jueves, 6 de octubre de 2016

A constelação dos espaços culturais contemporâneos.

A constelação dos espaços culturais contemporâneos.
Jorge Villavisencio.

Quando pretendemos explicar sobre os espaços culturais – sejam estes espaços urbanos culturais ou edifícios com fins culturais, temos diferentes pontos de vista do significado profundo do que representam esses espaços para a vida das pessoas.

Nosso ensaio tem como proposito abordar alguns pontos que possam de alguma maneira em poder entender o significado espacial contemporâneo da arquitetura e urbanismo.

F.001 – Museu de Artes Decorativas, Frankfurt (1986) – Richard Meier.
Fonte: Pinterest

Como primeira abordagem temos o pensamento de Diane Ghirardo onde explica que: “Um dos efeitos mais significativos do desenvolvimento geral dos shoppings centers tem sido a confluência entre o centro comercial e o parque temático de uma vasta gama de outros tipos de prédios, mais notadamente o museu, mais também a biblioteca, o teatro ou a sala de concertos. (Ghirardo, 2009:79).

Sobre isto cabe a seguinte reflexão, estes edifícios públicos tem sim participado ativamente de alguns eventos culturais, como concertos de musica, exposições de diversos tipos entre outros.
Mais a posição do espaço comercial do tipo shoppings centers e outros, visam o lucro, e são espaços “adaptados” para os eventos culturais pretendidos, um pouco como medida mercadológica (estratégia) de atrair público para estes espaços comerciais.

F.002 – National Gallery – Ala Sainsbury, Londres (1991) – Venturi, Scott Brown.
Fonte: Pinterest

Notadamente os edifícios comerciais, estão passando por uma reformulação de seu uso em forma contemporânea, como atitude espacial para uso das pessoas. Claro-além da crise econômica que atualmente se vive no Brasil, faz que estes edifícios cumpram com outras funções na qual foi projetada.

“No plano do lazer e da cultura, adquirem significado novo e importância crescente as bibliotecas, os museus, o teatro em todos seus gêneros, as salas de concerto, os auditórios, os cinemas, os clubes recreativos e esportivos...” (Graeff, 1986:58).

Sobre o dito do emérito professor e arquiteto gaúcho Edgar Graeff (1921-1990), tem conotações importantes, primeiro a visão contemporânea de suas citações; segunda a crescente importância da vida cultural das pessoas, talvez pelas diferentes mídias (internet e outros – informação) que são divulgadas pelas redes sociais que sem duvida é válido dizer que são agentes multiplicador de informação (mais não de conhecimento que é uma coisa totalmente diferente). Terceira que cultura e lazer sempre estiverem próximas - uma ligação.

F.003 – Museu e Centro Cultural Davis, Wellesley, Massachusetts (1993) – Rafael Moneo.
Fonte: Pinterest

Mais posteriormente Graeff no seu livro “O edifício” esclarece que na classificação que faz o professor Nelson de Souza em que os Edifícios Culturais, estes englobados na tipologia dos “edifícios para o desenvolvimento com atividades culturais”. Agora na tipologia de Edifícios de Produção na área de vendas como são “lojas, mercados, feiras, supermercados... etc.”.

Mais também indica que nessa mesma tipologia está a de “exposições” como são: “exposições industriais, exposições agropecuárias, feira de amostras, pavilhões de exposições, stands de exposição, vitrines, etc.” (Graeff, 1986:67-68).

F.004 – Centro de Arte Galega Contemporânea, Santiago de Compostela, Espanha (1993) – Álvaro Siza.
Fonte: Sietepecadosinmortales

A nossa segunda abordagem é a que trata da “multiplicidade” de espaços de uso cultural, esta abordagem pode o não estar relacionada com o conceito de edifícios híbridos. Vejamos estas duas definições:

“A utilização do termo híbrido associado a processos arquitetônicos tem vindo a suscitar cada vez mais interesse e curiosidade na realidade contemporânea. Podendo referir-se a campos estruturais, formais, tipológicos, funcionais, entre outros.”
(Das Neves, Sofia. Edifícios Híbridos, Defesa de Mestrado em Arquitetura, Universidade Técnica de Lisboa, 2012).

“Os edifícios chamados híbridos são aqueles que conjugam diferentes usos no mesmo projeto, totalmente independentes entre si, cada um com sua própria gestão, diferentes desenvolvedores e diferentes usuários. Aqui, o objetivo principal foi criar intensidade e vitalidade para a cidade, atrair as pessoas, e favorecer a mistura.”
(Spessatto, Paulo, Verticalização – Edifício Hibrido, Universidade Regional de Blumenau, 2014).

F.005 – Museu de Arte Contemporânea, Monterrey, México (1992) – Ricardo Legorreta.
Fonte: Paronamio

A primeira citação de Sofia das Neves, nos leva a criar certo despertar ou interesse como ela indica. A curiosidade é parte do ser humano, o saber de que trata já faz parte do nosso convívio, dificilmente como “forma e imagem” (Rudolf Arnheim) de um determinado edifício de tipologia cultural não se queira saber de que trata, até porque os edifícios culturais criam não só um despertar na sociedade, mais também um ponto referencial no espaço urbano, além-claro como é indicado que conjugam os diferentes usos num mesmo espaço.

F.006 – Centro de Artes da Universidade do Estado de Arizona (1989) – Antonie Predock e Nelson Fine.
Fonte: Pinterest

A segunda citação de Paulo Spessatto nos parece mais atraente, além que é comum nas duas citações nos “diferentes usos num mesmo espaço”. Primeiro que dentro de cada espaço tem sua própria gestão, é como num mesmo local possam ter diversas empresas, mais cada uma com sua própria gestão, é claro com sua própria responsabilidade administrativa e operacional. Agora achamos de muito interesse ao dizer “intensidade e vitalidade para a cidade”, até porque espaços urbanos, inclusive espaços centrais importantes para a cidade podem ou não estar sendo pouco usados ou frequentados. Pensamos que isto não valoriza a cidade, criar espaços urbanos desertos ou com pouco uso, traz enormes consequências econômicas para a cidade, que ao final todos pagamos, porque todos somos contribuintes porque habitamos nas cidades.

F.007 – Yale Center for British, New Haven, Connecticut (1969-1977) – Louis Kahn.
Fonte: Teoriaeestética – UFRGS.

Penso que num tempo muito curto estes espaços híbridos estão tomado mais incremento no convívio, o aspecto de multifuncionalidade já faz parte do ser contemporâneo.

“A estrutura das nossas cidades – Nossas cidades oferecem inúmeras possibilidades para quem deseja reinventar as edificações ou os elementos que fazem parte da linha do horizonte ou patrimônio arquitetônico, mais que se tornarem obsoletas devido aos diferentes usos de espaços e lugares”. (Farrelly, 2014:80)
Pensamos que na citação que faz Lorraine Farrelly, tem alguns aspectos que valem a pena reflexionar, a primeira esta relacionada com o pensar das cidades, as diferentes possibilidades que nos oferecem os novos usos que podem ter, que é o que a população o povo quer?

Sem duvida os espaços de convivência tem abordado interesse desde a época do século XVIII com o efeito do Iluminismo promovidas pela Europa, nos séculos XIX e ate os anos 70 do século XX com a plenitude da modernidade.

F.008 – Nova Galeria Estatal, Stuttgart (1984) – James Stirling e Michael Wilford.
Fonte: Kuviajes

O conceito de “reinventar” está cada vez mais presente no espaço contemporâneo, como exemplo claro e audacioso da Prefeita de Paris Anne Hidalgo, quando convoca em 2015 para o concurso de 23 espaços púbicos que são de propriedade da prefeitura parisiense, que tem como conceito “densidade, diversidade, energia e resiliência”, onde o fazer de novo ou de uma maneira diferente.

A inovação não só na questão cultural, mais outros aspectos como de moradia, espaços de convivência, outras formas de trabalhar como é coworking, novos tipos de viveiros, outras maneiras de fazer comercio como showrooms, fab labs, lojas efêmeras, e outros.

F.009 – Reinventar Paris – Le Relais Itália (2015), antigo conservatório Maurice Ravel, Paris – Pablo Katz e arquitetos associados.
Fonte: Ame-Archi

Mais nada de isto seria possível sem a participação da população parisiense, que claro, serve como exemplo, até porque sua participação foi fundamental para chegar de uma forma democrática e inteligente de reinventar estes espaços com diversos usos. Agregar em forma participativa, contribuir, reinventar, conviver, democratizar, entre outros, já faz parte do convívio espacial contemporâneo.

Goiânia, 6 de outubro de 2016.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.



Bibliografia

GHIRARDO, Diane; Arquitetura contemporânea: uma história concisa, Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2009.

GRAEFF, Edgar Albuquerque; Edifício, Editado Cadernos Brasileiros de Arquitetura, Volume 7, São Paulo, 1986.

ARNHEIM, Rudolf; La forma visual de la arquitectura, Editora Gustavo Gili, Barcelona, 2001.

FARRELLY, Lorraine; Fundamentos de Arquitetura, Editora Bookman, Porto Alegre, 2014.

http://www.reinventer.paris/en/accueil-es/ (baixado em 05/10/2016)



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