Jorge Villavisencio.
Desde os tempos remotos da humanidade o ser humano está integrado com o uso da terra como elemento fundamental para sua supervivência, e da capacidade de utilização para a construção de seus edifícios de diversos usos, e da suas cidades.
Este texto que trata sobre o uso do tijolo cerâmico e de suas diferentes tipologias tem uma relação direta com a arquitetura, sempre foi assim, talvez neste escrito possamos fazer uma critica de sua capacidade de uso ou da utilidade nas diversas tecnologias que forem aplicadas através do espaço e do tempo. O texto consta de duas partes a primeira algo mais tecnologia dentro do que foi pensado por Milito, Dafico e Hirschfeld, e a segunda parte algo mais reflexiva espacialmente dentre dos pensamentos de Graeff, Montaner e Diez.
F.01 – Mies van der Rohe (1926) – Monumento a Liebknecht e Luxemburgo.
Fonte: Revista Summa+, 2014.
Mais devemos deixar claro, que a o uso do tijolo está aplicado dentro das tecnologias construtivas, está é, que as “condicionantes” que são utilizadas na arquitetura a “tecnologias” faz parte da nossa realidade em fazer arquitetura. Condiciona o uso dos materiais como elemento construtivo, e inclusive hoje, a forma correta e contemporânea de pensamento e de antes de realizar determinado projeto que está em mente, fica a arquitetura muito condicionada na “escolha dos materiais” que serão aplicadas nas suas obras.
No Brasil a alvenaria e de seus fechamentos os “tijolos de barro ainda são muitos utilizados em obras residenciais, e são de boa opção para alicerces, paredes de vedação e pequenas construções com estrutura até cinco pavimentos. Existe o modelo maciço de forma retangular de 5 x 10 x 22 cm., chamado de comum, e de 9 x 9 x 19 cm., com medidas maiores que o comum, mas com vários orifícios, chamado de baiano. Com relação ao isolamento térmico e acústico, os tijolos maciços são mais eficientes, bem como sua durabilidade, o que torna mais resistente”. (Hirschfeld, 2005:50)
F.02 – Eladio Dieste – A sociedade do tijolo.
Fonte: Revista Summa+, 2014.
Para Henrique Hirschfeld que faz de maneira resumida o uso do tijolo cerâmico ou de barro, vemos que trata em primeiro lugar de “pequenas residências”, mais não e assim, o tijolo pode ser utilizado em qualquer tipo de obra seja esta de habitação unifamiliar ou coletiva, como das diferentes tipologias que tem a arquitetura basta só lembrar o livro do “Edifício” de 1986 do emérito arquiteto e professor Edgar Albuquerque Graeff donde trata das diferentes tipologias que pode ter a arquitetura. O segundo ponto do isolamento térmico, isto é importante por quanto o tijolo que é feito de matéria prima o barro da terra, se adrede bem a esta condicionante, ameniza a intensidade da condicionante da isolação, mais devemos dizer que também retém o calor por varias horas, inclusive dependendo do lugar, em especial nos trópicos fica o calor retido ate a noite. E por ultimo o terceiro ponto sobre a acústica por experiência própria em alguns momentos temos utilizado o tijolo maciço até em parede dupla, deixando um vazio (ar) no meio como tratamento acústico, e seu comportamento tanto nas paredes de vedação externa e interna tem dado bons resultados.
Para Dafico o tijolo cerâmico “Tijolos ou blocos vazados são pecas de alvenaria que apresentam furos ou canais paralelos a qualquer um de seus eixos. Bloco de vedação são blocos para paredes de vedação, suportando seu peso próprio em pequenas cargas. Bloco portante ou estrutural é o destinado a execução de alvenaria estrutural. Sua composição: são geralmente fabricados com argilas ricas em ilita (taguá) composta com argilas ricas em montmoritonita. Sua fabricação: a massa é estudada com umidade em torno de 25%. A coluna extrudada passa por um cortador automático (fios de arames fortemente distendidos), obtendo-se a peça na dimensão correspondente perpendicular aos furos. Após a conformação, o produto é secado e a seguir cozido a cerca de 95°C.
No caso dos tijolos cerâmicos maciço são produzidos normalmente com argilas de granulométria fina, com grandes quantidades de matéria orgânica se apresentando com composição de caulinita, ilita e ou montmoritonita, rica em ferro e álcalis. Sua fabricação: o tijolo maciço, ainda predominante no Brasil, é moldado manualmente através de uma massa muito mole (umidade entre 30 e 40%). O produto é seco ao sol e, a seguir, queimado a uma temperatura de 800 a 900°C. Se utilizássemos em procedimento semimecanizado para a produção desse tijolo, sua qualidade atingiria níveis aceitáveis, com resistência mecânica bem elevada. Na moldagem em prensas manuais, podemos trabalhar com massa na umidade máxima de 25%, garantindo maior ganho de resistência e aumento de produtividade, alem de reduzir defeitos provenientes da moldagem manual com massa mole”. (Dafico , 1999:1003-106).
Sem duvida para José Dafico a produção de tijolos cerâmicos maciços ou furados tem um significado muito técnico na sua produção, no qual acho que deva existir um alto controle de qualidade para sua produção, mais ainda hoje que existe uma normatividade em na produção de tijolos.
F.03 – Francisco Cadau e Andrea Lanziani – Vazados e Estriados.
Fonte: Revista Summa+, 2014.
Para Milito diz “que o tijolo comum (maciço, caipira) são blocos de barro comum, moldado com arestas vivas e retilíneas, obtidos após a queima das peças em fornos contínuos ou periódicos com temperaturas da ordem de 900 a 1000°C. O tijolo cerâmico furado (baiano) ou vazado, moldados com arestas vivas e retilíneas. São produzidos a partir da cerâmica vermelha, tendo como conformação obtida através de extrusão. A seção transversal destes tijolos é variável, existindo tijolos com furos cilíndricos e com furos prismáticos”. (Milito, 1998:59-60)
As alternativas na sua produção como explica José Milito, tem uma gama de possibilidades segundo o modelo o tipo de obra, consideramos importante por quanto o poder tipológico da arquitetura onde será aplicado na obra poderá ter a alternativas necessárias, está é, que a modulação prevista para determinada obra poderá ter menos desperdício em sua modulação, é menos desperdício está vinculada ao fato da sustentabilidade.
Tanto, Hirschfeld, Dafico e Milito tem um basto conhecimento tecnológico na produção de tijolos cerâmicos como temos apreciado nas citações, mais considero importante agregar, que hoje no mundo contemporâneo a arquitetura e seus usos de materiais está vinculado a conscientização da natureza como o explica Josef Maria Montaner “Uma arquitetura conciliada com a natureza deve estar associada não somente a processos como reciclagem ou a economia de energia, as também a outras questões –chave ...não há sentido em uma arquitetura pretensamente ecológica que elimine o que já existe no ambiente nem se insere na malha urbana. A chave não está nunca no edifício em si, mas em sua adequada relação com seu entorno, com as camadas do existente” (Montaner, 2013:167).
F.04 – Gabinete de Arquitetura: Solano Benítez, Gloria Cabral, Alberto Marinoni e outros – Centro de Reabilitação Infantil da Teletón.
Fonte: Revista Summa+, 2014.
Para Fernando Diez explica que “... o primeiro ato da arquitetura consiste em cavar um poço de terra, onde o espaço do poço é o primeiro espaço delimitado. Segregando do grande espaço continuo da superfície. Naturalmente que este espaço reclama uma segunda ação: o que fazer com a terra extraída. Na técnica elementar da trincheira, a terra extraída coloca-se como um montículo ao lado do poço, melhorando sua altura do lado desejado. Porem este montículo pode ter inclinação natural do talude da terra. A tradição construtiva foi encontrada maneiras de melhorar o uso da terra, que pode ser compactada ou socada, porém em transformar em adobes em peças empilhadas... Essa pequena historia imaginária sobre a origem do muro serve para voltar a refletir sobre a proximidade entre o solo e o tijolo. O segredo da forma do tijolo encontra-se em sua regularidade geométrica e sua maleabilidade. Pequeno, pode ser transportado e colocado com facilidade. Caso lhe seja adicionado paciência, a pequena peça pode dar forma a enormes massa”. (Diez, 2014:78).
F.05 – Ventura Virzi arquitetos – Encaixado.
Fonte: Revista Summa+, 2014.
Penso agora no Tratado neste conceito vitruviano da “solides” serve como aprimoramento das essências da arquitetura em dar-lhe a “seguridade” na obra, a sua vez dar lhe maleabilidade espacial, que algo nossos arquitetos nos seus projetos procuram, uma constância que está na procura de uma forma que permita a sua vez ter seguridade construtiva na forma em que foi pensado, mais na sua vez ter capacidade espacial de reflexão.
Goiânia, 23 de Novembro de 2013
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.
Bibliografia
MILITO, de José Antonio; Técnicas de construção civil e construções de edifícios, Ed. PUC-Campinas, São Paulo, 1998.
HIRSCHFELD, Henrique; A construção civil fundamental: Modernas tecnologias, Ed. Atlas, São Paulo, 2005.
MONTANER, Josef Maria; A modernidade superada: Ensaios sobre arquitetura contemporânea, Ed. Gustavo Gili, São Paulo, 2012.
DAFICO, Alves José; Materiais de construção, Ed. Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 1999.
GRAEFF, Albuquerque Edgar; Edifício, Ed. Projeto, São Paulo, 1986.
Revista SUMMA+, Edição No. 137 (em português), DIEZ, Fernando; Tecido e Solidez, pp.78-80, São Paulo, 2014.
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