sábado, 14 de mayo de 2011

Pampulha: o pensamento de visão moderna da arquitetura de Oscar Niemeyer

Pampulha: o pensamento de visão moderna da arquitetura de Oscar Niemeyer
Ensaio: Arq. Jorge Villavisencio



O projeto da Pampulha (1942-1944) pode ser considerado uma obra prima da arquitetura moderna brasileira, e seu primeiro projeto individual (com força internacional) do arquiteto Oscar Niemeyer, em efeito muitos se têm escrito de seus edifícios, mais com o intuito de buscar novas fontes inspiradoras que possam achar novas percepções. Além que já faz parte da arquitetura de pensamento moderno no só do Brasil, mais esta é expandida como parte do movimento moderno da arquitetura internacional.


É evidente que o momento político era especial e pertinente – de origem de vanguarda para apresentar novas propostas em todas as formas de pensar, claro de pensamento moderno, a procura pelo avance (prospecção) tinha esse elemento do dinamismo que extrai como fundamento sócio-político visão e percepção do Juscelino Kubitschek (1900-1900), Prefeito de Belo Horizonte, sem duvidas esta obra deu destaque para sua carreira presidencial.
A obra da Pampulha previa cinco edifícios: um salão de dança popular, o cassino, um clube de destaque social, uma igreja e por ultimo um Hotel (esta ultima obra não se concretizou).

F.1 – Obra do Cassino (1942) – Niemeyer visualizado a marquise – Pampulha
Fonte: site oficial Oscar Niemeyer


Os edifícios da obra da Pampulha ficam na margem do lago artificial, “...o prefeito Kubitschek procura ao arquiteto Oscar Niemeyer já conhecido nacional e internacionalmente Kubistchek, cujo dinamismo e ação empreendedora promoveram sua carreira política, decidiu seu primeiro contato com ele, valer-se de seu talento do arquiteto. “Confiou-lhe a tarefa de projetar um conjunto de edifícios... (Bruand 2008:109).


Considero que a proposta foi interessante no sentido de levar para foras da cidade (poucos km. de Belo Horizonte) outra proposta urbana que saia do convencionalismo urbano da época. Talvez como o intuito de duas medidas: a primeira uma maior participação da sociedade em tais edifícios, mais principalmente nas áreas publicas (espaços livres) na busca de uma troca, poderia definir de inter-relações sociais e culturais, este cambio de experiências traz estímulos que são questões culturais regionais, mais também extrapolam intercambio local, tantos assim, que a obra da Pampulha a posteriori toma dimensões internacionais através de sua arquitetura e do próprio Oscar Niemeyer. Tenho lido em alguns textos que se referem nesta obra só como efeito de Kubistchek, mais devemos lembra que a percepção na busca de uma arquitetura de vanguarda de Niemeyer teve considerações mais amplas, sem ele não tive-se chegado a ter as dimensões nacionais e internacionais, e isso já faz parte da historia da arquitetura modera.

A idéia de desenvolver uma zona suburbana predominantemente de Lazer tinha fundamento: o gosto pelo jogo, profundamente enraizado, assegurava rentabilidade do cassino, e o lago constituía um quadro magnífico para a prática de esportes náuticos e das atividades mundanas, tão importantes aos olhos da alta sociedade brasileira. (Bruand 2008:109)


F.2 – Implantação da Pampulha – Belo Horizonte
Fonte: Google Earth (2011)


Niemeyer (de pensamento político de esquerda) ... desde seu ponto de vista, sempre se identifico a tarefa de arquiteto com os problemas coletivos e com os grandes problemas sociais, mais nunca se constrangeu em projetos individuais ate mesmo suntuosos, destinado para as classes abastadas. (Bruand 2008:110) Mais penso que a visão de Niemeyer tinha aquele “espírito amplo”, no sentido, que através de sua arquitetura ele poderia atingir outras visões formais com clareza e versatilidade, porque em minha opinião a arquitetura “é para todos”, todo tipo de preconceitos ficaria para trás é não cria nada, gera regresso (retrocesso) em isso não nada moderno. Sem sombra de duvida Niemeyer procurava algo novo “inovador”, algo que pude-se ser transmitido pela sua arquitetura, uma reflexão que desse para Niemeyer um novo “espírito prospectivo” que possam ser contemplado em alguns casos ate admirado, e a vezes copiado, não nos referimos na questão formal, mais sim no espírito amplo de ver, analisar, imbuir neste tipo de arquitetura. “Mais alguns contra a Pampulha se insurgiam, incapazes de acompanhar nas formas mais livre que propúnhamos.” (Niemeyer 1978:30)


Mais como o define Kenneth Frampton “o gênio Niemeyer atingiu seu ponto culminante em 1942, quando, aos 35 anos de idade, criou sua primeira obra prima, o Cassino da Pampulha.” (Frampton 2008:311). Vejamos que ate hoje com seu mais de cem anos de idade “ainda ele surpreende” que é o que Niemeyer faz de sua arquitetura: “criar surpresa”. ...uma criação inteiramente nova, que surpreende pelo aspecto inesperado de sua linhas oblíquas, mas que conserva ao mesmo tempo uma clareza geométrica, digna e uma pureza própria das grandes realizações clássicas. (Bruand 2008:111-112)


Sua reinterpretação das bases que tinha de Le Corbusier teve um efeito de preponderância nas propostas de Niemeyer, sua vivencia na execução da obra do Ministério de Educação e Saúde (1936) na cidade de Rio de Janeiro, derem para ele os frutos esperados, em especial nos aspetos da “promenade”, este recorrido faz que suas obras possam ser olhadas baixo diferentes pontos de vistas, claro dentro da proposta do recorrido de Niemeyer, talvez no sentido da mesma contemplação de sua arquitetura, nada comum para a época. “Nem todos sorriam. Para os mais dotados, Pampulha era uma opção atraente, permitindo a liberdade que o funcionalismo recusava. Para outros um caminho difícil de seguir.” (Niemeyer 1998:30)


F.3 – Projeto de Arquitetura do Cassino (1942) – planta baixa
Fonte: Bruand (2008)


F.4 – Projeto de Arquitetura do Cassino (1942) – vista
Fonte: site oficial Oscar Niemeyer
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A idéia de barroco se impõe na obra de Niemeyer e nos painéis de Candido Portinari e também nas formas de realização de sua arquitetura. “E as palavras barrocas e fotogênicas se repetiam, vazias e gratuitas, pois os que nos contestavam nada de novo. A idéia do barroco, que Herbert Reed tão bem compreendiam, resumia-se para eles num termo pejorativo, cujas nuanças e significado desconhecer. "A própria curva, que tanto os perturbava, era por eles desenhada de forma frouxa e desfibrada, não a sentido, como nos, estrutura, feitas com curvas e retas.” (Niemeyer 1978 32)


Esta afirmação tinha antecedentes na historia da arte de projetar, lembremos que antes do nascimento da palavra “Estética” (o alemão Baumgarten foi que deu o nome século XVIII), se falava da “beleza”, e foi o inglês William Hogarth (1697-1764)que reivindicava a discussão da questão da beleza e dizia: ...os princípios da natureza são chamados a formas belas a forma de certos corpos feias as outras (...), fazendo uma consideração mais minuciosa do que tem feito a natureza ate hoje nas diferentes combinações das linhas, que fazem de surgir na nossa mente idéias de toda variedade de formas imaginais. (Hogarth, 1753; 1997:13), talvez a proposta da utilização das linhas curvas e retas propostas por Niemeyer, ditas como barroquismo, tem considerações mais amplas, claro como primeira medida da questão de gosto estético, mais também das condições das estruturas dos edifício, tal qual o define o mesmo Niemeyer.
Como nasce a arquitetura segundo Niemeyer: De um traço nasce à arquitetura. E quando é bonito e cria surpresa, ela pode atingir, sendo bem conduzida, o nível superior de uma obra de arre. Mas essa fase inicial exige por antecipação que o arquiteto se integre nos problemas tão variados do trabalho a executar. (Czajkowski 1998:37)


F.5 – Projeto de Arquitetura da Igreja (1942) – vista posterior
Fonte: site oficial Oscar Niemeyer.

F.6 – Projeto de Arquitetura da Igreja (1942) – perspectiva
Fonte: Hugo Segawa.


Inspirados pelo racionalismo de Le Corbusier, os arquitetos tomarem como premissa a estrutura independente aditada por quase todos, que permitia toda liberdade no tratamento das fachadas (Bruand 2008:114) Mais alem da questão formal, têm considerações das formas tecnológicas construtivas, “...ousadia execução para uma época em que o calculo e a técnica estruturais eram bastante eram bastante simples. No entanto, a ousadia como um todo teve conseqüências: a direção eclesiástica. Por exemplo demorou quase 20 anos para autorizar o uso da igreja” (Othake 2007:15) o uso de “concreto armado” tem essa maleabilidade de poder colocar as formas agradáveis na vista, bem sobre isso para alguns pode- se tornar desagradável o simplesmente não gostar, mais aí se encontra a valoração da critica da arquitetura nem sempre “agrada a todos” em minha opinião a arquitetura tem que buscar a polemica, discutir todas as partes que nela compõe, desta maneira podemos entender o “todo” que é o conjunto da obra, mais sem duvidas a arquitetura da Pampulha reflexa bem o modernismo brasileiro.
“O conjunto da obra da Pampulha viria a ser considerado um dos pontos fundadores do modernismo Brasileiro”. (Othake 2007:16)


Existe por tanto uma unidade nessa arquitetura brasileira que se desenvolveu de só uma vez, pouco antes e durante a Segunda Guerra Mundial, chegando à maturidade no final desta. (Bruand 2008:115) Como todo processo que se vai construindo ao longo da arquitetura brasileira, talvez Niemeyer tenha chegado o mais perto possível da realização deste cambio “um processo de construção de idéias modernas que se transformam no espaço-tempo em ideal de arquitetura”.


F.7 – Projeto da Pampulha – croquis de Oscar Niemeyer
Fonte: Jorge Czajkowsk


A ruptura que o funcionalismo havia determinado em relação ao passado encontrava em Niemeyer um arquiteto que, tomando todas as características dessa nova arquitetura, conseguia ainda – e daí sua grande originalidade – trazer elementos históricos da cultura de seus pais. (Othake 2007:16).


Penso que nesta frase sintetiza bem o pensamento de Niemeyer, tanto assim que ate hoje depois de transcorridos mais de 60 anos desta obra, ainda gera polemica. Mais a obra da Pampulha e o mesmo Niemeyer deixam como ensinamento que o processo de criação da arquitetura brasileira, está relacionado aos conceitos amplos da cultura, assunto que vem sendo discutido. Mais também tem outras discussões, porque ao final de contas o arquiteto vive nas dicotomias que faz parte da vivencia e experiência da arquitetura si a “forma segue a função” ou inversamente, Esso faz parte do convívio do arquiteto, talvez ao longo da historia da critica da arquitetura tem-se focado neste tema entre a arquitetura formalista e a funcionalista. Gerar discussão, para criar debate é muito importante para a construção da arquitetura e o urbanismo, sem essa importante ferramenta de trabalho, a nossa percepção desta arte se imbui nas nossas diferencias, ser não homogêneos nos entrega essa virtude na concepção de criação de espaços.

Goiânia, 14 de Maio de 2011
Arq. Jorge Villavisencio

BRUAND, Yves; Arquitetura contemporânea no Brasil, Editora Perspectiva, São Paulo, 2008.
FRAMPTON, Kenneth; Historia crítica da arquitetura moderna, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2008.
NIEMEYER, Oscar; A forma na arquitetura, Avenir Editora, Rio de Janeiro, 1978.
OHTAKE, Ricardo; Oscar Niemeyer, Editora Publifolha, São Paulo, 2007.
CZAJKOWKI, Jorge; Uma homenagem a Oscar Niemeyer, Ed. Unidesign, Rio de Janeiro, 1998.
HOGARTH, William; Análisis de la Belleza, {Analysis of Beauty, 1753}, Editora Visor Libros, Madrid, 1997.


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