Jorge Villavisencio.
Si bem e certo a arquitetura de tendência High-Tech vem da época da arquitetura moderna e do pós-modernismo, deixo um rastro indelével nos dias atuais. Como sabemos a obra do Centro Pompidou (Centre national d'art et de culture Georges-Pompidou 1972-1977) na parceria ítalo-britânica dos arquitetos Renzo Piano (1937-) e de Richard Rogers (1933-) também ele parceiro de Norman Foster (1935-), marcou seu tempo, pensamos que hoje o resgate desta historia poderia torna-se relevante, que é a intenção deste ensaio.
F.01 - Centro Pompidou (1972-1977) – Renzo Piano e Richard Roger – vista externa.
Fonte: archdaily/Brasil.
Uma das caraterística relevantes na arquitetura High-Tech é “A honestidade dos materiais das fachadas é uma qualidade reconhecível da arquitetura high-tech” (Danison, 2014:116).
Este assunto da tecnologia e o uso “correto” dos materiais torna-se hoje um ponto fundamental para a criação de espaços edificados com conotações que vão além, seria uma espécie expressão de desejo em mostrar sua própria estrutura – uma vestimenta revelada na sua ossatura.
Nestes últimos tempos a velocidade das novas tecnologias tectônicas tem tomado incremento, e consideramos que para projetar com esmerada qualidade temos que ter conhecimento do aparecimento no uso destes instrumentos, mais nossas pesquisas devem também fomentar o uso destes, assim poderemos aplicar nas formas projetuais que colaboram em uma visualização que poderia torna-se mais harmoniosa com nossos tempos. O uso de “vidro e do metal”.
F.02 - Centro Pompidou (1972-1977) – Renzo Piano e Richard Roger – corte.
Fonte: Kenneth Frampton
Mais não poderíamos confundir em uma exacerbada utilização desta nova tecnologia, isto é uma parte das maneiras projetuais (processo criativo e do partido) de fazer arquitetura, e claro, nos sabemos que existem outra formas de fazer e criar, a “materialidade” das produções que é uma das estratégias, assim com um analise consciente de todas as “condicionantes” que se devem agregar a nossa vivencia projetual.
Existe também um processo de visão com o é a industrialização, como sabemos a construção em massa diminui os custos, assim como o não desperdício que visa certa sustentabilidade, nas maneiras de construir edificações. Estes produtos padronizados que podem na sua maioria ser produzidos em fabricas, para depois ser montados no canteiro de obra.
Também, “... uma das caraterísticas da arquitetura High-Tech é a flexibilidade de uso (e situação espacial). Isto significa a ênfase recai sobre a funcionalidade do espaço, e não sobre as vantagens sociais ou artísticas da obra...” (Danison, 2014:116).
F.03 - Edifício Swiss Re - 30 Saint Mary Axe em Londres (1999-2004) – Norman Foster.
Fonte: The Guardian
Temos reparado que uma das caraterística das edificações contemporâneas é visão de “flexibilidade”, ate pelas mudanças constantes nos usos de seu “espaço-estrutura-função”, o que poderíamos definir como – como uma função que vai evoluindo com o tempo, afirmando com o passar do tempo-espaço uma contemporaneidade que se está presente nos seus edifícios. O imaginário destes edifícios logra uma percepção diferente dos outros como se indica “As experiências visuais são resultantes qualitativamente diferentes de aquelas recebidas quando se observa um modelo...” (Arnheim, 2001:1001).
Outra condição importante da arquitetura High-Tech e a “leveza” dos materiais empregados na obra, pareceria um quebra-cabeças de diferentes elementos que são conjugados em essa tão esperada condição de “unidade espacial” na edificação, “Do ponto de vista tecnológico, essa arquitetura leve, desmontável,, só se tornou possível na década de 1970, por exemplo o Centro Pompidou (1972-1977), de Renzo Piano e Richard Rogers, em Paris” (Montaner {1}, 2012:148). (ver imagem F.01 e F.02)
F.04 - Eden Cornualha (2002) – Norman Foster.
Fonte: Gigantes do Mundo.
A vida urbana das cidades está cambiando e dá passo a outros olhares, significado usos e padrões diferenciados, com é o caso da obra do Centro Pompidou – “...a própria evolução do material da arquitetura e a mudança rápida nos modos do uso do espaço, junto com as leis inexoráveis do consumo e a contínua transformação das cidades...” (Montaner {1}, 2012:152).
A popularidade destes edifícios (Pompidou) como o indica Frampton “quanto tudo o mais”, consideramos que os edifícios culturais a arte é mediador da cultura e deve estabelecer seus objetivos em função ao meio, não é uma tarefa fácil de levar, por quanto pode ser um fracasso total, o lugar onde será implantado o edifício, na minha maneira de ver, tem que ter uma “memoria urbana”, algo acontecido no passado, voltado a seu futuro.
F.05 - Museu Guggenheim de Bilbao (1992) – Frank Gehry.
Fonte: Portfolio do Museu Guggenheim.
Mais também pode criar em contraposição outros olhares urbanos - “O fato adicional de que a escala do edifício (Pompidou) é bem diferente a seu contexto urbano e de que ele é incapaz de se representar seu status enquanto a instituição é coerente com a posição ideológica da qual provém, uma vez que tais preocupações sempre foram alheias à escola inglesa de design Dymaxion” (Frampton, 2008:347).
Em contrapartida poderemos pensar diferente que Frampton, os edifícios culturais, são como indique diferenciados, “... nos centros de cultura o espaço que se reserva a convivência deverá entender-se a todas as áreas, sendo um estimulo das relações interpessoais” (Milanesi, 2003). Entendemos isto, porque raramente os edifícios culturais não são aceitos pela sociedade, mais bem pensamos que com o passar do tempo vão adquirindo memoria urbana, seja esta só local ou a escala de cidade. Agora pode ser que o edifício Pompidou, não atenda as necessidades atuais, por quanto tem uma quantidade de visitantes na atualidade supera os 20,000 ao dia, é claro, o edifício não suporta essa quantidade de gente. Mais isto não novidade aconteceu no Museu do Prado entre outros, pensamos que o importante que guarde (na ampliação) uma coerência espacial, tal qual ele foi pensado com tecnologia da arquitetura High-Tech.
F.06 - Fundação Louis Vuitton (2006-2014) – Frank Gehry.
Fonte: Portfolio Louis Vuitton.
Um dos arquitetos mais proeminentes da arquitetura High-Tech é Norman Foster, com seu arranha-céu como é o Edifício Swiss Re – hoje 30 Saint Mary Axe em Londres (1999-2004), um edifício em planta de circulo, mais de forma cônica e cilíndrica. Indica-se “... que é uma boa resposta a ação dos ventos e dos significados em termos de sustentabilidade” (Montaner {2}, 2016:14). (ver imagem F.03)
Renzo Piano cria uma aliança entre a natureza e a tecnologia como na obra do Eden Cornualha (2002), que em forma de cúpula com uma estrutura muito leve em aço (ver imagem F.04) cuja função é de uma grande estufa.
Outro arquiteto que utiliza tecnologia em seus edifícios é Frank Gehry, com formas experimentais, mais com uma nova adequação de um sentimento de arritmia espacial, exemplo claro do Museu Guggenheim de Bilbao (1992), (ver imagem F.05), como se explica “... exploração sistêmica de formas gestuais, orgânicas e oníricas que surgem do impulso criativo do subconsciente...” (Montaner {2}, 2016:32).
Também Gehry experimenta novas formas (talvez sem muito sucesso) como é a obra da Fundação Louis Vuitton (2006-2014) em Paris, (ver imagem F.06) “... na qual continua com seu maneirismo em suas formas externas ainda mais arbitrarias...” (Montaner {2}, 2016:34). Mais devemos dizer que, ambas as obras de Gehry no seu interior são de função com certa normalidade a esta tipologia de projetos.
F.07 - Povo da Kunsthaus Graz (2003) – Peter Cook e Colin Fournier.
Fonte: Blog do Dimitri.
“Uma das vertentes mais elaboradas e sofisticadas da arquitetura High-Tech tem perdurado das formas orgânicas dos bulbos. Coroando as proposta do Grupo britânico ARCHIGRAN na década de 1960, Peter Cook (1936-), um dos antigos membros, projetou junto com Colin Fournier, o simpático alienígena ou povo da Kunsthaus Graz, 2003.” (Montaner {2}, 2016:36). (ver imagem F.07). Concordamos em parte com Montaner, mais as formas orgânicas da arquitetura High-Tech é uma parte desta tipologia projetual, mais pode ser aplicada espacialmente nas diversas tipologias da arquitetura contemporânea.
Para terminar, gostaria de deixar de forma clara, que a tecnologia, a natureza e a sustentabilidade podem sim caminhar de mãos juntas, complementando-se uma com a outra, penso que a contemporaneidade exige por estes rumos projetuais, por isso temos preparado o presente ensaio cujo titulo é “High-Tech – uma arquitetura ainda contemporânea”. Experimentar uma nova materialidade faz parte do processo criativo da arquitetura.
Goiânia, 1 de junho de 2016.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.
Bibliografia
MONTANER, Josep; A modernidade Superada: Ensaios sobre arquitetura contemporânea {1997}, Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2012. {1}
MONTANER, Josep; A condição contemporânea da arquitetura, Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2016. {2}
FRAMPTON, Kenneth; Arquitetura Moderna {1997}, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2008.
ARNHEIM, Rudolf; La Forma visual de la arquitectura, Editora Gustavo Gili, Barcelona, 2001.
DENISON, Edward; Arquitetura: 50 conceitos e estilos fundamentais explicados de forma clara e rápida, Editora Publifolha, São Paulo, 2014.
MILANESI, Luís; A Casa da Invenção, Editora Ateliê, Cotia, São Paulo, 2003.
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