martes, 2 de octubre de 2018

O reúso criativo da arquitetura.

O reúso criativo da arquitetura.
Jorge Villavisencio.

Com o passar do tempo muitos edifícios ficam obsoletos no que se refere a seu uso, e vem diversas perguntas: O que fazer com esse equipamento da cidade?

Muitos desses edifícios guardam à memória da cidade, outros podem ser edifícios que não cumprem a contento sua utilidade em que foi projetado, e simplesmente pensam em demolir.

Mas em alguns casos estes edifícios podem cumprir outra missão, especialmente edifícios que tenham valor cultural.
No transcurso do texto veremos algumas obras que tiverem outros usos, o que chamaremos de “reúso criativo”, exemplos claros dos arquitetos Carlo Scarpa (1906-1978), Herzog & De Meuron (1978-), Latz & Partner (1968-), Paulo Mendes da Rocha (1928-) entre outros.

“O reúso criativo adopta o edifício apresentando-lhe usos que não forem concebidos no projeto original” (Denison,2014:146).

É muito comum que um edifício seja demolido para criar um novo, se adverte que seja até mais barato, mais existe conceitos de reinventá-la ou de reprograma-la, e aí surge a ideia de reuso criativo, além claro de preservar a memória desse lugar através desse edifício, o sentido de pertinência latente está presente.

R.1 – Brion Tomb (1957-1975) – arquiteto Carlos Scarpa.
Fonte: Archdaily (2018)

Este sentido de “pertinência” está intimamente ligado ao espaço, são elementos promissores de relações do passado-presente, “... o sentido de pertinência tem uma profunda relação com o homem, e seu entorno. Este sentido pertinência tem dimensão social e coletiva. Por tanto transcende o homem no seu individual... O sentido de pertinência pode-se manifestar em testemunhos culturais tangíveis (materiais) ou intangíveis (espirituais). (Gutiérrez, 1996:110)

Pensamos que deva existir uma análise profunda de determinado edifício, que nem sempre som qualificados como patrimônio histórico, mas existe um valor em sua memória como indica Gutierrez, em alguns casos nem sempre existe mais o edifício, mas existe uma memoria dentro do urbano, relembra o passado, mas com o tempo pode ser esquecido, consideramos importante para o valor de aquela cidade ou bairro, que seja lembrado, porque ao final de contas é a própria história desse lugar, desse povo.

R.2 – Edifício Cultural (1995) – arquitetos Herzog e De Meuron.
Fonte: Deezen (2018)

Mas existem outras abordagens como a de restauração, conservação, reconstrução, ampliação entre outras, mas toda elas têm a mesma finalidade de preservar o passado.

O reuso criativo é hoje um lugar comum, sobretudo em países que passam por mudanças industriais ou sociais, é uma das questões enfrentadas pelos arquitetos é se as alterações propostas devem ser permanentes ou reversíveis. Uma vez adaptada para outro uso, o edifício sobrevive ao seu proposito original... (Denison,2014:146).

Mas cabe ressaltar que a verdadeira criatividade nasce da sabedoria de encontrar respostas adequadas a partir das condicionantes que estão nos seus programas arquitetônicos, segundo Gutierrez indica que a criatividade é aquela que acumula experiencias e sabedoria, onde recolhe experiencias as experiencias populares das seculares formas de enfrentar as condicionantes do habitat com recursos limitados.

R.3 – Parque Landschaftspark (1991) – arquitetos Latz & Partner.
Fonte: Conexão Planeta (2018)

Mas tem um assunto que deve ser explorado com mais rigor, o efeito da sustentabilidade de determinado edifício, porque sem duvida existe um investimento energético na sua construção.

“... está pode ser recompensado. Trata-se, portanto de um ato de sustentável, que também preserva o legado arquitetônico. No entanto, alguns edifícios resistem ao reúso, devido à complexidade e ao custo das mudanças” (Denison,2014:146).

Para Bustos Romero explica que o patrimônio arquitetônico é a primeira relação indissociável entre o conceito do patrimônio histórico e artístico nacional e o patrimônio arquitetônico é uma herança que vem da edificação dos períodos da memória e da valorização do monumento histórico como bem arquitetônico.

Por isso consideramos que esse bem arquitetônico merece ter o cuidado necessário para que futuras gerações possam também disfrutar de seu legado, talvez com um uso mais adequado das necessidades contemporâneas, mas que levam inserção de memoria social, que nem sempre é entendido como deveria ser, o patrimônio arquitetônico tem essa virtude.

R.4 – Pinacoteca de São Paulo (1998) – arquiteto Paulo Mendes da Rocha.
Fonte: Flikr (2018)

“Nas últimas décadas, continua perdurando a vertente da arquitetura que coloca em primeiro lugar sua própria história e, geralmente, a inserção urbana das obras. Continua a tradição da chamada – critica tipológica – ainda que de maneira menos dogmática e mais pragmática, aprendendo a se situar em cada contexto. Tudo isso se produz em um momento, no início do século XXI...” (Montaner, 2016:40).

Consideramos que uns dos trabalhos mais importantes no início do século XXI foi o concurso de “Reinventer Paris”, que vem do conceito de “reinventar” está cada vez mais presente no espaço contemporâneo, como exemplo claro e audacioso da Prefeita de Paris Anne Hidalgo, quando convoca em 2015 para o concurso de 23 espaços púbicos que são de propriedade da prefeitura parisiense, que tem como conceito “densidade, diversidade, energia e resiliência”, onde o fazer de novo ou de uma maneira diferente.


Goiânia, 2 de outubro de 2018.

Arq. MSc. Jorge Villavisencio.



Bibliografia

GUTIÉRREZ, Ramón (org.); Arquitectura Latinoamericana em el siglo XX, Ed. Epígrafe, Universidad Ricardo Palma (Lima, 1998), original: Editoriale Jaca Book S.p.A., Milão, 1996.

MONTANER, Josep Maria; A condição contemporânea da arquitetura, Editora Gustavo Gili, São Paulo, 2016.

ROMERO, Marta Adriana Bustos; Reabilitação Ambiental: Sustentável Arquitetônica e Urbanística, Editado FAU/UNB, Brasília, 2009.

DENISON, Edward, Arquitetura: 50 conceitos e estilos fundamentais explicados de forma clara e rápida, Ed. Publifolha, São Paulo, 2014.

VILLAVISENCIO, Jorge; A constelação dos espaços culturais, https://jvillavisencio.blogspot.com/2016/10/a-constelacao-dos-espacos-culturais.html (extraído em 25/09/2018).