martes, 21 de abril de 2015

A escolha da temática: trabalho de conclusão do curso em arquitetura e urbanismo.

A escolha da temática: trabalho de conclusão do curso em arquitetura e urbanismo.
Jorge Villavisencio

A através do tempo temos percebido das dificuldades por parte dos estudantes de bacharelado em arquitetura e urbanismo na escolha da temática que serão desenvolvidos para o Trabalho de Conclusão do Curso, devemos indicar que é um pré-requisito das faculdades de arquitetura e urbanismo para obtenção do titulo de Arquiteto e Urbanista que posteriormente será registrado no Conselho de Arquitetura e urbanismo – CAU.

Sem lugar a duvidas falar deste tema tão importante para os futuros arquitetos e urbanista poderá de alguma forma de facilitar alguns assuntos que são pertinentes para a escolha do tema.
Temos tomado algumas referencia bibliográfica para poder escrever sobre este assunto, como de Juan Antonio Ramírez – no seu livro “Cómo escribir sobre arte e arquitectura”; José Paulo Pietrafesa e Odiones de Fátima Borba – “Do contexto ao texto: desafio da linguagem cientifica”; do mestre Le Corbusier – “Mensagem aos estudantes de arquitetura”; Luis Piscoya Hermosa – “El processo de la Investigación Científica”; Claus Moller – “O lado humano da qualidade”; entre outras referencias que penso que são importantes para o desenvolvimento do presente texto, com caráter cientifica.

A primeira pregunta que vem na mente: Que temática se deve escolher?

Esta pregunta termina sendo muito personal, já que cada um tem uma livre escolha para o processo da pesquisa e posteriormente a entrega de seu projeto. Mais ao longo deste texto poderá ajudar para a escolha do tema.

Algumas perguntas iniciais que cada um se deve fazer: Quem escreve?; Que pensam do assunto a ser tratado?; Quais são seus sentimentos globais sobre a vida, e da disciplina em particular?; A que publico se dirige seu trabalho?
(Ramírez, 1996:13)

É ate fácil de responder as preguntas feitas por Ramírez, mais não é assim, primeiro porque se deve ter o cuidado na seleção das respostas, uma vez feitas às escolhas na pode se dar marcha ré, já que poderia comprometer toda a pesquisa e sua intenção de seu projeto. Sabemos que a arquitetura e urbanismo esta cheia de “intenções” – que na realidade é a parte de seu ser, de seu sentimento, como o explica Le Corbusier:

“Ela é desenhada por valores espirituais originários de um estado particular da consciência e por fatores técnicos que asseguram a materialização da idéia, a resistência da obra, sua eficácia, sua duração”.
Consciência=razão de viver= o homem.
Técnica=tomada de contato do homem com seu meio.
Produto de estudo: a técnica.
(Le Corbusier {1943}, 2005:35)

Pensamos, que este estado “particular da consciência” está relacionado à própria escolha do tema, primeiro porque em nossa opinião o tema eleito tem a ver com seu estado de espirito, algo que está aderido a nossa própria personalidade, uma sensação de uma dialética de familiaridade com o tema, algo que nos põe no nosso próprio interior – poderíamos definir: algo que gostamos, é que gostaríamos de desenvolver, neste caso o tema de arquitetura e urbanismo.

Segundo, as Escolas de Arquitetura e Urbanismo deixam claro que a escolha do tema deve ser por parte dos alunos, algumas escolas tem algumas linhas de investigação: como exemplo na área de arquitetura escolar, área relacionada à cultura: bibliotecas, centro de cultura, teatros, cinemas, centros de arte e outros, edificações habitacionais ou multifuncionais, centros administrativos de diversos tipos, hospitais ou unidade de saúde, projetos de intervenção de edifícios históricos, requalificação de projetos urbanos e paisagísticos, projetos de tecnologia e esportes, na área de edifícios e espaços urbanos com visão de sustentabilidade, projetos de arquitetura de interiores Luminotécnico e de sonorização, e tantos outros que poderão ser desenvolvidos.

Mais sem duvida a escolha do tema a ser desenvolvido no seu projeto tem uma relação de “empatia” com seu próprio espirito (inteligência emocional), sua própria sensação de querer saber mais sobre o tema de sua eleição. Também se exige um conhecimento básico sobre o tema de eleição, pode ser inclusive um tema que foi desenvolvido ao longo da vida acadêmica, em especial das disciplinas de projeto arquitetônico e de projeto urbanístico.

Mais estamos de acordo com classificação das diferentes tipologias de edifícios ou edificações penso que o arquiteto e professor Edgar Albuquerque Graeff como os define em quatro esferas: “a primeira de Edifícios para a Sobrevivência; segundo Edifícios para a Produção; terceiro Edifícios para a Organização; e quarto Edifícios para o desenvolvimento”. (Graeff, 1986:67-68)

Também, influi muito a escolha do professor/orientador para o desenvolvimento do Trabalho de Conclusão do Curso, existem orientadores que conhecem mais determinados temas, pode ser na área de edificações, o na área urbana. Considero por conveniente que antes da eleição de seu orientador, tenham uma conversão sobre o tema de sua eleição, em alguns casos que alguns professores abrem mão da orientação, já que conhecem pouco do tema, é talvez indiquem outros professor que tenha mais domínio do tema, seja este por sua própria experiência vivida, ou por os trabalhos desenvolvidos nos seus mestrados, especializações ou doutorados. Uma boa comunicação entre aluno/orientador deve ser fluida e de bom trato por ambas as partes, é fundamental para o bom desenvolvimento do trabalho.

Algumas sugestões que faz Moller para o bom desenvolvimento do trabalho e de as relações interpessoais: “Devolva as coisas no mínimo nas mesmas condições em que forem emprestadas, tenha ordem em seu trabalho planifique bem seus caminhos a seguir; Comunique-se sempre com a pessoa ou ligação dos seguintes defeitos, deficiências ou outras circunstancia especiais que forem percebidas; Reabasteça qualquer item que poderá utilizar depois, não espere que se termine dificultará seu trabalho e seu tempo perdido; coloque as coisas onde se possam achar... Sempre verifique a qualidade de seu trabalho, antes de passa-lo adiante – seja uma pessoa do tipo *faz/verifica*”.
(Muller, 1992:65-69)

Para os futuros arquitetos e urbanistas, nesta face do seu trabalho de Conclusão do Curso é bastante exigente que em outras faculdades/profissões. Já que além do projeto arquitetônico ou urbanístico, se tem que apresentar o caderno teórico que fundamenta o trabalho, não se trata de apresentar um determinado projeto, sem uma base solida que seja determinante para uma boa qualidade de seu projeto, que em resume, é tudo o que foi aprendido ao longo do curso, aspectos que são necessários é importantes que forem percebidos. Como exemplo nos estudos de caso, onde a disciplina de história da arquitetura ou urbanismo podem ter influído no seu pensamento ou na sua forma de pensar, assim desta maneira facilitará seu trabalho.

O caderno teórico deve seguir certa normatização e caraterização de um trabalho cientifico, sumários, bibliografias, fontes primarias e segundarias, citações, referencias, fotografias, e outros assuntos que faram parte de seu projeto.

“A escolha do tema do projeto de pesquisa precisa ser bem pensado, de forma de permitir um bom envolvimento com o objeto de estudo. Para tanto, é necessário fazer uma leitura exploratória de artigos científicos na temática que for de interesse do pesquisador. Sugere-se que o tema, a ser desenvolvido na pesquisa, seja envolvente do ponto de vista pessoal e que esteja relacionado com a formação profissional. É necessário observar, também, se a proposta é viável cientificamente, ou seja, se tem literatura disponível e o orientador com experiência naquela temática. Observe se haverá disponibilidade de recursos técnicos, tecnológicos e financeiros.”
(Pietrafesa/Borba, 2006:77)

Outro assunto a ser destacado é a relação com contemporaneidade, o estudo/projeto pode ser histórico mais é conveniente que a relação com o passado/presente este em todo momento, a percepção é importante, a relação com o passado é importante, mais deve ser visto como ponto contemporâneo, como é de hoje, quais suas influencias com o contemporâneo.

“A apertura de interesse historiográfico tem o todo, quanto há sucedido, por outro lado dirige a atenção nas vertentes da realidade ate agora, por outro lado basta definir e valorizar o campo denso de seus eventos, reservando uma indagação cuidadosa...”.
(Pizza, 2000:65)

Como tínhamos explicado anteriormente, se exige além do projeto de arquitetura ou urbano, o “caderno teórico” com uma metodologia que servirá para uma maior apreciação do trabalho completo, apressar que na maioria dos trabalhos científicos tem uma metodologia, que por si devem chegar algumas conclusões, uma espécie de analise dos resultados, mais no caso da arquitetura e urbanismo o resultado é o próprio projeto de arquitetura ou urbanismo.

“O analise dos resultados devem ser praticados na própria luz dos critérios lógicos e epistemológicos. Os primeiros se referem principalmente à correção formal dos razoamentos ou deduções que se realiza o pesquisador, e o grau de assertividade das conclusões obtidas. Os segundos estão conectados com a própria capacidade explicativa das hipóteses estabelecidas, e de seu caráter preditivo...”
(Piscoya, 2007:95)

Considero que todo projeto de arquitetura ou urbanismo tem dois momentos primordiais, o primeiro onde trata de “justificar” determinado projeto arquitetônico ou urbanístico, e num segundo momento é a “explicação” do projeto uma espécie de memorial descritivo. Tenho reparado que muitos dos trabalhos de conclusão não têm estas duas partes, e se fazem confusões. Considero que é muito mais difícil justificar que descrever. A primeira trata de entender o “porque” de tudo, e a segunda descreve os fatos (projetos) de como acontecem.

Escrever como modo de pensar – “Os conceitos e o desenvolvimento argumental estão semielaborados na mente do autor. Sabemos que aproximadamente o que queremos dizer, e temos alguma forma de ordem expositivo, assim como os ingredientes eruditos a utilizar, mais não estão decididos em alguns de seus desenvolvimentos, nem os *golpes de efeito*. Podem faltar informações complementarias que procuramos no desenvolvimento do trabalho. Escrever neste caso e dar forma a um pensamento, que não existia com anterioridade, nem as emoções do escritor, eventualmente exaltados pelos seus descobrimento...”
(Ramírez, 1996:42-43)

Para terminar, todo trabalho tem que ter uma pesquisa previa, um entendimento do espaço a ser criado e projetado, como sabemos não são simples desenhos de um determinado projeto, tem muita teoria e pesquisa/investigação acima deste.
Consideramos que o apresentado neste texto nos abre a uma provável “sistematização” de um conjunto de escritos sobre a importância de um Trabalho de Conclusão do Curso. Assunto que pensamos que abordaremos posteriormente, como exemplo sobre a “escolha do lugar” onde estará inserido determinado projeto, se pensa que desta forma poderemos contribuir para um melhor resultado. Consideramos de suma importância de abordar este importante tema (pouco tocado) desta poderemos (o não) elucidar alguns assuntos de pertinência dos estudantes de arquitetura e urbanismo. Mais devemos deixar claro, não existe uma formula precisa de como devemos realizar um trabalho de conclusão do curso, o que podemos fazer dar algumas pautas desta forma podamos (provavelmente) ter mais coerência e consistência para um determinado trabalho.

Goiânia, 21 de abril de 2015.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.


Bibliografia

RAMÍREZ, Juan Antonio; Cómo escribir sobre arte e arquitectura, Ediciones del Serval, Barcelona, 2005.

PIETRAFESA, Paulo; Borba Odiones (organizadores); Do texto ao contexto: desafios da Linguagem Cientifica, Ed. Centro Universitário da UniEvangélica - KELPS, Anápolis/Goiânia, 2006.

LE CORBUSIER; Mensagem aos Estudantes de Arquitetura {1943}, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2005.

GRAEFF, Albuquerque Edgar; Edifício, Editora Projeto, São Paulo, 1986.

PISCOYA, Hermoza Luis; El processo de la Investigación Científica, Editora Fondo da la Universidad Inca Garcilaso de la Vega, Lima, 2007.

MOLLER, Claus; O lado humano da qualidade, Livreira Pioneira Editora, São Paulo, 1992.

PIZZA, Antonio, La construción del pasado, Celeste Ediciones/Universidad Peruana de Ciencias Aplicadas, Madrid, 2000.



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