Jorge Villavisencio.
A através do tempo e do espaço a arquitetura e o urbanismo nas cidades tem recolhido várias formas de percepção dos comportamentos das sociedades. Dentre destes o “medo” influi no só os comportamentos das pessoas, mais também na maneira que os arquitetos projetam suas cidades e seus edifícios.
O jornalista e cientista político norte-americano Corey Robin no seu livro (2004) “Fear: The History of Political Ideas” – traduzido em espanhol por Guillermina Cuevas Mesa com titulo “El miedo: Historia de una idea política” feito na cidade de México pela editora do Fondo de Cultura Economica de 2009.
A idéia deste ensaio e de fazer no só e de fazer um analise do explica Corey Robin, mais também alguns aspectos que são pertinentes segundo nosso ponto de vista deste fato atinge diretamente a sociedade, que de alguma forma modifica “intensamente” nossa maneira de pensar e de atuar.
F1. Imagem de N. Andry – A ortopedia e a arte de prevenir e de corrigir aos meninos das deformidades corporais de 1749.
Fonte: Foucault (2009)
Para nos que investigamos a vida arquitetônica dos edifícios-hospitais, o medo esta presente em todo momento, não só pelo fato das enfermidades que atingem aos pacientes, finalidade de cuidar a saúde das pessoas que precisam da medicina.
Mais o hospital deve estar preparado para cumprir com as necessidades espaciais. Penso que devemos deixar de forma mais clara: como isto acontece?
Os enfermos (doentes) vão nestes nosocômios para cuidar da saúde, mas as enfermidades podem acontecer de duas maneiras. A primeira de forma endógena que se produz pela mesma flora do paciente, que é obrigação da medicina e do corpo médico resolver esta problemática. A segunda é de forma exógena que acontece dentro dos espaços dos hospitais, produzido pela contaminação intra-hospitalarias, este é responsabilidade dos arquitetos que projetam esta tipologia de edifícios. Entendemos, sejam de forma endógena ou exógena o medo está presente em todo momento, em especial de poder resolver a “espacialidade” da arquitetura para que não se produzam a contaminação/infecção dos ambientes nos hospitais, ou pelo menos minimizar esta problemática.
(Karman, 1978; Bicalho, 2010; Alatrista, 2008; Góes, 2004)
Penso, que resolver a totalidade da contaminação/infecção dos espaços hospitalares e uma tarefa quase impossível – mais minimizar é sim possível. Tanto assim que as Comissões de Controle dos hospitais de grande porte, tem-se preocupado em poder resolver esta problemática dentro dos ambientes e dos procedimentos para tratar aos pacientes.
Segundo Michel Foucault no conceito do “panotismo” (panóptico) regulamentado no século XVIII as medidas que se tinha que adotar ao se declara a peste de uma cidade. “Em primeiro lugar a divisão espacial do “fechamento” da cidade e a proibição de sair da zona baixo a pena de morte, sacrifício de todos os animais errantes; divisão da cidade em seções diferentes no que estabelece o poder de um intendente – autoridade de um sindico ...este espaço fechado, recortado, vigiado em todos seus pontos os indivíduos encontra-se inserido num lugar fixo, que nos menores movimentos onde estão controlados em todos seus acontecimentos ... Prescreve a cada um seu lugar, a cada um seu corpo, a cada um sua enfermidade e sua morte ...não a mascaras que se colocam e se quitam, a assinação do “verdadeiro”, nome de seu verdadeiro, lugar do seu verdadeiro, corpo de seu verdadeira enfermidade. Más a divisão massiva e binária entre uns e os outros, apela a separação das distribuição individuais, a uma organização em profundidade das vigilâncias e dos controles...” (Foucault, 227-230).
Todo isto que nos explica Foucault nos leva pensar que nas teorias do medo, por quere alcançar certa segurança nas maneiras de desenvolver nossas vidas, suas cidades, seu edifícios com certo controle, convicto pela própria vigilância das organizações pertinentes. O medo relacionado diretamente com a segurança, projetos como os de Bentham nas casa das feras Le Vaux construído em Versalhes. Os sintomas do medo na observação das pessoas e dos animais inspiram a Bentham. Desta forma a geometria determina como instrumento físico da arquitetura e atua diretamente sobre as pessoas “da ao espírito – poder sobre o espírito”.
F2. Projeto de Bentham
Fonte: Foucault (2009)
Sem jerarquia social, sem vínculos genuínos de afeto a contento, homens e mulheres perderem a seguridade neles mesma e no seu entorno urbano “a duvida apodera-se das regiões mais altas da inteligência e paralisa todas as demais” (Robin, 2009:164). Não se encontra nada que controle seus impulsos e desejos; nada de contento, significado e direção de seus atos, mais bem uma planície vasta e aberta a todo e nada é possível.
Do medo ao terror e ansiedade: Em muitos aspectos, o segundo volume de “La democracia en América” de Tocqueville segue os passos de Montesquieu no “Espiritu de la leyes”. Como Montesquieu contra Hobbes, Tocqueville considera o medo como uma inseguridade que flutuava livremente, mais com uma percepção focada no prejudicial, e fora de todo componente moral.
Porque o cambio do medo ao terror? Em parte deste contexto. Criar uma ordem política depois de Luis XIV não era o mesmo reto dos franceses e dos ingleses. Si bem e certo Montesquieu trato de imaginar um estado da natureza, como diz nas primeiras paginas do “Espiritu de las Leyes”, apenas armo oito partes breves ao respeito. Na mesma brevidade na sua explicação sugere a imutabilidade de sua imaginação política de sua época ante o espectro da guerra cível. “Montesquieu recorre ao medo como parte de sua política”. (Robin, 2009:109).
F3. Livro “El miedo: Historia de uma idea política” (2009)
Fonte: Corey Robin
Com a crise nos Estados Unidos de Norte America nos inícios do século XXI, forem unos anos de crise, e para os expertos foi como um alivio bem recebido. Coisa que nos não concordamos. Mais a historia na pesquisa feita de Corey Robin é isso. Si bem os comentaristas acusarem a esquerda radical de aclamar os ataques de 11 de setembro como um caso de “los pollos llegan a casa a rostizarse” (Robin, 2009:294), o quartel principal se sentia em plena euforia nos médios dominantes. Quase imediatamente depois dos seqüestradores derribarem o WTC, jornalistas e escritores aproveitarem os acontecimentos do dia seguinte para comentar o miasma cultural e o materialismo decadente dos Estados Unidos. “Maureen Dowd escreveu que o 11 de setembro colocou ao descoberto a cultura narcisista *eu-nois* dos anos noventa, quando nascidos depois da segunda guerra mundial”. (Robin 2009:295).
Sem duvida Corey Robin argumenta que o medo como repressão política e muitos mais comuns nos Estados Unidos do que gostaria crer; trata-se de um medo nas ameaças contra a seguridade física e o bem estar moral da população frente as elites que se posicionam como protetoras, o bem, o medo, se sentem poderosos ao respeito dos menos poderosos e vice-versa. Estes tipos de medo – o primeiro une a nação – o segundo a divide e se reforçam mutuamente e as elites combinam e coletam as forças. O medo coletivo ao perigo distrai o medo entre as elites e as classes baixas, e dão a estas mais razões para temer as primeiras. “O fim a obediência e a proteção, escreveu Hobbes ao referir na proteção que brindam os estados contra os ataques externos e a anarquia local”. (Robin, 2009:309)
Mais precisamente o medo muda nossas formas de pensar, num primeiro momento pensamos que nos destrói e nos altera nossa forma normal e racional de pensar e atuar. Mais podemos perceber que o medo também nos “motiva” para endireitar nosso pensamento, de uma forma mais racional e moral. A pesquisa de Corey Robin que é mais histórica, nos levam a uma reflexão das possibilidades (assim penso – nem por isso tem que concordar) de ter a favor do “medo” que é nada menos uma forma de defesa e de precaução, antes fatos que podem acontecer.
Na arquitetura dos hospitais, como explicamos na parte inicial deste texto a “prevenção” é uma fonte de defesa ante o “medo”, ante qualquer acontecimento, nos fortalece para que não se perca o controle como o explica Foucault, o medo nos altera emocionalmente, mais nos leva a redirecionar nossos pensamentos, para um “poder” muito maior de repensar nossas atitudes, do o que é relevante para nossas ações do dia a dia.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.
Bibliografia:
ROBIN, Corey; El miedo: Historia de una idea política, Editora Fondo de Cultura Económica, México, 2009.
FOUCAULT, Michel; Vigilar y castigar: nacimiento de una prisión, Siglo XXI editores, s.a. de c. v., México, 2009.
BICALHO, Flávo; A arquitetura e a engenharia no controle de infecções, Editora Rio Books, Rio de Janeiro, 2010.
ALATRISTA, Celso & Socorro; Programa Médico Arquitectónico para Diseño de Hopsitales Seguros, SINCO editores, Lima, 2008.
GÓES, Ronald; Manual prático de arquitetura hospitalar, Editora Edgar Blücher Ltda., São Paulo, 2004.
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