surgimento dos diagramas de energias foi produzido após a idade de ouro da crítica e da teoria da arquitetura das décadas de 1960 e 1970 e recuperou a linha experimental e vitaliza do expressionismo alemão de Paul Sheerbart e Bruno Taut”.
(Montaner, 2016:86)
Sobro isto, pensamos que Sejima ao ter trabalhado nos anos de 1980 com o arquiteto Toyo Ito (1941-), influencia a Sejima, com o tema da consciência da energia – transparência, translucides, luz natural e deslocamento horizontal e vertical entre outros.
São muitas obras de Sejima e Nishizawa que queríamos dar a conhecer, mas temos adotado três obras que podem ser significativas, como é o Centro Universitário Rolex da EPFL., o Conjunto de Apartamentos Okurayama e o Edifício Toyota Aizuma.
O projeto dos arquitetos Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa da SANAA do Centro Universitário Rolex da EPFL. (2005-2010), encontra-se na cidade de Lausanne na Suíça, o programa do edifício contempla uma biblioteca, salas de usos multiples, escritórios, cafetarias e um restaurante.
Fonte: El Croquis – Fotografia de Hisao Susuki.
Pensamos que este edifício de uma só planta se encontra bem aberta para a cidade – a valorização do vazio, desta forma integra o espaço exterior com o interior. Poderíamos pensar de um edifício do tipo hibrido que dá preferencia aos frequentadores, tanto que os espaços para a conivência se tornam fundamentais, pelos menos é o que indica seu programa, na ocupação dos espaços destinados para de cafetaria e restaurante, claro além do uso especifico da biblioteca e sala de usos multiples.
SJ.04 – Centro Universitario Rolex (2005-2010) Lausanne, Suiça, arquitetos Kazuyo Sejima e Ryue Nishizawa – SANAA.
Fonte: El Croquis – Fotografia de Hisao Susuki.
Consideramos importante destacar que todos seus espaços são de uso continuo deixando a planta baixa do térreo de 166 x 121 metros.
Existe uma sutileza nos seus elevados que entregam a essa permeabilidade espacial. Algo sinuoso com uma harmonia que faz que os elementos de luz e sombra sejam valorizados, além da topografia do lugar com inclinações suaves que sobem e descem.
“Também vale notar que a ênfase contemporânea em membranas leves, texturadas disponibilizadas pela produção digital teve o efeito de – estetizar – completamente a membrana”. (Frampton, 2000:455)
Os Apartamentos Okurayama (2006-2008) em Yokohama, Japão da arquiteta Kazuyo Sejima, está perto da Estação de trem de Okurayama. O edifício abriga nove apartamentos de aproximadamente 50 m2.
Tem uma área central como espaço integrador de 450 m2. Pensamos que este espaço seja o integrador das pessoas a própria convivência, espaços desta natureza faz que a humanização prevaleça, consideramos que a arquitetura contemporânea procure isso.
SJ.05 – Apartamentos Okurayama (2006-2008) Yokohama, Japão, arquiteta Kazuyo Sejima.
Fonte: El Croquis – Fotografia de Hisao Susuki.
“A ideia é de criar uma serie de lares superpostos. Jardins e habitações se misturam de forma confortável ...a atmosfera das unidades habitacionais seja aberta e luminosa, onde se conecta com as áreas verdes, o que amplia o campo de ação dos moradores em toda sua implantação”. (Marquez, 2010:90)
É importante ressaltar que os apartamentos variam em seus diversos níveis deixando espaços abertos com pequenas áreas verdes nas plantas superiores, além dessa valorização dos cheios e vazios assim com a continuidade espacial que formam parte caraterística de Sejima.
SJ.06 – Apartamentos Okurayama (2006-2008) Yokohama, Japão, arquiteta Kazuyo Sejima.
Fonte: El Croquis – Fotografia de Hisao Susuki.
“Contudo, em geral, quando o planejamento urbano é posto em causa, as considerações estéticas são relegadas para o segundo plano”.
(Tietz, 2008:67)
Pensamos que o projeto de Okurayama, tem essa caraterística indicada por Tietz, o importante não é o edifício mais sim o espaço exterior que o circunda (paisagem urbana), é isso só se consegue com a permeabilidade espacial que o edifício cria diálogo com o urbano.
O Edifício Toyota Aizuma (2006-2010) em Aichi, Japão da arquiteta Kazuyo Sejima, na realidade o uso do edifício é um centro comunitário para a cidade de Aichi, devemos indicar que a geografia de Aichi prevalece nos seus arredores de montanhas e arrozais.
SJ.07 – Edifício Toyota Aizuma (2006-2010) Aichi, Japão, arquiteta Kazuyo Sejima.
Fonte: El Croquis – Fotografia de Hisao Susuki.
O edifício tem varias plantas, e cria em certos pontos balanços e terraços. O programa inclui generosos espaços multiusos, divididos em sua maioria por vidros em forma ondulada, penso que desta forma os ambientes ficam mais suaves, algo assim, como de dar continuidade espacial no seu interior.
Também existe uma relação do edifício que estar em todo momento com o espaço exterior, como tínhamos dito, “a relação com a cidade”, o dialogo com o espaço da cidade.
SJ.08 – Edifício Toyota Aizuma (2006-2010) Aichi, Japão, arquiteta Kazuyo Sejima.
Fonte: El Croquis – Fotografia de Hisao Susuki.
Por último pensamos que a uma intenção de celebrar o espaço vazio, o relacionamento do dialogo espacial com a cidade e o edifício, uma preferência nas questões do objeto abstrato, as experiências com o diagramas e energias, a valorização dos elementos de luz e sombra, permeabilidade espacial e as conexões com as áreas verdes, são algumas das características na maneira de projetar a arquitetura de seus edifícios.
Goiânia, 9 de dezembro de 2017.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.
Bibliografia:
MONTANER, Josep Maria; A condição contemporânea da arquitetura, Editora Gustavo Gili, Barcelona, 2016.
MARQUEZ, Cecilia Fernando; Revista El Croquis: SANAA 2008-2011, Número 155, El Croquis Editorial, Madrid, 2010.
FRAMPTON, Kenneth; História da Crítica da Arquitetura Moderna, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2015.
TIETZ, Jürgen; História da Arquitetura Contemporânea, Ed. H.F.Ullmann, Tandem Verlag GmbH, 2008.
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