domingo, 13 de noviembre de 2011

Seoane Ros e seu edifício da Diagonal: na procura da gentileza urbana

Seoane Ros e seu edifício da Diagonal: na procura da gentileza urbana
Critica: Arq. Jorge Villavisencio

Às vezes a gente apresenta certas obras que podem ser interessantes, mais na critica da arquitetura onde um dos paradigmas esta na “escolha” dos objetos neste caso o edifício da Diagonal, como e obvio ao fazer a escolha de determinada edificação estamos criando determinado interesse pessoal ou comunitário dependendo da percepção que possas ter.

F. 001 – Edifício Diagonal – vista
Fonte: J. Villavisencio (2010)



Penso que muito depende da sensibilidade perceptiva de como cada um vai se educando num lapso de tempo bastante longo, a percepção pela arquitetura definitivamente cria sensações que pode mudar ate comportamentos não só da maneira projetual ou construtiva, vai mais alem, nas configurações de comportamento do ser humano. Talvez um dos assuntos que mais me fascinam na arquitetura e a questão da “gentileza urbana” onde determinada edificação possam criar no seu entorno urbano.


F. 002 – Edifício Diagonal – localização Distrito de Miraflores
Fonte: Google Earth (2011
)



O arquiteto peruano Enrique Seoane Ros (1915-1980) profissional prolífico pela qualidade e quantidade de projetos – este classificado pela sua arquitetura modernista de concepto racionalista, Seoane realizo vários projetos importantes, como o Ministério de Educação (1951-56) na cidade de Lima, como todos sabem são determinados projetos públicos que geram representatividade arquitetônica principalmente pela qualidade – quase de forma indiscutível, e inclusive dentro da propostas teóricas de Le Corbusier. Foi assim o que sucedido no Brasil na construção do Ministério de Educação e Saúde (1935-1943) na cidade de Rio de Janeiro pelos arquitetos Costa, Niemeyer, Vasconcelos, Leão, Reidy, Moreira, claro baixo a batuta (assessoria) do mestre Le Corbusier. E desta forma que estes edifícios são percebidos por outros profissionais da arquitetura, mais principalmente pela população que faz parte de seu convívio diário. Lembremos que a arquitetura é a arte que mais se vê.


F. 003 – Edifício Diagonal – vista lateral
Fonte: J. Villavisencio (2010)


A localização deste edifício esta atrelada ao modus vivendi deste bairro principalmente por estar frente ao parque central. Como percebemos Seoane tinha visto isso (assim penso) ao determinar que esta edificação pudesse provar ou comprovar uma diferenciada arquitetura de fino trato tanto no seu lado formal como na rica forma construtiva, penso dos conceitos da Escola de Chicago, que são revelados pelo arquiteto Loiuse Sullivan (1856-1924) em especial na aplicação dos materiais que forem utilizados. Como exemplo nas suas esquadrias como representação “industrializada” lembremos que em nossos países da America do Sul a modernidade chega tardiamente no primeiro tercio do século XX, inclusive muitos dos materiais aplicados vinha vinham da Europa ou da America do Norte.

F. 004 – Edifício Diagonal – gentileza urbana
Fonte: J. Villavisencio


O terreno escolhido para esta edificação tem forma triangular, tem uma área de 3.420 m2. Sua obra é entre os anos de 1952 a 1954 (Bentín, 1989:230) o uso desta edificação e comercial nos primeiros 3 níveis e nos outros 5 níveis são apartamentos para habitação, com uma totalidade de 8 andares.


Como tinha dito anteriormente (ver imagem F.004) Seoane poderia ter utilizado a totalidade do terreno mais não foi assim, ele deixa uma faixa (passagem aberta) entre as duas ruas dando passe ao pedestre, só para lembra a gente faz arquitetura para os homens, e eles que tem que ser a prioridade – além claro que a cidade agradece porque integra bem com seu entorno urbano, e passa a ser que o edifício participa ativamente da cidade é desta forma que agrada sua “gentileza urbana”, hoje esta faixa deixada para a cidade cumpre um papel importante no comportamento das pessoas que transitam, não só pela circulação (que faz parte da vida moderna – o movimento – na arquitetura a promenade), e pelo uso como área de lazer que é utilizado pelas pessoas. Esta característica também e conseguida na obra do MASP (1947) de São Paulo, projeto da arquiteta italiana Lina Bo Bardi (1914-1992), com seu enorme vão de 74 metros de comprimento, claro, este dentro das escalas urbanas permissíveis.


Também se fala que nas quinas forem adições que forem feitas posteriormente, sinceramente considero muito apresada esta idéia, porque tenho feitas pesquisas profundas sobre as obras deste arquiteto e seu grau de rigor e bastante elevado. Mais isto ficara na duvida ate que as investigações sejam apresadas de forma clara e mais convincentes.
F. 005 – Edifício Diagonal – Planta baixa
Fonte: Bentín (1989)


Mais muitos dos projetos de Enrique Seoane Ros resgatam sua arquitetura com algumas indicações que possam lembra nas origens ancestrais do pré hispânico, estas indicações da “identidade local” teve uma forte essência projetual – mais devemos deixar claro que forem muitas pessoas como Mariategui, Vinateia, Camino Brent entre outros, que tiveram presença nos conceitos culturais do Neoperuano, considero que apesar de não ter levado este ideal para frente, queda marcado como pensamentos históricos da arquitetura de America do Sul, talvez possa ser regatado este ideal, penso que cada vez sento mais perto do resgate na nossa historia cultural (porque definitivamente a arquitetura é fato cultural), mais como nos sabemos isso depende das pesquisas dos governos possam financiar para cuidar como bem diz José Bentím – “a busca das nossas raízes”, e mais quando um sabe de donde bem suas raízes culturais são mais fáceis de visualizar o prever qual e o rumo a seguir – é claro sem perder nossa “identidade”, talvez para alguns não seja importante porque hoje nesta vida contemporânea deve ser olhada para frente – tudo bem – mais também diria sem esquecer nosso rico passado histórico, que faz parte, queira o não – porque esta dentro dos genes de comportamento cultural do ser humano, não tem como não ser assim.

F.006 - Edificio Diagonal - detalhe da fachada Fonte: J. Villavisencio (2010)


No conceito da estética do edifício da Diagonal vemos claramente imbuído o “estilo buque” (ver imagem F.001) “Também sugerem exemplos do racionalismo europeu, precursores da arquitetura moderna com alguns motivos que lembram navios e que da o nome de estilo buque...” (Bentín, 1989:43), no tem como não lembrar o famoso livro de Le Corbusier Ver une Arquitecture de 1923, quando faz referencia aos “transatlânticos” e diz – O Lamoriciere. CIA. Transatlântica. Aos arquitetos: Uma beleza mais técnica. A estação de Orsay! Uma estética mais perto das causas verdadeiras! ...mas os construtores de transatlânticos, ousados e sábios, realizam palácios juntos dos quais as catedrais são bem pequenas: e eles os atiram na água. (Le Corbusier, 2009:60-61)

F. 007 – Edifício Diagonal – vista da esquina: Rua Porta com Av. Diagonal
Fonte: J. Villavisencio (2010)


Também concordo quando o arquiteto Elio Martucelli diz: “Um projeto que alem inventa uma passagem para a cidade...” (Bonilla, 2009:351) este reafirma minha hipótese do conceito da “gentileza urbana”. Penso que este magnífico edifício tem muito mais dizer alem de seu lado formal que também são ligeiramente convexas (ver imagem F.006), ou que seu volume de forma triangular, mantém as três frentes.
Sem duvida muitos dos projetos Seoane Ros tem esta qualidade que não só busca suas raízes locais, mais também uma arquitetura racionalista espelhada nos conceitos de Le Corbusier e de Walter Gropius, digno de uma arquitetura moderna.


Goiania, 12 de Novembro de 2011
Arq. Jorge Villavisencio

Bibliografia
BENTÍN
, Diez Canseco José; Enrique Seoane Ros: Una búsqueda de raíces peruanas, Editorial Imprenta Desa S.A, Instituto de Investigación de la Facultad de Arquitectura, Urbanismo y Artes de la Universidad Nacional de Ingeniería – FAUA/UNI, Lima, 1989.
LE CORBUSIER; Por uma arquitetura, {Titulo original: Vers une Architecture, 1923} Editora Perspectiva, São Paulo, 2009.
BONILLA, Di Tolla Enrique (org.); Guía de Arquitectura y Paisaje: Lima y Callao, Ed. Junta de Andalucía e Universidad Ricardo Palma, Lima, 2009.




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