Ensaio: Arq. Jorge Villavisencio
Uns dos aspectos mais importantes da arquitetura é a “criação do espaço”, nem sempre e fácil contar com referentes que nos outorga essa criatividade, entendemos que a criatividade não vem do ar, ele vem de algumas experiências ou conhecimentos que se vão adquirido através do tempo-espaço. Mais e necessário entender que dentro do “processo arquitetural” esta inserida o “projeção projetual”, como nos sabemos nos estamos referindo ao “desenho”, que dentro da esfera do processo arquitetural encontrem-se todas as etapas: projeção projetual; projeção construtiva; consumo (Ludeña, 1997:86). Mais antes da adoção do partido arquitetônico temos algumas considerações conceituais de difícil entendimento, esta, claro baseada, nas complexidades essências da arquitetura “Na educação arquitetônica, ainda que estejamos limitados ao único meio representativos das plantas, o método do resumo gráfico é importante: a síntese que antecede ao analise” (Zevi, 2009:41), claro, si nos estamos referindo ao desenho arquitetônico, a nossas experiências estão plasmadas das nossas “convenciones aprendidas e sintetizadas em nossos pensamentos”, e não simples traços como o povo pensa.
E aqui vai minha primeira reflexão: Será que população sabe para que serve a arquitetura? Será que o povo sabe qual e a função do profissional arquiteto?
Na verdade, o tema deste ensaio: De donde vem nossa criatividade que da a forma na arquitetura? Mais e muito difícil desvincular das nossas realidades que faz parte da vida profissional do arquiteto, que no fundo são elementos que nos base de pensamentos prospectivos. E claro si falamos de “prospecção” estamos gerando avance, que é um principio de pensamento moderno. Sem duvida a historia das artes (donde também esta inserida a arte da arquitetura) nos ensina que muitos de nossos pensamentos estão baseados em nossas próprias experiências de vida, ou nas procuras destas, na minha maneira de ver esse o principio-nos da este pensamento de “vanguarda” – esse olhar para frente – às vezes incompreendidos hoje – o pensamento “utópico” faz parte das experiências do arquiteto, só para lembrar-se da Carta de Atenas de 1933 – do CIAM.
F.01 – Ministério de Educação e Saúde (1935-1943) da assessoria de Le Corbusier e dos jovens arquitetos brasileiros L. Costa, O. Niemeyer, A. Reidy, E. Vasconcelos, J. Moreira, C. Leão – A forma pura cúbica: a transformação dimensional do cubo vertical.
Fonte: J. Villavisencio (2011)
“A arquitetura é uma das ocupações de produtos humanos, que por uma razão ou outra, oferece uma forma organizada do corpo e do intelecto” (Arnheim, 2001:93), para o filosofo e psicólogo alemão Rudolf Arnheim (1904-2007) nos oferece o conceito/síntese bastante polemico, primeiro a arquitetura de hoje ou contemporânea é considerada uma profissão de “relações sociais” com especificidades “aplicadas”, só com o intuito de complementar, o nosso trabalho de arquiteto nos outorga esse espírito de construção das nossas idéias projetuais, porque entendemos que o “projeto de arquitetura (desenho) e um meio, não e a finalidade. A finalidade esta na obra construída”, ou seja, ver concretamente que nossas idéias são feitas nos desenhos em que estes forem realidades concretizadas na obra construída. O segundo ponto de Arnheim e a questão da “forma organizada” – bom aqui vão nossa segunda dicotomia que faz parte da vida do arquiteto e da arquitetura: “a forma segue a função, ou, a função segue a forma”. Mais antes devemos entender que é forma: a forma e a relação do espaço vazio com o volume ou a massa – deste se desprendem a idéia de forma – como podemos caracterizar algo sem que podassem definir, mais a “percepção das formas as vê porque existem contrastes” (Claux, 2005:44).
F.02 – Casa de uma Guarda Agrícola de Maupertuis (1806) de Claude-Nicolas Ledoux – a forma esférica.
Fonte: L. Benévolo (p.57)
A relação do objeto e dos contrastes entre os claros e escuros nos da à dimensão de contorno/imagem que cria essa forma, alem da profundidade que nos entrega a questão da escala – largura, cumprimento, etc. Mais estas formas sofrem transformações dimensionais “Uma forma pode transformar-se mediante a modificação de suas dimensões, mais não perde sua identidade geométrica” (Ching, 2002.48), às vezes com desdobramentos incluídos a própria criatividade em adições e sustações da mesma forma base – poderíamos induzir aos próprios e insubstituíveis “sólidos platônicos”: a esfera, o cubo, o cilindro, o cone, a pirâmide. Claro, destes elementos forem criados como formas base, só para lembrar-se da forma cúbica a Casa Hanselman (1967) de Michel Graves; o da forma esférica da Casa de uma Guarda Agrícola de Maupertuis (1806) de Claude-Nicolas Ledoux; da forma cônica do Projeto do Cenotafio Cônico (1784) de Étienne-Louis Boulée; da forma cilíndrica da Capela do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (1955) de Eero Saarinen; ou por ultimo da forma piramidal das Pirâmides Egípcias Keops, Kefren e Micerinos (2.500 a. C.) obra emblemática de todos os tempos.
Mais e bom lembrar o que psicanalista e pensador Sigmund Freud (1856-1939) diz: que a gente reconhece as forma puras ou platônicas ao ter a sensação de conhecer anteriormente, só como exemplo: desde crianças todos brincamos com uma esfera (a bola comum) ou o cubo, então nossa mente reconhece automaticamente essas formas e se nos faz parte de nossas vivencias e experiências da vida, por isso apresenta na grande maioria das vezes como objetos que agradam? a nossas mentes ou que simplesmente as reconhecemos.
F.03 – Procuradoria Geral da Republica de Brasília (1995-2002) de Oscar Niemeyer – a forma cilíndrica.
Fonte: PGR – internet (2010).
A segunda e a questão que nos apresenta Arheim e a questão da organização, sem duvida uma das principais tarefas da arquitetura e a “organização de espaços”, então estas relações inter-espaciais devem ter “funções” que estejam vinculadas para os fins que forem solicitados pelos seus gestores, sem duvida na primeira etapa “solicitação do projeto” estas devem ser revelar em forma conclusiva – esta é: Qual e a finalidade da Obra?
Como sabemos a obra esta composta de varias partes, que compões todo, dependendo das complexidades essências do espaço criado, para poder entender as varias partes que compõe o todo, mais as vezes temos que separar – como si fossem construir-se por etapas, um exemplo e a obra do arquiteto austríaco Hans Holein (1934-) na obra do Edifício do Banco Interbank (2000-2001) da cidade de Lima (ver imagem F.04), em principio o que marca sua estética é seu volume central que é um cone invertido esta vista pela fachada principal, e na fachada posterior contem subtrações desta forma, alem que no lado direito temos um cubo com adições, e outro que um cubo com uma inércia visual em desequilíbrio (auditório – ver figura F.05), então poderíamos facilmente distinguir as partes, e não falamos de questões subjetivas, mas bem são questões objetivas das formas geométricas.
F.04 – Banco Interbank em Lima de Hans Holein (2000-2001) – a forma cônica invertida, edifício principal.
Fonte: J. Villavisencio (2009)
F.05 – Banco Interbank em Lima de Hans Holein (2000-2001) – a forma cúbica, o auditório.
Fonte: J. Villavisencio (2009)
Um dos aspectos de importância na criatividade esta inserido na questão do “partido arquitetônico” – que na realidade podem ter variadas origens. Sem duvida talvez a mais coerente seja o analise do “entorno urbano”, penso que é uma forma correta de “vitalizar” ou “revitalizar”, deste se desprende dois pontos: a primeira que ao dizer vitalizar – e o determinada edificação que entrega uma nova perspectiva ao determinado bairro o setor da cidade, sem duvida que si esta edificação esta inserida de forma eficaz dentro de todas as prerrogativas de permeabilidade, variedade, legibilidade, versatilidade, imagem visual apropriada, riqueza perceptiva e por ultimo personalização (McGlynn, 1999), o dialogo entre a cidade e o edifício o inversamente tem uma coerência significativa, penso que o beneficio seja de ambas partes.
Também o segundo raciocínio se da entorno ao conceito do resgate da “memória arquitetônica ou urbanística”, sem duvida ao “revitalizar” o espaço construído estamos dando passo a uma nova forma de entender o espaço, de uma forma mais atual, mais contemporâneo, mais sem esquecer-se de seu passado histórico – que na realidade pode ser visto assim: “... os testemunhos do devier histórico da cultura, expressa os diversos modos de vida nos distintos momentos históricos, recreia o passado e o presente, e condiciona – si preservará – a paisagem habitável do futuro” (Gutierrez, 1996:110), então não é questão de passar patrola, e esquecer-se do passado, nosso espaço construído nos outorga em nossos edifícios do passado – conceitos espaciais recriados – que no final tem preservada a nossa cultura urbana ou arquitetônica do passado, com visões, percepções e usos contemporâneos.
F.06 – Pirâmides Egípcias Keops, Kefren e Micerinos (2.500 a. C.) – forma piramidal.
Fonte: Francis Ching (p.45)
Mais e importante ressaltar que a mobilidade urbana a partir do modernismo se da de acordo aos interesses que são premeditados dentro de uma cultura de visão social ate vezes imposta “Esse movimento geral colocou os vários setores da sociedade moderna dentro de um grande recipiente urbano; em dessa maneiram anulou em grau não pequeno, a separação entre os vários grupos dominantes” (Mumford, 2008:633). Na nossa maneira de ver na atualidade com uma visão mais contemporânea dos acordos exigidos pela mesma sociedade, não podemos desvincular das suas solicitudes, que são premissa inspiradoras de fazer boa arquitetura, porque entendemos que a essência esta atrelada as necessidades do povo, e claro da interpretação que tenhamos os arquitetos em “entender” essas necessidades.
A diferencia da modernidade que veio com projeto bastante firme com objetivos definidos, a posmodernidade é uma perspectiva (Martuccelli, 2009:7) esta na busca de um projeto que possa definir alguns lineamentos específicos. Por outro lado essas buscas de especificidades dão as forças – traduzidas em pesquisas cientificas de ter vários olhares que são ate concordantes com o momento que vivemos. Sem duvida a arquitetura como expressão de suas “formas” vão criando novas percepções do mundo, essa espacialidade de seus desenhos nos permite visualizar os diversos caminhos apresentados por seus arquitetos. Será que o caminho e correto? Mais sem duvida temos avançado no caminho de uma coerência ambiental, esta concordância vem das próprias necessidades criadas pelo bem da humanidade, mais a responsabilidade e de todos, a arquitetura e o estudo da cidade, tentam fazer sua parte em “cuidar e preservar” princípios do pensamento da sustentabilidade. Ser contemporâneos é pensar no ambiente, dificilmente hoje o arquiteto possa projetar sem pensar na escolha dos materiais a ser utilizado nas suas idéias/projetos, ou nas formas construtivas, penso que a arquitetura vai tomando consciência de ter um olhar de respeito com a natureza e o meio ambiente em que vivemos. Penso que muitos profissionais que tem verdadeira consciência contemporânea tem esse olhar diferenciado, é a nova visão com verdadeira orientação de “invenção do espaço construído”.
Goiânia, 16 de Agosto de 2011.
Arq. Jorge Villavisencio
Bibliografia
ARNHEIM, Rudolf; La forma visual de la arquitetura, Editora Gustavo Gili, Barcelona, 2001.
ZEVI, Bruno; Saber ver a arquitetura, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2009.
LUDEÑA, Wiley; Ideas y arquitectura en el Perú del siglo XX, Editora SEMSA, Lima, 1997.
PEDREIRA, Laert; Adoção do partido na arquitetura, Centro Editorial Universidade Federal da Bahia, Bahia, 1989.
CLAUX, Inés; La arquitectura y el proceso de diseño, Editado Universidad San Martín de Porres, Lima, 2005.
CHING, Francis; Forma, Espacio y Orden, editora Gustavo Gili, Barcelona, 2002.
BENEVOLO, Leonardo; História da arquitetura moderna, Editora Perspectiva, São Paulo, 2009.
MCGLYNN, Sue (org); Entornos vitales, editora Gustavo Gili, Barcelona, 1999.
GUTIÉRREZ, Ramón (org.); Arquitectura Latinoamericana em el siglo XX, Ed. Epígrafe, Universidad Ricardo Palma (Lima, 1998), original: Editoriale Jaca Book S.p.A., Milão, 1996.
MUMFORD, Lewis; A cidade na história: suas origens, transformações e perspectivas, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2008.
MARTUCCELLI, Elio, (vários autores); El arquitecto y su obra, Editado Universidad Ricardo Palma, Lima, 2009.
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