Arq. Jorge Villavisencio
No cabe duvida que os edifícios públicos de tipologia “cultural” têm aspectos que dão impulso a vida de uma determinada cidade ou ao país. Neste caso o Teatro Nacional na cidade de Lima no Perú conhecido como o “Gran Teatro Nacional del Perú” foi recente inaugurado e construído entre os anos de 2011 e 2012.
F.001 – Vista Av. Aviación – fachada oeste.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)
O projeto arquitetônico é dos arquitetos Alfonso de la Piedra, Geman Salazar, Mónica Kiya, Mónica Galarza e outros, a equipe e do escritório de arquitetura de la Piedra, ganhador do concurso, cujo projeto se inicia no ano de 2010. A construtora encarregada e da Empresa Construtora Graña y Montero S.A. E o calculo estrutural e dos engenheiros Antonio Blanco Blasco e José Antonio Terry. O projeto acústico foi realizado pelo arquiteto José Nepomuceno da empresa Acústica & Sónica. (1)
F.002 – Vista externa no detalhe do auditório principal.
Fonte: Jorge Villavisencio (2014)
A ideia deste artigo sobre o Teatro Nacional do Perú não só e apresentar o projeto arquitetônico, mais também fazer algumas reflexões do significado deste edifício dedicado para a cultura.
Para o professor e arquiteto Edgar Graeff diz que estes edifícios estão classificados nas suas tipologias como “edifícios para o desenvolvimento, de atividades culturais: bibliotecas, teatros, cinemas, auditórios, museus, galerias de arte, discotecas, radiodifusão, televisão, etc.” (Graeff, 1986:67-68)
F.003 –Vista da fachada noroeste. Detalhe do revestimento.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
A importância de Graeff ao mencionar isto que estes edifícios geram desenvolvimento cultural, esto é que o valor da edificação, não esta só no fato de abrigar pessoas, mais de gerar valor e poder agregado em gerar “polemica” dentro do que se produz nas “atividades culturais” no seu edifício.
Queremos dizer com esto dois assuntos, o primeiro é donde esta localizado, é porque está localizado neste lugar, então podemos perceber que é uma intervenção urbana na localização deste tipo de edifício. Que interfere em forma decisiva as atividades do espaço urbano. Segundo as atividades próprias dos eventos que são produzidos no Teatro sejam estes para a dança, operas, apresentações de diversos tipos que ampliam a vida cultura aos seres humanos, em fim ampliam conhecimento que de fato geram polemica para poder discutir os diversos eventos que são realizados, assim como da vida do edifício.
F.004 – Implantação do Teatro Nacional – Lima. Entre as avenidas Javier Prado e Aviación bo Distrito de San Borja na cidade de Lima.
Fonte: Google Earth (2014)
Mais devemos lembrar que desde a Renascença do final do século XV os edifícios para espetáculos tinham caráter provisório. Será que nossos edifícios contemporâneos tem essa mesma visão?
“A primeira obra do gênero (teatro) edificada com caráter de estabilidade foi o teatro da Academia Olímpica de Vincenza, cuja construção é iniciada em 1580 por Andrea Palladio e concluída por Vincenzo Scamozzi... – O teatro de Palladio inspirou por muitos séculos os teatros construídos em quase todo mundo”. (Graeff, 1986:113)
F.005 – Vista da fachada norte. Detalhe dos volumes prismáticos.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
Mais também devemos lembrar que na arquitetura moderna de mediados do século XIX, especificamente no ano de 1886 na Escola de Chicago e do notável projeto do Auditório de Chicago do arquiteto Luis Sullivan, que também na mesma época em Paris (1862-1875) foi projetado a Opera de Paris por Charles Garnier, que também inspirou a gerações futuras a forma de projetar edifícios para este fim.
F.006 –Vista da fachada leste. Detalhe da leve inclinação das formas.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
Também em mediados do século XX tivemos edifícios para o teatro, como o auditório do arquiteto Raul Villanueva na obra na Cidade Universitária de Caracas (1952-1953), do auditório de Krosge em Cambridge, Massachusetts (1955) de Eero Saarinen, do Conservatório de Musica no Orange Coast Colleges (1952) projeto de Robert E. Alexander e Richard Neutra.
E assim tantos outros edifícios que forem, e claro, ou serão construídos ao longo da nossa historia arquitetônica, que de fato servem de referencia para os novos edifícios de índole teatral.
Mais estes tipos de edifícios traz em si muita polemica e critica arquitetônica como a recente reformulação (após o incêndio) do Teatro Cultura Artística de São Paulo (2013) do arquiteto Paulo Bruna, projeto original de 1950 do importante arquiteto moderno Rino Levi (1901-1965) e do arquiteto e engenheiro Roberto Cerqueira César (1917-2003). Sem duvida uma obra prima da arquitetura brasileira. Assunto de que devemos tratar em outro momento.
F.007 –Vista do detalhe do beiral da fachada lateral (oeste).
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
“Quando constroem um teatro municipal, por exemplo, os outros elementos fundamentais como biblioteca, a videoteca não são integrados nele... Um anfiteatro é o local onde se expressa um dos objetivos fundamentais da Cultura: o debate e a criação das novas possibilidades de pensar e agir”. (Milanesi, 2003:241)
Esta reflexão nos parece importante por quanto não só leva o desenvolvimento cultural, que como se indica é uma das primeiras manifestações das pessoas de “pensar e agir”, mais também traz desenvolvimento econômico, que no mundo contemporâneo tem primado pelo poder econômico das pessoas e de suas cidades, e se prima (talvez sem concordar) pela própria necessidade de “poder” que geram esses pensamentos atuais. Mais pensamos que traz essência socioeconômica que alavanca o poder aquisitivo das necessidades humanas.
F.008 –Vista da fachada leste.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
Neste percurso sobre a cultura em um “todo”, tem essências educacionais de reflexão, ao conhecer e poder disfrutar (o não – só ver e saber de que trata) do que Ferreira diz: “Não pode restar dúvida que um sistema educacional se desenvolve em meio de uma série de problemas econômicos a que precisamos dar atenção devida, numa época em que se luta contra a pobreza toma amplitude de prioritária indagação filosófica e até de posição teológica”. (Ferreira, 1999:29)
F.009 –Vista do acesso principal – fachada sul.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
“O campo do estímulo à criação do bem cultural é vasto e diversificado. Ele incorpora as ações que objetivam produzir uma expressão: o poema, a ópera, a escultura, a coreografia, etc... que levam diretamente a criação do bem cultural organizam-se no âmbito deste segmento”. (Milanesi, 2003:193)
Mais também temos que o teatro traz em si certos “estímulos” que nos levam a uma reflexão, que é umas das necessidades dos seres humanos, refletir do passado histórico, do presente nos projeta a uma desenvoltura para o futuro. O espaço a ser construído neste tipo de edificações tem conceitos muito amplos – é-nos da sensação de poder criar e fazer de forma diferente, que nem sempre são entendidos.
Mais para filosofo francês Michel Foucault que relaciona o espaço ao dizer: “Com uma desqualificação correlata do espaço, que aparece do lado do entendimento, do analítico, do conceitual, do morto, do imóvel inerte. Lembro-me de ter falado, há uns dez anos, dos problemas de uma política dos espaços e que o tempo, o projeto, era a vida e o progresso. (Foucault, 2012:323)
F.010 –Vista do detalhe do revestimento.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
Penso que no caso do projeto do Teatro Nacional , tem origens de relação do “construtivismo” que como sabemos se inicia na segunda década do século XX. O poder da abstração das formas propostas alavanca novas percepções dos observadores.
F.011 –Vista do detalhe da pele de vidro, e dos níveis na parte interna do edifício.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
Esta ideia de utilizar a inteligência humana (promovidos por Malevich e Kandinsky na Rússia – como cultura artística) tem uma relação mutua entre o artista neste caso os arquitetos e sua obra com os observadores. Como sabemos nas questões educacionais o construtivismo tem teorias firmes com que a gente entendeu/conheceu. E claro, também dos aspectos tecnológicos utilizados na obra do teatro, a tecnologia tem uma forte iniciativa na obra que faz parte da nova indústria construtiva.
O projeto do Teatro Nacional e seu desequilíbrio das formas puras faz que sugira uma movimentação (mais de forma leve) que faz parte do mundo contemporâneo. Os movimentos fazem parte do cotidiano, e cada vez mais fazemos diversas coisas ao mesmo tempo. Mais isto é uma nova forma do ser humano, mais contemporâneo, que diverge do pensamento construtivista. Podemos dizer que é um valor agregado da nossa época atual.
F.012 –Vista do detalhe das portas principal de acesso ao edifício.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
Os elementos geométricos utilizados na obra são prismas puros, que nos remetem ao conceito platônico – que toda forma vem das formas puras. A disposição e escala do projeto são amenas na vista do observador, por que a pesar (ou não) das leves inclinações das formas as reconhecemos com facilidade.
F.013 –Vista da fachada norte. Detalhe da composição volumétrica da forma.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
O conceito do espetáculo esta presente – que pensamos que fazem parte de uma arquitetura teatral, que não são questões isoladas. Na primeira vista é visível no observador desde o desnível da Av. Javier Prado e da Av. Aviación no Distrito de San Borja.
A marquise sugerida em foram triangular que sai dos outros elementos tectônicos chama atenção do espectador do edifício. Não fica à margem, é visível, a diferença dos outros elementos propostos.
F.014 –Vista da esquina da Av. Javier Prado com a Av. Aviación – Distrito de San Borja, Lima.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
Segundo as informações PUC-Perú (1) a obra tem um cumprimento de 90 m. e 76 m. de largura, com um triple pé direito de 12 m. A obra foi construída em duas etapas a primeira correspondia a cenário central com as gradearias para s poltronas. A segunda parte o restante. Conta na parte posterior da entrada principal três salas de ensaios, assim como de espaços de apoio. Si bem é certo que a obra tem 5 edificações independentes, pode perceber que estão integradas espacialmente.
O edifício tem 3 subsolos, que dão acesso para o previsão necessária que utilizadas no cenário. A parte restante é de 7 pavimentos, a cobertura tem um vão de 27.20 m. que é de concreto armado, que colaboram com a acústica do edifício. No térreo ate o 4° andar tem escritórios administrativos, camarins e áreas técnicas. Do 5° ao 7° andar tem zonas técnicas com estruturas metálicas que dão suporte para o cenário. Mais a tecnologia utilizada na construção tem predominância de concreto armado. Cujos vãos médios são entre 7 a 8 metros. Devemos lembrar que na cidade de Lima é uma zona de movimentos sísmicos que de alguma forma intervém na utilização dos materiais e da forma estrutural da edificação. Que de fato é um fator limitante no que se refere à utilização de maiores vãos, que poderiam ser maiores, mais a custos muito elevados e antieconômicos. O edifício tem capacidade para 1.500 pessoas, e tem uma área construída m2. , a custo aproximado de 100 milhões de dólares.
F.015 –Vista parcial da Av. Aviación desde da Estação do Metro Cultura.
Fonte Jorge Villavisencio (2014)
Queremos deixar claro que a obra do Teatro tem conotações importantes, mais deixa um certo ar da não monumentalidade que este tipo de obra merecem dentro do grande significado que o obra deve deixar, por ter o titulo de Teatro de nível Nacional, como forem outros teatros no passado. Talvez a iniciativa de respeito da escala com as outras edificações existentes como é a Biblioteca Nacional, o do Museu da Cultura (ex- Ministério de Pesqueira).
Mais pensamos que o intento deste projeto é de suprir as necessidades culturais da população, uma cidade que não priorize novos edifícios públicos de índole cultural seria negar ao povo seu direito, hoje é uma obrigação e de respeito com o cidadão.
Penso que o Teatro Nacional ainda deverá receber muitas críticas tanto na sua condição espacial de forma e função. Mais neste texto não só queríamos expor o edifício do Teatro Nacional, mais que isso, provocar e aproveitar para fazer diversas reflexões do significado do que é a arquitetura teatral.
Goiânia, 5 de Fevereiro de 2014.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.
Bibliografia
GRAEFF, Albuquerque Edgar; Edifício, Projeto Editores Associados Ltda., Volume 7°, São Paulo, 1986.
MILANESI, Luís; A casa da Invenção, Ateliê Editores, São Paulo, 2003.
FOUCAULT, Michel; Microfísica do Poder, Edições Graal Ltda., São Paulo, 2012.
FERREIRA, Melo Osvaldo; Teoria e prática do planejamento educacional, Editora Globo, Porto Alegre, 1974.
FRAMPTON, Kenneth; Historia da arquitetura moderna, Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2008. (Cap. 19, pp. 201-213).
Mais informações:
(1) http://blog.pucp.edu.pe/media/688/20110907-Gran%20Teatro%20Nacional%20AB.pdf
No hay comentarios.:
Publicar un comentario