lunes, 27 de agosto de 2012

Le Corbusier: e suas propostas de cidades

Le Corbusier: e suas propostas de cidades
Arq. Jorge Villavisencio

Si bem e certo que Le Corbusier (1887-1965) teve influencias no mundo todo, talvez um dos arquitetos autodidata mais importante do século XX. No caso de Sul América onde ele esteve no primeiro tercio do século passado (1929 – sua primeira vez) crio um “entusiasmo” através do Esprit Nouveau na arquitetura e o urbanismo para estes povos, claro em especial aos arquitetos que procuravam outras formas de projetar, como sabemos Le Corbusier esteve no Brasil, Argentina e Uruguai, que na realidade ele não fez grande quantidade de projetos, mais alguns deles como a coordenação da obra do Ministério de Educação e Saúde (época do Ministro Gustavo Capanema – 1936-1937) ou na casa feita para o médico argentino conhecido como a Casa Curutchet (1949-1953), que sem duvida marcarem seus trabalhos em definitiva nesta parte do continente Americano. E inclusive fez algumas propostas de estudos urbanos para as cidades de Rio de Janeiro e São Paulo.

Fonte: Instituto Le Corbusier – Projeto de cidade para São Paulo em 1929.
(Publicado no jornal a Folha de São Paulo – 22/08/2012)

A ideia deste texto é de levar algumas reflexões de Le Corbusier, aproveitando a exposição que será realizada (ver nota embaixo) das propostas de como para ele deveriam ser a cidades no futuro.

Segundo Lewis Mumford (1895-1990) no seu livro A Cidade na Historia no capitulo sobre o mito das megalópoles onde diz: “Esse mundo metropolitano é, portanto, um mundo onde a carne e o sangue são menos reais que o papel, a tinta e o celuloide. É um mundo em que as grandes massas humanas, incapazes de ter contato direito com os meios de vida mais satisfatórios, passam a viver por procuração, ora como leitores, ora como espectadores, ora como observadores passivos. Assim vivendo, ano após ano, de segunda mão desligados da natureza que esta fora deles e não menos desligados da natureza que está fora deles e não menos desligados da natureza íntima, não admira que se afastem cada vez de suas funções da vida, até mesmo no pensamento, para que as maquinas que seus inventores criaram. Naquele ambiente desordenado, apenas a maquina tem uma parte dos atributos da vida, ao passo que os seres humanos são progressivamente reduzidos a um feixe de reflexos, sem impulsos próprio de saída...” (p.663).

Como vemos é evidente que as cidades tomarem outros rumos, claro estes produzidos pela Revolução Industrial, a maquina como elemento de apoio para subsistência da vida, devemos entender que os avances tecnológicos eram o suporte ou pelo menos se achava que era o ideal, mais sem duvida o poder do capitalismo era e é atualmente o que comanda as decisões das pessoas, o poder do capital esta tão arraigada no pensamento contemporâneo, talvez seja algumas das formas de como somos e aonde vamos, mais consideramos que não e todo, tem outras essências nas espacialidades arquitetônica e urbana que estão aparecendo como alternativas – como exemplo os princípios da “sustentabilidade” que é uma temática que ainda temos que desvendar novos paradigmas, claro esta como visão “prospectiva”, não tem como no ser assim.

Fonte: Instituto Le Corbusier – Projeto de cidade para Rio de Janeiro em 1929.
(Publicado no jornal a Folha de São Paulo – 27/08/2012)

Quando Mumford faz ver que “somos incapazes de ter contato direito com os meios de vida mais satisfatórios”, talvez esta reflexão queira nos levar ao aprofundamento das capacidades humanas de ser mais ativos nas nossas ideais de fazer cidades de forma combativa e atuante, e não por meio de “procuração”, estar a mercê dos outros (políticos), quando a verdade a participação de todos no processo de construção das cidades, mais quando falamos de combativos – pode ser entendido como cobrança por parte dos outros, mais si as decisões do contexto sejam participantes (todos) se cria-se consensos que olham para solução das problemáticas que fazem parte da construção de cidades, e claro das produções e produtos do estudo do urbanismo.

Fonte: Le Corbusier – livro Por uma Arquitetura (Editora Perspectiva, São Paulo, 2009)
Loteamento Ortogonal de Le Corbusier.

Mais para Le Corbusier em seu livro Mensagem aos Estudantes de Arquitetura onde diz: “Já temos que preparar uma sinfonia: lei do sol, lugar, topografia, escala de projetos; circulação exterior, revelando a atitude da obra; circulação interna; infinitos recursos das invenções técnicas atuando, eventualmente, de acordo com os meios tradicionais; finalmente, a introdução de novos materiais e preservação de materiais eternos...” (p.47)

Em efeito como bem nos explica Le Corbusier, tem que ter uma harmonia das partes, como bem se sabe com o estudo das partes podemos entender a posteriori o todo, cada parte faz parte do processo, com está conotação do “infinito”, e das diferentes variantes que nos da o lugar, não e possível corresponder a diversos lugares em uma mesma dimensão, porque existe um processo constitutivo na mesma essência espacial do lugar, as regionalizações tantas vezes ditas por Frampton – mais sem duvida as essências do ver o todo como pautas em harmonia com as condições e necessidades das pessoas, respostas que são necessidades básicas, a construção dos espaços feitos pelos arquitetos e urbanistas se iniciam no mesmo debate das partes, posteriormente a “invenção” que são recursos de estes profissionais como elemento do processo projetual. Seria mais o menos como de contar um programa de necessidades sem que se tenha discutido as precisões que são necessárias, faltariam ambientes a ser construídos, estariam falhos, por isso os debates são necessários para que se possam vislumbrar as partes, e claro como tínhamos dito a arte e a técnica como oficio, talvez Le Corbusier se refira nas questões da “preservação de materiais eternos”.

Fonte: architectureandurbanism - Cité Industriaelle (1917) de Tony Garnier

As percepções das cidades modernas tiverem e terão sempre contradições, alias faz parte do convívio do urbanismo, “Embora Une Cité Industriaelle só tinha sido publicada em 1917, a contribuição dada por seu autor ao urbanismo contemporâneo já começava a ser reconhecida em 1920., quando Le Corbusier publico material de fólio da Cité na revista purista L´Esprit Nouveau” (Frampton, 2008:121)

A proposta de Tony Garnier (1869-1948) para esta cidade industrial, trabalho que realizo para conclusão do curso, o projeto de pensamento “utópico” (como sabemos este pensamento utopistas se consolida na Carta de Atenas no CIAM no ano 1933) além, claro do uso do concreto armado em grande escala, na proposta existe uma “setorização” que se torna a posteriori uma maneira de ver as cidades, com setores bem definidos como áreas exclusivas para habitação, lazer, cultura, administração da cidade, comercio, industrial, etc. E só lembrar da cidade de Brasília esta construída na metade dos anos 50 do século XX.

Si bem e certo os utopista (onde é possível) pensarem que o automóvel seria o elemento principal na proposta (este claro no deslocamento entre os diferentes setores da cidade) esquecendo um pouco das pessoas que transitam sem neste meio de transporte, por onde consideramos que a melhor maneira é através de um “transporte publico eficiente”, assunto que seria fundamental para o movimento das pessoas, porque lembremos que uma das caraterísticas da vida moderna está no “movimento”. Mais os utopistas criarem uma forma moderna de criar espaços (setores) que se definem pelo mesmo uso que está aderido.

Por ultimo, como tínhamos dito anteriormente, as cidades sempre existirá problemáticas, faz parte do viver e conviver das mesmas e corresponde aos arquitetos e urbanistas presentar outras “alternativas” de solução. Mais hoje não só estes profissionais irão a dar as possíveis respostas ou soluções, sino através das equipes multidisciplinares nas diferentes áreas de atuação, temos que nos acostumar a trabalhar mais em equipe, mais depois das exposições e debates, em especial com o povo que são os usuários das cidades (parte fundamental para o sucesso o não das cidades), corresponde aos arquitetos e urbanistas efetuar os desenhos pertinentes.

Goiânia, 27 de Agosto de 2012.
Arq. Jorge Villavisencio


Bibliografia:

MUMFORD, Lewis; A Cidade na Historia, Ed. Martin Fontes, São Paulo, 2008
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LE CORBUSIER; Mensagem aos Estudantes de Arquitetura, Ed. Martin Fontes, São Paulo, 2005.

LE CORBUSIER; Por uma Arquitetura, Ed. Perspectiva, 2009.

FRAMPTON, Kenneth; Historia critica da arquitetura moderna, Martin Fontes, São Paulo, 2008.

Nota:
(1) Exposição das propostas de cidades para Rio de Janeiro e São Paulo. http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/1140819-exposicao-reune-projetos-urbanos-de-le-corbusier-para-sp-e-rio.shtml

http://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/1142772-exposicao-retrata-encantamento-de-le-corbusier-em-viagem-pela-america-do-sul.shtml

(2) Pesquisa sobre a Cité Industriaelle (1917) de Tony Garnier. http://architectureandurbanism.blogspot.com.br/2010/11/tony-garnier-une-cite-industrielle-1917.html


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