miércoles, 23 de enero de 2013

Adolfo Córdova: e suas percepções sobre a arquitetura do Perú.

Adolfo Córdova: e suas percepções sobre a arquitetura do Perú.
Arq. Jorge Villavisencio

Considero que conhecer a arquitetura e o urbanismo em Latinoamerica se torna indispensável não só para os arquitetos e estudantes de arquitetura, mais sim para as pessoas comuns interessados que tratam de entender o processo da “modernidade”. O surgimento disto vem à tona com nossas realidades nesta parte do planeta que não são tão distantes como parece, é desta forma que faremos algumas apreciações da arquitetura e o urbanismo da modernidade no Perú. Temos aproveitado o recente livro do arquiteto Dr. Elio Martuccelli Casanova – “Conversaciones con Adolfo Córdova" do ano de 2012 (versão original em espanhol), onde faremos a apresentação do livro com algumas reflexões acima de seus textos.

F.01 – Capa do livro: “Conversaciones con Adolfo Córdova” de 2012.
Fonte: Instituto de Investigación de la Facultad de Arquitectura, Urbanismo y Artes de la Universidad Nacional de Ingeniería.

Para que não conhece o arquiteto peruano Adolfo Córdova Valdivia (1924-) se fará uma breve apresentação, Córdova nasce na cidade de Arequipa (cidade localizada no sul do Perú), estuda arquitetura na centenária Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Artes da Universidade Nacional de Engenheira – FAUA/UNI., onde egressa no ano de 1946. Foi distinguido com vários prêmios relacionado com a arquitetura, autor de livros e diversos artículos, em especial fundador do “Agrupamento Espaço”, importante movimento cultural que abre as porta para a arquitetura moderna no Perú, membro de importantes comissões como da Lei dos Municípios, onde faz a primeira tentativa de regionalização do Perú. Também foi Decano da FAUA/UNI e professor emérito durante mais de 30 anos. Atualmente e coordenador do mestrado em Vivenda na Escola de Pós-graduação da FAUA/UNI.

Mais antes de apresentar o livro de Martuccelli, gostaríamos de fazer algumas colocações sobre o arquiteto Córdova, para mim que tenho estudado na escola de pôs grado da FAUA/UNI, tenho assistido diversas vezes algumas apreciações que fez Córdova na linha do tempo sobre a arquitetura e o urbanismo, isto acontecido entre os anos de 2008 a 2010, apresar que suas cátedras forem nas áreas onde é coordenador, meu mestrado é de Historia, Teoria e Critica da arquitetura. Considero eu, e claro penso que para muitos arquitetos peruanos e do exterior o professor Córdova é uma lenda viva em prol da arquitetura e da cultura de maneira ampla.
Mais lembro muito bem que meu exame de admissão o arquiteto Córdova era parte do júri, e fez a seguinte pergunta – arquiteto Villavisencio no seu trabalho investigativo (tese) qual e sua linha de investigação? Rapidamente respondi que seria na área de arquitetura hospitalar, tema que segundo pude perceber (por seu aspecto fisionômico de tranquilidade mais com muita energia – na minha maneira de ver condição especial dos experientes mestres da arquitetura) mais considero que Córdova achou interessante. Anos mais tarde no meu trabalho investigativo sobre hospitais, Martuccelli me apresenta o livro de “Planeamiento, programación y diseño de hospitales” (versão em espanhol ), livro que termina sendo a conclusão do Curso sobre Hospitais que se deu na FAUA/UNI, onde justamente o arquiteto Adolfo Córdova Valdivia era o Decano da FAUA/UNI na época (1967). Pensamos que como Decano da FAUA foi promotor do Curso de Hospitais na área da arquitetura, é muitos anos depois indique a área que queria atingir, entendo agora a fisionomia do professor Córdova. Alias o curso sobre hospitais e as conclusões deste tem uma relação direta como o processo moderno de fazer hospitais, teve muita participação de palestrantes do Brasil, Colômbia, Bolívia, Equador e do Perú como sede do curso, um equipo multidisciplinar de arquitetos, médicos, engenheiros, mais sobre este assunto publicarei posteriormente.

O livro “Conversações com Adolfo Córdova” (versão em espanhol – 2012) de Elio Martuccelli esta claramente divido em duas partes. A primeira onde Martuccelli faz a introdução do livro e um capitulo exclusivo sobre o projeto modernizador do Perú, titulo “La arquitectura, el urbanismo, la acción politica y el proyecto modernizador”. A segunda parte trata-se das conversações com Adolfo Córdova que foi em três partes, que na realidade forem três entrevistas com perguntas claras por parte de Martuccelli e de respostas também claras mais na minha maneira de ver com certo ar de nostalgia por parte de Córdova, estas entrevistas forem: a primeira de 10 de fevereiro de 2005, a segunda de 5 de janeiro de 2006 e a terceira e ultima conversação o dia 16 de janeiro de 2007. Reparemos que forem três anos consecutivos, e inclusive teve perguntas reincidentes o a re-confirmacão dos fatos sobre a “agrupação espaço”, entendemos que o interesse em conhecer mais sobre este importante aspecto cultural e politico tem conotações importantes como veremos mais na frente.

F.02 – Imagem exterior da “Casona” da Rua Recavarren da antiga Escola de Pós-graduação da Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Artes da Universidad Nacional de Ingeníeria.
Fonte: Silvia Villavisencio Tancredi (2009)

Na introdução Martuccelli fala de maneira nostálgica do antigo local a “casona” onde estava localizada a Escola de Pôs-grado da FAUA/UNI, teve a oportunidade de realizar meu mestrado neste local, localizado na rua Recavarren no Distrito de Miraflores na cidade de Lima, “A casona da rua Recavarren tinha um espirito apaziguador e prazenteiro, ... Adolfo era um dos que se lhe encontrava em certos horários, ...onde aconteciam papos enriquecedores.” (Martuccelli, 2012:11). Também para Martuccelli a Agrupação Espaço é um lugar comum quando se trata de falar sobre a arquitetura moderna do Perú. Inclusive a citação sendo inevitável falar como a “história oficial”, mais se trata como “... uma visão alternativa dos fatos, aprofundando alguns aspectos tratados e descobrindo alguns não muito conhecidos: espero em parte ter logrado” (Martuccelli, 2012:15).

Para mim que trato de fazer uma síntese do livro, e claro com algumas reflexões por parte da minha pessoa, não tem como dar ênfases aos fatos da “agrupação espaço”, alias como tinha dito no inicio fazer de conhecer alguns aspectos históricos dos movimentos vanguardistas da arquitetura em Latinoamerica, especificamente neste caso do Perú.

A “agrupação espaço” nasce de um polemico manifesto nos 15 de maio de 1947, que da a ideia da modernidade com racionalidade que leva o progresso, nesta definição que faz Martuccelli podemos perceber claramente que o ambiente no Perú no tempo da metade do século XX, onde diz: “A Agrupação Espaço foi no Perú como o mais similar a um movimento artístico de vanguarda,... um coletivo ativismo com forte desejo de participar dos retos e dos problemas do seu tempo. A vanguarda aspirava se estender outros âmbitos sociais, culturais e políticos,....interessa apontar que a “agrupação espaço” vanguardista a diferença de outras tinha um peso que predominante por arquitetos e não de poetas e pintores”. (Martuccelli, 2012:29) Poderíamos entender que os arquitetos predominavam dentro da esfera da cultura, considero importante dizer que os arquitetos e sua arte de projetar tinham aspectos de um “olhar prospectivo” que era o processo moderno de esse olhar. Sem lugar a duvidas Adolfo Córdova e Eduardo Neira e com concretização da “Revista Espaço” de quem era comandada pelo também arquiteto Luis Miró Quesada, acontecido entre os anos de 1947 a 1950.

F.03 – Imagem da Faculdade de Arquitetura, Urbanismo e Artes da Universidad Nacional de Ingeníeria. (2010)
Fonte: Manuel Ferreyra

Hoje a centenária Faculdade de Arquitetura da UNI pode contar sua historia tanto assim que alguns ex-alunos podem lembrar que vários professores da época pertenciam ao “Agrupamento Espaço” – “O edifício em sua recente construção em 1951, projetado pelo arquiteto Mario Bianco foi alento – desta forma o edifício ensinava a seus alunos os novos lineamentos de um moderno desenho”. (Martuccelli, 2012:31) Este aspecto tem dois assuntos o primeiro a participação de professores e alunos “participavam” deste processo de modernização. Segundo que o edifício da faculdade de arquitetura falava por si mesmo, era exemplo de um edifício neta-mente moderno. (ver imagem F.03 – acima)

“... os artistas e arquitetos peruanos experimentarem a modernidade, mais situados na dicotomia de seu lugar e de seu tempo, do particular e o universal, que não o porquê seja à maneira de exclusão”. (Martuccelli, 2012:47) Este ponto foi fundamental porque sabemos que a arquitetura moderna procurava o “universal”, a procura estava na particularidade – talvez um exemplo mais concreto deu-se com o arquiteto Enrique Seoane Rós, que também era professor de projetos na faculdade de arquitetura da UNI.

F.04 – Fotografia no IV CLEFA no Convento Santo Domingo – arquitetos Fernando Belaunde, Adolfo Córdova e Felix Candela (1968)
Fonte: No livro “Conversaciones con Adofo Córdova” de Elio Martuccelli, 2012. (p.161)

Na primeira conversa que tiverem Córdova com Martuccelli foi em 2005, confirma por parte de Adolfo Córdova onde diz: que com Miró Quesada como professor e com o Manifesto no 15 de maio de 1947 do Agrupamento Espaço, começam a trabalhar de forma organizada e solicitam para Miró Quesada fazer a Revista Espaço, considero que ao ter o elemento de difusão concretizado na revista, foi fundamental porque era a única forma de transmitir os pensamento com caráter moderno, assim a participação do arquiteto Carlos Williams e dos amigos Jorge Piqueras, Samuel Pérez, César de la Jara, Leopoldo Chariase, Sebastián Salazar Bondy entre outros sustiverem o produto cultural moderno. “Além da Revista em forma paralela a Agrupação Espaço realizava conferencias, teatro e consertos de musica organizados por Celso Garrido Lecca e Enrique Iturriaga na baixa dos banhos”. (Martuccelli, 2012:76)

Mais na segunda conversa de 2006, Córdova afirma que “Sim forem anos muito duros se tinha muita dificuldade de fazer a Revista, mais vezes em forma irregular foi muito difícil manter o ritmo que era essencial numa revista” (Martuccelli 2012:90) Penso que o momento era especial, levar a modernidade nas costas para um grupo de pessoas ate em forma reduzida não foi uma tarefa fácil, a sequencia era fundamental para manter os pensamentos modernos, apesar que na linha do tempo do agrupamento espaço durou relativamente pouco tempo mais marcou para a arquitetura e para os pensamentos dos simples mortais um inicio que era diferenciado, para sair do marasmo do antigo tem que arriscar, vanguardas tem essa aptidão , mais si não fosse pelas pessoas que vão atrais de seus ideais não tivesse acontecido.

Sabemos que a modernidade chegou à forma tardia no Perú, não foi muito diferente no Brasil, mais si não fosse à chegada do mestre Le Corbusier com seus cinco princípios modernos, como disse na terceira entrevista em 2007 o arquiteto Córdova ao dizer “Le Corbusier, marco muita influencia em nos” (Martucceli, 2012:113). Em inclusive afirma quando fazem a pergunta: “Da arquitetura de Latinoamerica o que interessa? Na resposta diz – o Brasil abrirem nossos olhos nos inícios da década de 1950. Oscar Niemeyer e o impacto do Ministério de Educação e Saúde no Rio de Janeiro. Depois Brasília com seu edifícios tratados de forma escultórica...” (Martuccelli, 2012:114). Mais devemos recordar que na Revista do “Arquitecto Peruano” de Fernando Belaunde no Perú, Mario Pani de México, Hector Mardones de Chile. Assim como as influencias nas visitas ao Perú por parte de Walter Gropius. Richard Neutra, Felix Candela entre outros renomados arquitetos marcarem a vida deste importante arquiteto peruano Adolfo Córdova.

F.05 – Imagem do projeto do Edifício de apartamento dos arquitetos Adolfo Córdova e Carlos Williams – Chiclayo – Perú (Premio Chavín 1959).
Fonte: No livro “Conversaciones con Adofo Córdova” de Elio Martuccelli, 2012. (p.157)

Para terminar gostaria de dizer que nos textos apresentados o Dr. Elio Martuccelli tem muitos outros temas que são interessantes para mencionar, mais considero que seria impossível explicar tantos assuntos, deixando aquele gostinho de querer saber mais, mais considero que faz parte desta breve exposição de seu livro “Conversaciones con Adolfo Córdova” (2012), sem lugar a duvida tanto na Introdução como no Capitulo inicial Martuccelli deixa muitas reflexões sobre a modernidade. As entrevistas/conversações com o calejado arquiteto e professor Adolfo Córdova nos deixa muitos ensinamentos não só na área da arquitetura, o do importante processo de ação na busca da modernidade com o nascimento do “Agrupamento Espaço”, mais as reflexões que ele faz com a vida cotidiana de forma agradável de contar sua larga trajetória em pro do cambio, que na nossa maneira de ver - marcou e marcará ainda muito em dizer sobre o processo histórico da modernidade.

Goiânia, 23 de Janeiro de 2013..
Arq. Jorge Villavisencio.


Bibliografia
MARTUCCELLI, Elio; Conversaciones com Adolfo Córdova, Instituto de Investigación de la Facultad de Arquitectura, Urbanismo y Artes de la Universidad Nacional de Ingeniería, 2012.

Nota:
As citações apresentadas neste texto forem originalmente no idioma espanhol, a tradução forem feitos por Jorge Villavisencio.
As imagens F.01, F.04 e F.05 – forem scaneadas do livro original em espanhol “Conversaciones con Adolfo Córdova” de Elio Martuccelli (2012).

domingo, 13 de enero de 2013

O sentido da modernidade brasileira.

O sentido da modernidade brasileira.
Arq. Jorge Villavisencio

Ao iniciar o ano de 2013, queríamos dar algumas pinceladas do que representa a arte moderna brasileira, que tem como fundamento a visão de vanguardas, pensamos que é importante relacionar a arte moderna (que como sabemos a arquitetura faz parte das visões artísticas em todos os tempos) com a vida contemporânea. Aproveitamos o livro de Katia Canton “Do moderno ao contemporâneo” de 2012. Trata-se de fazer algumas possíveis reflexões sobre o tema da arte brasileira acima de seus textos, muitos assuntos me chamarem a atenção deste livro, primeiro pelo agradecimento que faz Canton ao seu editor Alexandre Martins Fontes, entendemos isto como empenho de muitos anos de esforço e de acreditar nas suas pesquisas. Segundo em fazer um livro que tenha acesso para as massas populares, não só pelo preço como ela diz: “valor de uma revista” sino pela linguagem simples mais consistente que Canton nos ocupa no seu texto.
CANTON, Katia; Do Moderno ao Contemporâneo, Editora Martins Fontes – terceira tiragem, São Paulo, 2012.

E aqui vão minhas primeiras reflexões: sobre a primeira acreditar nas pesquisas é importante para qualquer pessoa em querer “difundir” seu trabalho em muitos anos de esforço, penso eu que não seria justo para o povo que procura certas formas de cultura que são plasmadas nas artes sejam estas modernas ou contemporâneas, o não conhecer ou pelo menos se informar das formas conexas que tem a arte com a vida cotidiana. Sobre a segunda: e muito “restritivo” obter livros dentro de uma realidade brasileira que tem outras prioridades básicas da vida (mais devo ser correto ao dizer que nestes últimos anos o poder aquisitivo brasileiro tem melhorado – ainda não é o suficiente como queríamos que fosse mais é sensível a uma melhora, apesar de todos das problemáticas socioeconômicas que vive nosso planeta iminente já globalizado), entendemos que escritos como este cumpre com valorações que são sensíveis (claro para quem quiser ver) com nossas formas de vida cotidiana, além claro, de conhecer o processo da iniciação histórica no espaço-tempo nos primórdios artísticos da modernidade . “Nos anos 1960, já dizia o critico brasileiro Mario Pedrosa – a arte é o exercício experimental da liberdade” (Canton, 2012:11).

Como sabemos a modernidade se afirma com a revolução industrial na metade a final do século XIX e perdura durante todo o século XX, mais também a politica influi a sociedade com os pensamentos a partir do ano dos 1917, com a revolução da extinta União Soviética – politica dividida entre o socialismo e o capitalismo.

Sem lugar a duvidas nestes tempos criam novas formas de ver o mundo, já seja pela ”... conter o espirito do tempo, refletir visão, pensamento, sentimento de pessoas, tempos e espaços.” (Canton, 2012:13), mais o que busca é o novo, para isso é necessário “rupturas” nos pensamentos do passado, mais devo ser claro sem esquecer a antiguidade, que serve de base para entender os pensamentos modernos ou contemporâneos. Mais esta ruptura se torna necessário, porque ao final de contas o que procura é a vida com visão “prospectiva”, sem isto se tornaria a vida (expressado nas artes) inconsistente, o produto do “novo” é essencial no pensamento atual. Desta forma nas artes os diversos movimentos modernos se manifestam no abandono dos impressionistas nas academias, na procura de mais liberdade, e assim nascem os pós-impressionistas, os cubistas, o futurismo italiano, etc. O abandono radical das artes realistas fica por detrás, o que procuram são mais “emoções” – lembremos o dito pelo mestre Niemeyer – “a arquitetura tem que emocionar”, faço esta pequena mais simbólica lembrança deste arquiteto que sempre procuro levar o espírito da sua arte através de seus desenhos dentro da cultura brasileira, e claro de aqui a nossa homenagem a Oscar Niemeyer, é gostando o não, sempre será o grande mestre Niemeyer gerador de arte.

Um dos assuntos da Ph.D. Katia Canton nos traz e a ideia do “flâneur” – aquele que transita sem rumo e percebe as entranhas da modernidade, segundo Canton que invento a palavra foi o crítico poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), pensamos que é muito próprio da modernidade a procura da percepção do novo, mais como seria possível conhecer o novo sem entender a promenade (conotação de visão ampla), as diferentes visões e percepções que nos entrega esta ferramenta de visão. Não nos referimos a uma hipótese, mais confirmamos os pensamentos visionários que cada pessoa possa ter com percepções diferentes, não existira pensamento de vanguarda si todos pensássemos igual, o importante são das “diferencias” e o que enriquece os pensamentos na cultura está ligada nas formas como percebemos a arte. A “promenade” na arquitetura tem essa virtude de ordem qualitativa, mais cada um tem sua própria percepção, essa sensibilidade já depende de cada um – e subjetivo, por isso “... é preciso aliar a sensibilidade pessoal do observador, que se torna cada vez mais afiado no próprio exercício da vivencia e observação das obras de arte...” (Canton, 2012:20).

A arte moderna no Brasil vem dos movimentos da Europa e dos Estados Unidos, se situam inicialmente na cidade de São Paulo, estes trazidos pela boa economia que vinha através do cultivo do café, uma burguesia que era crescente nas suas economias, esta sociedade procurava novos sentidos para a vida, e uma delas se deu na arte, proeminentes artistas surgem como o pintor Lazar Sagall (1921-1957), a pintora paulista Anita Catarina Malfatti (1889-1964), o artista carioca Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976), o ensaísta paulista Oswald de Andrade (1890-1954), o escritor maranhense José Pereira da Graça Aranha (1868-1931), o novelista e poeta paulista Mário de Andrade (1893-1945), a pintora capivarense paulista Tarsila do Amaral (1886-1973), dentre outros, muitos destes voltavam de Europa onde rapidamente impulsionarem outras formas de pensar – o modernismo estava presente, todos estes forem precursores da arte moderna brasileira, penso que muitas de formas de pensar (inclusive ate hoje) devemos muito a estes importantes pensadores e artistas modernos.

Para Katia Canton a arte contemporânea “... buscam um sentido, mas o que finca seus valores e potencializa a arte contemporânea são a inter-relações entre as diferentes áreas do conhecimento humano.” (Canton, 2012:49).

Para terminar, como sabemos as diferencias que se da entre o pensamento moderno e o contemporâneo, primeiramente que o pensamento moderno foi um projeto claramente definido que pensamos que se iniciam com a Revolução Francesa no decênio (1789 a 1799) nos seus celebres predicados “Liberté, Egalité, Fraternité”, o “Iluminismo” mudou radicalmente as diferencias entre a antiguidade e a modernidade. O movimento das pessoas marco concreto do moderno, o simbolismo do novo e principalmente do ser racional configuram ate hoje nossas formas de fazer cidades e suas edificações e nas formas do pensar. Mais si pensamos na contemporaneidade, estamos vivenciando numa “provável perspectiva”, algo mais abstrato, sem rumo definido, essa é a incansável procura, são as hipóteses que se irão confirmando o não, como exemplo concreto viver atualmente sem pensar para preservar o “meio ambiente”, e estar fora do pensamento contemporâneo, à sustentabilidade do planeta o exige, já não e uma questão abstrata, é algo concreto, “Quando confrontamos os desafios do século XXI, é a natureza global dos impactos ambientais dos seres humanos que torna imperativo ver todas as pessoas do mundo como nossos parentes. Caso contrário, pouco de nós sobreviverão. Não há ilhas seguras no século XXI.” (Roaf, 2006:21-22), mais penso que virão outras considerações que fazem parte do pensamento moderno e da procura de uma perspectiva contemporânea como da “fraternidade”, algo assim como propõe Sue Roaf como as pessoas do mundo se tornassem parentes, além claro que neste mundo de extremos como da voracidade do capitalismo, faz parte de um individualismo exacerbado, quando sabemos que os pensamentos comuns das grandes massas dos povos fazem que se tenha um equilíbrio, pensar no individual torna-se quase insustentável. Lembremos neste texto que na arte de pessoas como Sagall, Malfatti, Di Cavalcanti, Oswald de Andrade, Graça Aranha, arquitetos brasileiros como Niemeyer, Lelé, Vilanova Artigas, os irmãos Roberto, Lucio Costa, Correa Lima, entre outros, puderem fazer a grande diferença de um projeto moderno claramente definido.

Goiânia, 13 de Janeiro de 2013.
Arq. Jorge Villavisencio


Bibliografia

CANTON, Katia; Do Moderno ao Contemporâneo, Editora Martins Fontes – terceira tiragem, São Paulo, 2012.

ROAF, Sue; Ecohouse: a casa ambientalmente sustentável, Editora Bookman, Porto Alegre, 2006.