viernes, 6 de mayo de 2011

Edifício Martinelli: o processo de verticalização da arquitetura de São Paulo

Edifício Martinelli: o processo de verticalização da arquitetura de São Paulo
Critica: Arq. Jorge Villavisencio



Quando nos referimos ao edifício Martinelli, que está localizado no centro histórico da cidade de São Paulo, o primeiro que se nos vem na mente, e a soluções arquitetônicas que se dão da verticalização dos espaços a ser projetados. E evidente que a historia deste importante edifício tem uma relação conotativa para a cidade de São Paulo. Mais pensamos que tem outras muitas considerações que são relevantes no conjunto da obra.


Como e de práxis faremos algumas perguntas iniciais: Qual e a importância deste edifício para a cidade de São Paulo e Latinoamerica?; Qual e a relação espacial do edifício Martinelli no contexto da cidade?; Porque e importante este edifício para a arquitetura? São muitas questões que podem ser levantadas entorno este edifício, mais a nossa proposta e de achar certa relação da arquitetura dos contextos do passado e do presente, com isso queremos dizer: das interpretações que esta imbuída na mesma essência da arquitetura, que em síntese, como diz Bruno Zevi: “a historia das concepções espaciais”.


F.01 – Edifício Martinelli – Vista Frontal
Fonte: J. Villavisencio (2010)


A historia do edifício Martinelli data entre os anos de (1924-1929), o empreendimento foi do empresário italiano Giuseppe Martinelli (1870-1946) [com recursos próprios], o projeto arquitetônico foi efetuado pelo arquiteto William Fillinger (de origem da Hungria), talvez seja emblemático este edifício para a cidade de São Paulo por ser uns dos edifícios “arranha céus” mais altos na aquela época – com 25 andares, e uma altura de 105.65 metros. (Segawa 1998:63)
E evidente que aquele tempo não existia edifícios de essa altura, neste tipo de obra tem como marca o desenvolvimento da cidade de São Paulo, o espírito de da boa bonança estava explícita neste empreendimento, sendo um edifício feito pela empresa privada.



F.02 – Edifício Martinelli – Vista Lateral
Fonte: J. Villavisencio (2010)


A historia dos skycraper nasce na cidade de Chicago, especificamente com o arquiteto Williams Le Baron Jenney (1832-1907), a importante Escola de Chicago nasce depois do grande incêndio de 1871, que devastou a cidade de Chicago, em aquele tempo as construções eram de madeira, material extremamente inflamável, mais como sabemos “depois de um grande desastre – as cidades se levantam, talvez com outros pensamentos”, se criam novas formas, que atingem mais nas áreas tecnológicas construtivas, e claro dos novos conceitos espaciais. Le Baron Jenney talvez fosse o primeiro deste pensamento artístico e tecnológico arquitetônico, também a minha maneira de ver o enigmático e controvertido Louis Sulllivan (1856-1924) reforça nesta ideal do que é arquitetura moderna. Uma nova maneira de ver o ambiente urbano, mais o temor na segurança depois do incêndio fazem conceituar uma nova forma tecnológica construtiva baseada no uso de estruturas em aço e do concreto armado. Penso que todo isso teve influencias diretas na forma de percepção de Martinelli, porque como tínhamos dito no inicio não existiam arranha céus.



F.03 – Edifício Martinelli – Acesso Principal – Av. São João No.35.
Fonte: J. Villavisencio (2010)


Mais esta concepção critica de este tipo de obra no Brasil de Luigi Pirandello (1927), onde diz: O arranha céus no Brasil, provem de um erro profundo. É injustificável e lamentável numa terra rica em espaço esse sistema de construções que em outras cidades, em Nova York, por exemplo, tem sua explicação de ser. (Luigi Pirandello, 1927 in Segawa 1998:63)
Em feito o Brasil com seu basto espaço livre, se apresenta este tipo de soluções verticalizadas, penso num primeiro momento na localização do edifício Martinelli Av. São João, no triangulo das ruas Libero Baradó e São Bento, lembremos no passado que esta área urbana alem de ser centro, tinha como importância o ponto econômico financeiro da cidade que depois a meados do século XX se translada para a suntuosa Av. Paulista.



F.04 – Entorno Urbano da Avenida São João – Centro de São Paulo
Fonte: J. Villavisencio (2010)


No caso de America Latina não se apresentavam este tipo de soluções de arranha céus, por isso tem esse despertar como um monstro adormecido (ate aquela época não conhecido), onde morfologicamente a cidade se converte em forma “verticalizada”, devemos explicar que era inovador na época, e desta forma cria-se uma nova forma social, econômica e cultural de viver, varias outras cidade nos Estados Unidos de Norte America assumem este valores, posteriormente em outras partes do mundo também adotam estes valores urbanísticos e arquitetônicos.
“... era igualmente uma tentativa de conseguir a liberação ante as convenções e compulsões às vezes estéreis de uma sociedade urbana: um esforço, dados necessários meios financeiros, no sentido de viver a vida em seus próprios termos, mesmo isso significasse vive-la sozinho; o anarquismo da bolsa recheada, a heresia do individuo privado a procurar conter dentro dos limites de uma família particular as funções de uma comunidade inteira. (Mumford 2008:579)


F.05 – Entorno Urbano da Avenida São João – Centro de São Paulo
Fonte: J. Villavisencio (2010)


Com relação a sua estética formal, o edifício Martinelli pode ser definido de estilo “eclético”, mais lembremos que nos inícios do século XX, a arquitetura no Brasil sofre uma boa influência da arquitetura Art Déco, cidades que recém forem planejadas como Goiânia, tinham o estilo do Art Déco, mais também cidades como Bahia, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e no próprio São Paulo se apresentava este tipo de estilo. Já no Edifício Martinelli tem alguns resquícios de uma arquitetura que relembram do tipo barroco, claro baseado num eclecticismo conceitual do Art Nouveau, esta condição do Art and Craft forem questões muito bem estudadas na “historia das conceições espaciais” (afirmação imbuída de Bruno Zevi), o que chama a atenção e seu coroamento, um estilo claro definido com eclético, mais com uma harmonia de conceitos “amplos”, como si fosse a desvincular das partes que compõe o edifício, um barroquismo desprendido dos conceitos de configuração do todo arquitetônico, uma conceição atribuída a Giuseppe Martinelli como agregação de “poder”.


A tecnologia construtiva do edifício baseado no uso do betom armado e alvenaria, da uma nova visibilidade de prospecção do “modernismo”, como tinha dito anteriormente, de pensamentos e ações da Escola de Chicago, alem e claro do produto e processo da industrialização no Brasil.



F.06 – Edifício Martinelli – Vista
Fonte: J. Villavisencio (2010)


Emilio Cecchi escreveu acuradamente: O arranha-céu não é uma sinfonia de linhas e de massas, de cheios e vazios, de forcas e resistências; é, antes, uma operação aritmética, uma multiplicação (Benévolo 2009:236)
Nesta frase penso que se pode considerar como uma ação de multiplicação destes conjuntos idéias em verticalizar a cidade, as soluções ante uma sociedade que procura um certo equilíbrio das necessidades indulgentes de propostas de rever o espaço a ser projetado, considerações de um maximo aproveitamentos (seja certo o errado?) dos terrenos disponíveis, alem e claro das novas condições financeiras das bonança econômicas que teve a cidade de São Paulo.
Traduzidos nos edifícios arranha-céus como objetos contundentes de “poder”.


Para finalizar, o emblemático edifício Martinelli foi adquirido no ano de 1979 pela Prefeitura de São Paulo pelo prefeito Olavo Setúval, que nos espaços interiores alem das lojas de uso comercial que existem no pavimento térreo, nos pavimentos superior tem escritórios como da Cohab-SP, Emurb, as Secretarias de Planejamento e de Habitação da cidade de São Paulo.


Si bem e certo a arquitetura pode ser vista de diferentes olhares de relações sujeito-objeto, que são considerações às vezes formais, às vezes sociais, às vezes visto dentro das questões urbanas, etc., mais sem duvida o tempo transcorrera e os olhares poderão cambiar, mais queda como premissa que a arquitetura do Martinelli esta “viva”, por isso tem que “conservar, cuidar” porque neste edifício está registrada a memória arquitetônica e urbana da cidade de São Paulo e de America Latina.

Goiânia, 6 de Maio de 2011.
Arq. Jorge Villavisencio

Bibliografia
SEGAWA, Hugo; Arquiteturas no Brasil 1900-1990, Ed Universidade de São Paulo, São Paulo, 1998.
ZEVI, Bruno; Saber ver a arquitetura, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2009.
MUMFORD, Lewis; A Cidade na Historia, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2008.
BENEVOLO, Leonardo; Historia da arquitetura moderna, Editora Perspectiva, São Paulo, 2009.


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