lunes, 8 de febrero de 2016

Contemporaneidade – Lugar da Memoria na cidade de Lima.

Contemporaneidade – Lugar da Memoria na cidade de Lima.
Jorge Villavisencio.

Para os arquitetos e pessoas interessadas que gostam de conhecer novos espaços/projetos contemporâneos, fomos a conhecer (janeiro 2016) a recente obra do Lugar da Memoria (nome oficial: Lugar de la Memoria; La Torerancia y La Inclusión Social – LUM) no limite dos Distritos de Miraflores e San Isidro na cidade de Lima no Perú, inaugurada no ano (2010-2014), projeto dos arquitetos Sandra Barclay e Jean Pierre Crousse (Barclay & Crousse – arquitetos).

F.001 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos
Fonte: Jorge Villavisencio

Sem duvida o escritório de arquitetura Barclay & Crousse nestes últimos tempos se tem destacado por suas propostas de linhas simples, mais muito bem dosadas, com toque de uma arquitetura que este presente de forma contemporânea , entre elas a Casa Equis (2003) em Cañete, a Escola de Artes Visuais (2012) em Miraflores, Museu de Paracas (2012) em Ica, Edifícios de Escritórios Le Gambetta (2003) Paris, Residência dos Estudantes Frida Kalho (2009) Paris, entre outras obras. Mais cabe ressaltar que apressar de serem arquitetos que trabalham atualmente no Perú, forem a morar na Francia por mais de dez anos.

Mais consideramos que a arquitetura contemporânea peruana se tem destacado outros escritórios de arquitetura como de Alexia León, Oscar Borasino, Llosa & Cortegana, Javier Sánchez, entre outros. Assim como de poucos mais importantes críticos da arquitetura Frederick Cooper Llosa, José Garcia Bryce, Wiley Ludeña Urquizo, Elio Martuccelli Casanova.

F.002 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos
Fonte: Jorge Villavisencio

O projeto de arquitetura do Lugar da Memoria foi por concurso publico nacional, e poucas vezes no Perú se registrou uma equipe/Júri de avalição arquitetônica, considero de primer nível, como dos arquitetos Rafael Moneo, Francesco Dal Co, Kenneth Frampton e dos não menos importantes críticos peruanos Willey Ludeña e José Garcia Bryce.

Um dos assuntos mais importantes é onde foi inserida a obra, num alcantilado de difícil acesso, com uma topografia bastante acidentada, numa curva muito pronunciada, mais guarda uma escala que não deturpa o espaço. (ver F.001 e F.003). Talvez com ideia de fazer parte do próprio espaço e de seu contexto.

Sem duvida a paisagem é sensível na vista do mar, claro como parte do contexto urbano da cidade de Lima. Mais a vista desta altura (nível) onde está inserida a obra se volve a paisagem do mar, penso que se torna ainda mais imponente a vista da paisagem, mantendo o edifício como parte da paisagem.

F.003 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos
Fonte: Jorge Villavisencio

A extensa plataforma que é a cobertura parcial da edificação, faz que este espaço seja primordialmente de convivência e contemplação. Porque e correto dizer “... os projetos são ensimesmados, introvertidos, volcados a seu próprio lote. “Se vê”, mais não “Se lê”. (Martuccelli, 2009:11). Consideramos importante o dito por Elio Martuccelli porque neste caso a leitura (“Se lê”) o espaço/projeto e sua inserção do edifício do Lugar da Memoria.

F.004 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos
Fonte: Jorge Villavisencio

Também se diz que “... se lê como uma homenagem nas vitimas do terrorismo que azotou ao Perú nas décadas passadas.” (Cooper, 2010:196). Mais bem tenho certas duvidas sobre isto, talvez seja pela forma como foi pensado o projeto, penso que é algo “austero de linhas simples” e de uma materialidade que relembra as texturas do passado pré-hispânico e do lugar. Mais entendamos que a arquitetura é muito complexa, é será assim, porque isto enriquece as diferencia de opiniões, com todo o respeito que merece cada obra de arquitetura, em espacial a está tipologia de obra.
Como diz “... dificilmente não se da importância a edifícios como museus, bibliotecas, lugares de cultura” (Milanesi, 2003).

F.005 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos
Fonte: Jorge Villavisencio

Pelos diferentes níveis que designa a própria topografia de inclinação acentuada, se criam plataformas na parte mais baixa de seu nível onde se dá o acesso principal. Tenho a impressão que poderia dar “importância ao nível superior” (cota mais alta), assunto que decorreremos mais na frente.

F.006 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos – sentido norte.
Fonte: Jorge Villavisencio

Percebemos que seu acesso principal tem uma escadaria, e uma rampa para pessoas com dificuldades de locomoção (hoje muito importante para arquitetura acessível), e está fixada com algumas placas que compõe a forma e que serve como muros de arrimo do próprio edifício, assim como na placa indicativa no próprio muro em baixo releve que leva o nome da edificação.

F.007 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos
Fonte: Jorge Villavisencio

Apesar de que sua forma é de predominância de linhas retas, existe uma preocupação com os vazios (poucos mais existem) que dá sensação de continuidade em sentido norte-sul, cabe recordar que o mar do Oceano Pacifico mira em sentido oeste, desta forma as placas existentes ameniza o problema da isolação na parte oeste. Abrindo seus espaços das janelas nos sentido norte e sul (ver F.007 e F.009).

F.008 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos – sentido oeste.
Fonte: Jorge Villavisencio

A superposição das formas (ver F.008) cria certo misticismo nos espaços vazios, claro além de criar mais espaços interno com seu pé direto triplo e duplo. Penso que isto favorece o fator climatológico na parte interna da edificação. É claro a valorização do espaço vazio que é tão importante para a arquitetura.

F.009 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos – sentido sul.
Fonte: Jorge Villavisencio

Não deixa de ser interessante o jogo de volumes que tem a parte sul do edifício, conexões e desconexões que criam vazios prismáticos externos e internos, que não guardam nenhuma simetria e paralelismo com as linhas do edifício, mais bem a predominância do jogo de luz e sombra acelera o processo para entendimento destes jogos de volumes.

Fazer politica encima desta tipologia de edifícios – Edifícios para a Cultura – se torna importante é interessante para a cidade, “A formação social é uns dos fatores mais importantes para delinear uma política de Cultura, incluindo aí as formas e funções dos espaços e ela destinados” (Milanesi, 2003:27), penso que de alguma forma o edifício do Lugar da Memoria tem logrado.

F.010 – Lugar da Memoria – Barclay & Crousse – arquitetos – Totem de indicação.
Fonte: Jorge Villavisencio

Mais pode perceber que no acesso na parte superior da edificação (cota mais alta) o acesso se torna dificultoso é de acesso mínimo com uma grade/porta de menores dimensões. Lembremos que o grande espetáculo neste edifício é a “contemplação e a convivência”. Penso que se deveria ampliar seu acesso pela parte superior, facilitando uma maior participação e visitação ao edifício, talvez (si não foi pensado, porque percebi que em algumas partes ainda não estão concluídas, como é o caso do paisagismo) dando passo as pessoas que transitam a pé, sem duvida temos que dar mais prioridade aos pedestres/pessoas, e não só aos veículos, valorizar os espaços urbanos se torna importante para uma boa arquitetura. Considero (si não foi pensado) que é fácil de resolver. Continuidade espacial no contexto urbano.

Por último, “A casa da cultura é um núcleo articulador de ações que se ramificam pela cidade, um centro irradiador e não uma fortaleza cercada por um muro que só os iniciados atravessam.” (Milanesi, 2009).
Espaços tão formosos onde foi inserido esta edificação do Lugar da Memoria, torna-se importante e necessário fazer a conhecer, o fato de não cobrar acesso ao edifício (ver F.010 – Totem) já é um primer passo, em espacial para as pessoas menos favorecidas social e economicamente. Fazer uso destas explanadas (plataformas) na parte superior (coberturas) e na parte inferior (estacionamentos) poderiam se tornar uma espécie de gentileza urbana, que é tanto necessário desta tipologia de edifício.


Goiânia, 8 de fevereiro de 2016.
Arq. MSc. Jorge Villavisencio.


Bibliografia

RAMÓM, Jarne Ricardo (coordinador); El arquitecto y su obra, Ed. Agencia Española de Cooperación Internacional, Lima, 2009.

FERNÁNDEZ-GALIANO, Luis (coordinador); Atlas del siglo XXI – América, Ed. Fundación BBVA, Bilbao, 2010.

MILANESI, Luís; A Casa da Invenção, Ateliê Editora, Cotia, São Paulo, 2003.


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