lunes, 5 de febrero de 2018

A intenção dos conceitos arquitetônicos.

A intenção dos conceitos arquitetônicos.
Jorge Villavisencio.

O presente texto é sobre a “intenção dos conceitos arquitetônicos”, de como nasce a ideia de determinado projeto de arquitetura em que foi encomendado, talvez o texto tenha reflexo de pensamentos que possam auxiliar para a toma de decisões de conceitos e do partido arquitetônico.

Mas não podemos pensar que o conceito e o partido arquitetônico são assuntos dissociados, ao contrário são elementos “associados” é um mesmo momento na toma de decisão, é uma unidade.

Temos tomado como referência o texto do mineiro o arquiteto Carlos Alberto Maciel, no seu texto “Arquitetura, projeto e conceito”.

A primeira pergunta que faz um arquiteto: Como iniciar o projeto?

Nesta primeira interrogante está relacionada com “intenção” que tenha o arquiteto para a realização do projeto, vejamos:
Mas devemos esclarecer que a finalidade da arquitetura que em síntese é: “... a arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando determinada INTENÇÃO” – Arq. Lúcio Costa (1902-1998).

Para Maciel a conceptualização está vinculada a três pontos: o lugar, o programa e a construção. Mas todo isto vinculado a questões de premissas “ficção, analogia, metáfora ou discurso filosófico”.

O “lugar” se torna fundamental como primeiro contato espacial que tem o projetista com a realidade, falamos de realidade como algo concreto e mesurável, e claro, vem toda questão dos assuntos pertinente a questões das “condicionantes”.

A apropriação espacial do terreno é fundamental para poder levar o ato projetual de forma concisa, que é a síntese das variáveis que estão em nossas hipóteses. Então, o projeto como tal “surge no momento que se estabelecem conceptos compositivos, funcionais, técnicos e referenciais” (Méndez, 2009:79)

MM.01 – A interpretação pessoal de um terreno.
Fonte: Lorraine Farrelly – Fundamentos da Arquitetura (pp.15).

Para Maciel “A geografia, a topografia e a geometria do terreno, sua conformação geológica, a paisagem física e cultura, a estrutura urbana, o sol, os ventos e as chuvas e ainda a legislação – é conclui tudo está ali”.

Entendemos que tudo esta ali mesmo, mas é necessário ter um poder interpretativo é um aguçado sentido de observação, aliado a própria experiência em que o arquiteto vai se aprimorando através do tempo.

Outro assunto que está relacionado a “compreensão”, sobre isto está vinculado, assim penso, a dois assuntos. O primeiro está relacionado a experiência que tem o professional, sem dúvida através do tempo o arquiteto tem passado por muitas “experiências” no ato projetual, o senso critico vai se aprimorando, sendo pelos próprios acertos, mais principalmente pelos desacertos. Além claro das pesquisas e investigações profundas e consciente da nossa profissão nos exige.

A segunda está vinculada a “observação” do lugar, não só as condicionantes que são fundamentais para a relevância acertativa do projeto, mais sim como processo de “apropriação” do espaço. É provável que pequenas coisas devem ser observadas no lugar onde possam ser importantes ou não. Podemos citar aspectos de “luz e sombra” podem ajudar ao processo criativo do partido arquitetônico. Não existe uma formula concreta, são aspectos que vão tomando incremento conceitual nas nossas mentes.

MM.02 – Levantamento histórico do terreno.
Fonte: Lorraine Farrelly – Fundamentos da Arquitetura (pp.17).

Mas devemos deixar claro que o processo projetual não é um acontecimento de fórmulas precisas, ele pode e deve seguir certas metodologias que estão inseridas dentro da análise e dos diagnósticos, vistos e revistos dentro das condicionantes que fazem parte das pesquisas prévias ao projeto. Condicionantes como: pré-dimensionamento, legislação, isolação, ventos, topografia e outros que fazem partes da análise. O proposito de tudo isto é ter com clareza nossas “diretrizes projetuais”.
Sem essa análise, e sem diagnostico é pouco provável que sejam atendidas as exigências de um determinado projeto com qualidade esperada.

O segundo ponto indicado por Maciel, é a questão do “programa”, o programa como sínteses do que nossos clientes nos solicitam e aspiram, mas temos uma questão de consciência, é ética, assunto que devemos tocar mais na frente.

O uso e as atividades são as que dão origem as demandas de uma determinada edificação. O primeiro a fazer é de definir essas atividades, mas não em questão horizontal (em planta), mas bem em ambos os sentidos (vertical), até porque o resultado da volumetria vem em forma tridimensional.

MM.03 – Esquemas de um programa arquitetônico.
Fonte: Disciplina de Projeto V – Edifício Cultural (2016) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNIEvangélica.

A determinação de espaços está vinculada diretamente à questão das necessidades, onde precisa ser clareza para ser instalado programaticamente no seu projeto. A ambiência se torna importante para os espaços que serão definidos, mas entendemos que são espaços de permanência ou de percurso determinados pela circulação de pessoas, mas também poderiam ter vários usos, talvez algo mais flexível de dois ou mais usos ou atividades como sucede com os espaços para a convivência.

Maciel explica que “...pensar o espaço fisicamente construído a partir de forças e tensões que as diferenciações entre o domínio do individual e o coletivo”.

O programa deve atender aos diversos modos de vida dos usuários, porque as atividades que eles exercem tem que ser atendidas. Também temos uma questão da área a ser construída, que trata deste último ponto deste texto que é a construção.

MM.04 – Maquete física de um programa arquitetônico.
Fonte: Disciplina de Projeto V – Edifício Cultural (2017) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNIEvangélica.

O programa para um determinado espaço físico pode acontecer continuidades, descontinuidades, separações e fragmentações, demarcações, todo isto com fim de entender os domínios entre o público e o privado.

Outro aspecto importante está vinculado a “construção”, podemos entender que a construção é o resultado ou a finalização de todos os aspectos que forem colocados anteriormente. Arquitetos como Lucio Costa, João Figueiras Lima – Lelé tem colocado em varias oportunidades que a essência da arquitetura está na “obra construída”.

MM.05 – Red House (2001-2002) Oslo, Noruega – Jarmund/Vigsnes AS Architects MNAL.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.175)

Mas tem aspectos que são colocados por Maciel que devem ser ditos como: “A definição das fundações, a estrutura, das proteções com as intempéries, das instalações complementares, dos processos construtivos e dos detalhes, bem como a eleição dos materiais, são escolhas do arquiteto que visam viabilizar a realização do espaço imaginário e resulta na forma arquitetônica.” é conclui: “O conhecimento da construção é a única possibilidade de viabilizar concretamente a ideia arquitetônica”.

Sobre isto temos dois assuntos que devemos esclarecer. O primeiro está vinculado a questão do conhecimento dos materiais que serão aplicados a obra, como sabemos todo dia nascem novos materiais que colaboram com a técnica a ser aplicado na construção, assim como a proposta da materialidade em que foi pensado o projeto. Aspectos relativos na proposta do projeto, que sem dúvida vão a dar os aspectos relevantes ao próprio projeto arquitetônico.

MM.06 – Red House (2001-2002) Oslo, Noruega – Jarmund/Vigsnes AS Architects MNAL.
Fonte: Philip Jodidio – Architecture Now 5 (pp.177)

O segundo ponto está relacionado ao processo construtivo, que é a tecnologia construtiva que será aplicada na construção, como sabemos este incide é muito com os custos da obra, desperdício de materiais, tempo excessivo na construção, mão de obra não qualificada entre outros acarreiam custos adicionais sem precisar. Até poderias pensar que não existe uma ética do profissional ou desconhecimento das formas construtivas, por falta de experiência ou simplesmente por falta de pesquisas que possam auxiliar no processo da construção. Como foi dito na citação de Maciel: “O conhecimento da construção é a única possibilidade de viabilizar concretamente a ideia arquitetônica”.

Goiânia, 5 de fevereiro de 2018.

Arq. MSc. Jorge Villavisencio.



Bibliografía:

MÉNDEZ, Rafael; Teoría y prática, La forma del proyecto: enseñar y aprender a proyectar, De arquitectura, Editado Universidad de los Andes, Bogotá, 2009. (pp. 79-91).

JODIDIO, Philip; Architecture Now 5, Ed. Julia Krumhauer – Taschen GMBH, Volume 5, Colônia, 2013. (pp.175-181)

FARRELLY, Lorraine; Fundamentos de Arquitetura, Ed. Bookman, Porto Alegre, 2014. (pp.12-19)

MACIEL, Carlos Alberto; Arquitetura, projeto e conceito, Vitruvius, Arquitextos, dezembro, 2003.
http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.043/633

VILLAVISENCIO, Jorge; A intenção entre a pratica e a teoria da arquitetura, Blog: arquitecturavillavisencio, outubro, 2013.
http://jvillavisencio.blogspot.com.br/2013/10/a-intencao-entre-teoria-e-pratica-da.html

VILLAVISENCIO, Jorge; Estratégias e percepção do espaço da arquitetura contemporânea, Blog: arquitecturavillavisencio, março, 2015.
http://jvillavisencio.blogspot.com.br/2015/03/estrategias-e-percepcao-do-espaco-da.html


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