viernes, 27 de enero de 2012

Legorreta: uma arquitetura contemporânea com entusiasmo regionalista.

Legorreta: uma arquitetura contemporânea com entusiasmo regionalista.
Critica: Jorge Villavisencio




No final do ano de 2011 (30/12) morre o arquiteto mexicano Ricardo Legorreta (1931-2011), penso, que a arquitetura do México perde um dos mais importantes representantes da arquitetura contemporânea, poderia dizer que um dos importantes expoentes da arquitetura de América Latina, para alguns considerado como seu mentor o importante arquiteto mexicano Luis Barragan (1902-1988). Legorreta e aquele da frase celebre onde diz: “que a função principal da arquitetura – é fazer a gente feliz” (Ricardo Legorreta), sem duvida, com essa frase atua dentro da simplicidade de sua forma de ser. Há pouco tempo esteve com o franco-peruano arquiteto Enrique Ciriani, e também comento da necessidade no querer ter viabilidade da boa arquitetura, e que de alguma forma a gente se sinta felicidade, cabe ressaltar que tudo isso “é muito complexo” porque a arquitetura e o estudo da cidade nos levam as possíveis soluções a determinadas problemáticas, que nem sempre dão resultado esperado. Sempre haverá melhores alternativas inclusive nos projetos de Legorreta são passiveis a bons resultados, talvez uma de suas obras emblemáticas com bons resultados seja a tão citada obra do Hotel Camino Real de 1968 (ver imagem F.01) na cidade de México.

F.01 – Hotel Camino Real (1968) – Legorreta
Fonte: site oficial de Legorreta Ass.


Talvez Legorreta tenha como base não só a questão formal, mais sim os elementos estruturais que faz da convivência de uma parceria entre a questão espacial e a própria sustentação estrutural da obra. Mais acho que também este imbuído nas aplicações no seu entorno, vale a pena ressaltar que existe uma ligação intima na produção imperiosa do local/regional, atitudes como essa familiariza com os edifícios dentro dos padrões reconhecidos da própria cultura, que são assuntos tão importantes (assim penso) para o bom desenvolvimento e regate da paisagem. Um projeto que não se vincula com as necessidades culturais, tem muita probabilidade de ter baixos resultados dentro do entorno urbano, um projeto às vezes tem como aderir aspectos com relevâncias “monumentais” que é uma das características de Legorreta, atrelar edifícios com a vida cultural da cidade facilita um maior entendimento entre as partes, o dialogo fundamenta a boa arquitetura, alem que considero que seja mais expressivo.


Mais devo deixar claro que não devemos concordar com todo o dito (ou expressado neste texto), considero importante e necessário discordar em diversas colocações que possa ter em relação com a arquitetura de Legorreta, talvez não concordando (já que trata de uma critica) possa encontrar “novas fontes que inspirem novas considerações”, sejam estas tecnológicas, funcionais e inclusive ate estética, a importância da arquitetura é que convive com esta realidade, e não como ocultar situações que fazem parte da vida e da produção de um arquiteto, a arquitetura e tão complexa que temos por obrigação utilizar pensamentos ornados na disciplina da filosofia, que nem sempre dão resultados, mais como diz a jovem filosofa brasileira Márcia Tiburi – a filosofia não resolve nada, mais abre novos horizontes ou alternativas onde possam encontrar outras formas de entender e simplificar nossas vidas.

F.02 – Edifício Terracota (2011) – Legorreta
Fonte: site oficial de Legorreta Ass.


Para Legorreta suas obras tinham uma relação e paixão pela cultura mexicana, tanto assim que ele declara nas varias entrevistas que forem feito na sua vida, e claro da rica cultura mexicana tem muita amplitude, estou me referendo ao passado préhispânico, penso que também influencio a Barragan e Villagrán, como tinhas explicado anteriormente ambos arquitetos influenciam a Legorreta. Talvez por seu trabalhado, e das boas relações em outros países inclusive no Brasil (ver imagem F.03) teve nele um renome internacional, e claro por apresentar obras que tenham repercussão internacional, mais nem sempre com o caráter “monumental” ou de “poder” como é qualificado a Legorreta.


F.03 – Residência em Itacaré – Bahia (2010) – Legorreta
Fonte: site oficial de Legorreta Ass.


Podemos interpretar que seus trabalhos têm características natas de uma arquitetura moderna com alcances internacionais, aproveita bem a paisagem local e a translada para como uma arquitetura de “poder”, que era parte da historia dos CIAM. O uso do concreto armado nos entrega esta característica – centro de seus trabalhos – uma boa consonância da estrutura com a estética da edificação, alem da boa proposta de cores nas suas edificações, cores cálidas e claras nos dão pinceladas de sua personalidade de vivencia e da paisagem. Considero que sua percepção com sua integridade vivida têm uma relação com sua arquitetura.


Legorreta, possuído e identificado com uma arquitetura que procura lugar – pertencia – nem sempre todos seus projetos tem essa virtude, o ambiente e o edifício têm que realizar condutas amigáveis, isso é: que o edifício além que faz parte da cidade tem considerações “harmônicas”, a poesia se faz presente, numa articulação espacial, formal, às vezes os recursos utilizados nas questões funcionais, participam da estética do edifício, este e o caso do Edifício do Interbank de Lima (2000-2001) de Hans Hollein, onde existe um volume em suspenso, neste setor funcional restringido não participam outras áreas, como separar um campo de trabalhos especifica, mais este quando e visto por fora o balanço, cria peculiaridades espaciais, a “utilidade da função na questão formal, isso é consonância da arquitetura de uma edificação.

“As mega formas concebidas como cidades em miniatura também podem ser usadas para enfatizar a estrutura da topografia existente e estabelecer lugares identificáveis. O arquiteto mexicano Legorreta demonstrou essa abordagem em diversas ocasiones, desde a formação escalonada de seu Hotel Camino Real em Ixtapa, com vista a praia (1981), ate a montadora Renault que ele construiria em 1985.” (Frampton, 2008:427-428)




F.04 – Hotel Monterrey – México (2007) – Legorreta
Fonte: site oficial de Legorreta Ass.

“Como em muitas outras coisas, o regionalismo em Latinoamerica expressa diversos “regionalismo”, mais sempre tem vigente o componente do ambiente, a paisagem, e a história, os materiais e o modo de vida local, estes como dados básicos de seu desenho.” (Gutierrez, 1998:112)


Sem duvida o carisma de Legorreta afirma uma conduta extrovertida - com princípios de fazer, não só arquitetura, penso que sua arquitetura foi seu “meio de expressão”, mais seu dizer, considero que é mais importante – a vida comum e feliz. Talvez a escola do México e de Latinoamerica possa entender a proposta de Legorreta, penso que nos deixa esse recado, simplicidade das formas, integração da paisagem como o edifícios, percepção aguda de uma arquitetura do passado que pode transformar-se numa arquitetura do presente.


Goiânia, 27 de Janeiro de 2012.
Arq. Jorge Villavisencio

Bibliografia
FRAMPTON
, Kenneth; Historia crítica da arquitetura moderna, Ed. Martins Fontes, São Paulo, 2008.
GUTIERREZ, Ramón (org), Arquitectura Latinoamericana en el siglo XX, Epígrafe S. A. Editores, UPRP-Lima, 1998.

Outras informações:
http://legorretalegorreta.com/




http://www.archdaily.com.br/18732/ricardo-legorreta-1931-2011/



miércoles, 11 de enero de 2012

Souto de Moura e seu Pritzker 2011

Souto de Moura e seu Pritzker 2011
Critica: Arq. Jorge Villavisencio


O arquiteto português Eduardo Souto de Moura (1952-) foi laureado no ano de 2011 com o Premio Pritzker, quem outorga o prêmio e a Fundação Hyatt, nos Estados Unidos de Norte América. Sem duvida a arquitetura de Souto de Moura e merecedora de tal prêmio. Mais o motivo desta critica e de encontrar alguns aspectos que sejam relevantes dentro de sua arquitetura que poderá de alguma forma nos levar as conotações que poderiam ser importantes nos aspectos tecnológicos, funcionais ou formais.

F1 – Burgo Tower (1991-2007) Porto – Souto de Moura
Fonte: site oficial.


Um dos aspectos que chama a atenção e que a Universidade do Porto e segunda vez que é galardoada com o Pritzker, o primeiro foi o Alvaro Siza Vieira no ano de 1992, e agora Eduardo Souto de Moura no 2011, penso que deve ser destacado, como nos sabemos não é comum que sejam premiados pela mesma academia FAU., e claro sabemos da importância do premio no cenário internacional. Só para lembrar que Brasil tem a Oscar Niemeyer (1988) e Paulo Mendes da Rocha (2006).

No caso das torres de Burgo, Souto de Moura tenta ter um dialogo não só entre ambos dos dois edifícios um mais no sentido vertical e outro no horizontal de formas puras, mais encontram uma relação com a cidade, “... a glacialidade abstrata do dicionário da critica arquitetônica e haver criado uma familiaridade, uma sensação de intercambio, uma relação humana entre a arquitetura e o homem.” (Zevi, 2009:163-164). Mais consideramos o obvio, onde seu referencial seja em Mies van der Rohe onde pensamos que este presente no seu comportamento projetual.


F2 – Museu de Historia Paula Rego (2000-2003) Porto – Souto de Moura
Fonte: site oficial.

A obra do Museu Paula Rego, penso que alem dos aspectos formais, claro de foram ostensiva piramidal, tem uma relação com a proposta na paisagem, às vezes a liberdade de expressão, alem é claro como fruto de um projeto que queira levar antecedentes do passado, como proposta da historia imbuída dentro do edifício.
Também os espaços vazios que se dão dentro dos edifícios valorizam os espaços vazios, devo esclarecer que é importante para arquitetura dar “prioridade” aos espaços vazios desta forma alem que valoriza os aspectos estéticos formais, entrega “respiro” entre as edificações. Penso que Souto de Moura valoriza este fato.


F3 – Museu Paula Rego (2000-2003) Porto – Souto de Moura
Fonte: (GTNo.3-4°P-FAU:2011A)

Penso que as cores apresentadas no museu estão atreladas na questão da terra, talvez uma concordância com o meio ambiente onde esta locada a obra, alem claro do contraste entre os cheios e vazios da obra.

Sobre a obra do Estádio de Braga, “É uma obra, por um lado, de grande originalidade e, por outro, de grande sabedoria, no sentido em que é uma obra em que transparece o conhecimento da história da arquitetura.” (Souto de Moura – no GTNo.3-4°P-FAU:2011A) Sobre isso queria colocar o seguinte no cabe duvida que a historia da arquitetura nos entrega “referentes” que nos permitem enxergar atitudes conotativas tanto funcionais como estéticas, em resumo questões espaciais, sempre foi assim, quando a gente analisa ou critica uma determinada obra a tendência e procurar atitudes de comportamento espaciais ou culturais que possam ser aproveitadas no futuro, as vezes com formato historicista ou não. Também pode agregar o fato das questões das “tecnologias” que forem utilizadas no tempo-espaço a evolução das mesmas tem ingerido nos processos de projetação, claro desta forma a arquitetura tem mudado com mais possibilidades tectônicas.


F4 – Estádio de Braga (2000-2003) Portugal – Souto de Moura
Fonte: site oficial.

“Uma obra que possuí beleza própria, que preenche todo um lugar, com linhas definidas, composições puras, como na lateral da arquibancada que tem como forma um triângulo” (GTNo.3-4°P-FAU:2011A). Considero que as formas puras são importantes para a arquitetura, o filósofo Platão já tinhas dito para nos que tais formas (neste caso o triangulo) são reconhecidas pelas nossas mentes – as formas platônicas já fazem parte da nossa convivência da análise formal espacial, mais também considero que a forma triangular tem considerações estruturais no Estádio de Braga, desta forma mantenham um equilíbrio entre os esforços dos momentos vetores, penso que no caso deste projeto alivia de alguma forma a massa construtiva – aliviar o peso através dos aspectos formais tem essa virtude que nem sempre e possível. Também nesta obra tem uma sedução na reinterpretação de uma lógica construtiva alem e claro do contexto do lugar que faz parte do ato projetual de Souto de Moura. As pesquisas realizadas por ele têm essa virtude de poder visualizar diferentes aspectos em especial nos materiais que deverão ser aplicadas nas suas obras, não e a toa como tínhamos falado no inicio que suas raízes de Mies van der Rohe onde diz: “que deus esta nos detalhes” – sem duvida isso se aplica aos pensamentos de Souto de Moura, como tínhamos dito no inicio na obra da Burgo Tower.


F5 – Casa de Cinema (1998-2003) Porto – Souto de Moura
Fonte: site oficial.

Também existe em Souto de Moura uma poesia que tem consonância com o lugar, o entrelaçado com o espaço construído sugere ate certo ponto certas dicotomias que nem sempre se entendem, mais surgem brechas entre a paisagem e o edifício como foi sugerido no Estádio de Braga e a pedreira existente que é a realidade, mais como o “homem” como centro das atenções para quem foi erigido o edifício tem uma relação direta como a paisagem.

No caso da obra da Casa de Cinema do Porto penso que existe uma relação com a necessidade e visão de cidade esta atrelado ao sucesso da obra, “O prédio abrigara uma pratica adequada a uma idéia, e é fundamental que ela seja a coletividade e exista em forma precisa.” (Milanesi, 2003:201)
Penso que obras que levam imbuído questões culturais – com valores agregados – às vezes nem sempre bem entendidos, porque a “ação cultural se faz parte de um grupo e de jeito maneira pode ser solitária”, referentes culturais assim como o movimento de Stilj da arquitetura moderna trouxe comportamentos arquiteturais com atitudes imaginais, os neoplasticistas derem fundamento na importante Escola da Bauhaus alemã, às vezes instrumentação cultural leva a sociedade ate certa forma a questões que vão alem, e também um certo ar de “hedonista” que claro a busca constante do ser humano e busca de isso, “Embora busca de prazer possam parecer um conjunto arbitrário de indulgencias sugeridas, existe, é claro, um método e um significado mais amplo...” (Flocker, 2007:83) Podemos entender que a cultura ou neste caso o edifício dedicado para a cultura possa nos entregar esse prazer, as vezes mascarado, as vezes de forma direta. Talvez a obra da Casa do Cinema de Souto de Moura tenha despertado certa integração de pessoas, penso que é importante para o processo arquitetural, como também a para a vida útil do arquiteto que de forma consciente tem aderência com a vida pluralizada.

Goiânia, 11 de Janeiro de 2012.
Arq. Jorge Villavisencio



Bibliografía


MONTANER, Josep; Después del movimiento moderno: Arquitectura de la segunda mitad del siglo XX, Editora Gustavo Gili, Barcelona, 1999.
MILANESI, Luís; A Casa da Invenção, Ateliê Editorial, Cotia – São Paulo, 2003.
ZEVI, Bruno; Saber ver a arquitetura, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2009.
FLOCKER, Michael; Manual do Hedonista: dominando a esquecida arte do prazer, Editora Rocco, Rio de Janeiro, 2004.
(GTNo.3-4°P-FAU:2011A); Grupo de Trabalho sobre o Tema: Eduardo Souto de Moura; membros do GT No.3: Andréia Vendrusculo, Carolina Guimarães, Cintya Cristina, Bruna Marra, Janira Espíndola, Jairo Barbosa, Raisa Moreira; sobre orientação do Prof. Jorge Villavisencio da disciplina Historia, Teoria, Critica da Arquitetura IV, da Escola do Ambiente (4 período-2011A) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UNIEvángelica, Anápolis, 2011.


Outras informações:
http://porto24.pt/vida/28032011/souto-de-moura-faup-celebra-o-seu-segundo-pritzker-uma-coisa-extraordinaria/


(Jorge Villavisencio – 28/Março/2011 – Porto, Portugal)



http://www.iabgoias.com.br/list_noticias.asp?id=86


(Jorge Villavisencio – 30/Março/2011 – Goiânia, Brasil)