jueves, 19 de enero de 2017

O ensaio como técnica da crítica da arquitetura.

O ensaio como técnica da crítica da arquitetura.
Jorge Villavisencio.

Através do tempo temos utilizado a crítica da arquitetura como instrumento de entendimento do estudo da arte e da técnica do que é a arquitetura e urbanismo. Desta forma podemos entender melhor os fatos das produções que englobam os edifícios e suas cidades, mais deve existir, sim, uma pesquisa que a nossa maneira de ver tem que ser continua ou continuada dos vários elementos que compõe estás produções. Consideramos que não é uma tarefa fácil, porque a investigação previa deve ser de bom calibre ou de uma credibilidade correta. Mais existe uma liberdade de expressão nos ensaios críticos, como o explica Josep Maria Montaner.

“O ensaio, entendido como uma indagação libre e criativa, não exaustivo, nem especializado, destituído de um caráter rigorosamente sistemático, é a mais genuína ferramenta da crítica.” (Montaner, 2015:13) {1}

Sem duvida, a maneira livre como cada um apresenta seu ensaio tem uma formulação que esta em contato com sua própria percepção dos objetos manteria de estudo. É-claro das próprias experiências que um tem no espaço e no tempo (intuição pessoal). Mais nos pensamos que o caráter sistêmico deve existir, primeiro para que o ensaio tenha sim um caráter de veracidade comprovada e só através da linha da “investigação cientifica” e dos referentes (pesquisa, citações, bibliografia, etc.) faz que a crítica tenha essa credibilidade. Segundo que o tema matéria do ensaio cria sim um interesse pessoal com a proposta de estudo, e difícil que não se tenha relação com a proposta do ensaio.

Desta forma tem uma continuidade e uma direção na formulação do trabalho. Mas como o explicam que todo deve estar “inter-relacionado”, não porque si o objeto de estudo ensaísta deve acometer um determinado objeto, mais bem tem que estar com muitos outros assuntos, para que exista sim um paralelismo com a proposta, entregar os vários aspectos que deve conter uma crítica. Mas estamos de acordo com que o ensaio crítico não é um assunto terminado ou consumado, existe uma abertura para que este seja reformulado ou continuado.

Até porque a investigação cientifica tem essa forma de ser, “dar continuidade ao trabalho cientifico”. Desta forma vai se aprimorando o trabalho, transformando, reformulando, para outras ocasiões.

Mais devemos deixar claro que a crítica da arquitetura é um “julgamento” de um determinado objeto está aderida a parte que corresponde a sua própria estética, desta forma podemos ampliar a outros assuntos, como onde foi inserida determinado produto (lugar), qual foi à tecnologia que foi aplicada entre outros, por que tem essa forma, e qual e sua relação com o ambiente, enfim são tantos assuntos que nascem da crítica da arquitetura, porque ela é ao final uma dialética constante com o objeto.

A “interpretação” que um possa ter do objeto, poderia ser a síntese de vários assuntos, porque como se sabe sempre deve estar “aberto” ao dialogo, e nunca deve ser uma coisa fechada.

“A propostas da arquitetura feitas como colagem de fragmentos...” (Montaner, 2016:70) {2}

Ao apreciar a citação de Montaner, podemos intuir dois assuntos, o primeiro tem uma relação com os diferentes aspectos (fragmentos) que contém uma obra de arquitetura, seria como poder entender cada parte que compõe a obra, desta forma poderíamos entender o todo como explicava Leonardo Benévolo ao falar do “elenco” (atores) da arquitetura, da composição de sua forma e suas partes. O segundo está relacionado com a história da arquitetura, por que ao final de contas não poderíamos fazer uma crítica da arquitetura sem conhecer a teoria da arquitetura e a história da arquitetura. É a forma correta de fazer uma crítica da arquitetura, que seja correta e com credibilidade.

“A resistência ao estudo da forma deriva, em parte, da acusação em que achacava-se aos arquitetos e teóricos ao haver-se dedicado de tratar a que os edifícios como puras formas, sem considerar suas funções praticas e sociais.” (Arnheim, 2001:8)

É interessante a advertência e da forma de colocação de Arhheim, até porque seria como ignorar o entorno do lugar, a finalidade da obra, e qual seria sua função social. Criar a forma pela forma, na nossa maneira de ver e sem consenso, e sem conceito nenhum, algo que seria irrelevante para a arquitetura e a cidade, sem valor nenhum. Mais através do tempo tenho pesquisado sobre este assunto, e incrível e irrelevante que alguns profissionais tenham atuado dessa maneira sem conceito nenhum, mas sim tem um objetivo à obra, não como função social, mais sim como destino dos usuários – a forma pela forma.

Penso que todo projeto de arquitetura e urbanismo tem uma “intensão” algo que foi muito bem explicado por Lucio Costa e recentemente por nosso querido arquiteto (recentemente falecido) João Filgueiras Lima – Lelé, todos temos sim uma determinada intensão objeto de seu projeto, até porque as ideias e ideais se sentem plasmado nos seus projetos. Isso tem um valor agregado e valorizado na arquitetura, por isso pode criar uma crítica esmerada na arquitetura com valor teórico e histórico, penso que com o tempo pode ficar como referencia para outros projetos no futuro.

“Uma obra de arquitetura não só serve abrigar atividades, mais também para ser contemplada, porque a arquitetura resolve necessidades físicas mais também de necessidades espirituais ou de fantasias...” (Carriquiry, 2005:18)

Nunca devemos esquecer que a arquitetura é arte e ciência, por isso a contemplação faz parte do sentido e da espiritualidade que está impregnada na sua arte. Por isso Le Corbusier no primeiro tercio do século XX, em especial nos CIAM na Carta de Atenas de 1933 explica de forma clara que a arquitetura tem que ter o espírito de seu tempo.
Para terminar, a crítica da arquitetura que contem bases solidas nas suas teorias e na sua historia, tem questões que são relevantes e importantes para a realização de todo ensaio que se preze por ter uma identidade que cada ensaísta tem, desta forma cria seu próprio espírito de seu tempo, é sem duvida serve para dar continuidade na sua dialética na arte de fazer espaços com prospecção.

Goiânia, 19 de janeiro de 2017.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio


Bibliografia

MONTANER, Josep Maria; Arquitetura e Crítica, Ed. Gustavo Gili, São Paulo, 2015. {1}

MONTANER, Josep Maria; A condição contemporânea da arquitetura, Ed. Gustavo Gili, São Paulo, 2016. {2}

ARNHEIM, Rudolf; La forma visual de la arquitectura, Ed. Gustavo Gili, Barcelona, 2001.

CARRIQUIRY, Inés Claux; La arquitectura y el proceso de diseño, Ed. Universidad San Marin de Porres, Lima, 2005.