jueves, 27 de enero de 2011

Catedral de Rio de Janeiro e seu lado formalista (1964-1979)

Catedral de Rio de Janeiro e seu lado formalista (1964-1979)
Critica: Arq. Jorge Villavisencio


Tem varias formas de analise desta obra que pode ser considerada como “modernista”, este olhar critico arquitetônico da Catedral poderia se basear nestas quatro áreas: a formalista, a semiótica, a psicanalista e por ultimo a sociológica, pero neste caso nos vamos a referir só no caso do seu lado formal de atitude formalista como obedece ao titulo deste texto, está claro que referimos ao lado formal estamos a raciocinar sobre “forma” que na realidade é a relação da massa com o espaço vazio, e nestes termos se analisará aspectos como: massa, linha, volume, movimento, etc.

Catedral de Rio de Janeiro – vista geral em elevação
Fonte: fotografia Jorge Villavisencio (26-01-2011)

Mais antes faremos uma breve síntese da historia arquitetônica desta edificação, o nome oficial é a “Catedral Metropolitana de São Sebastião de Rio de Janeiro” localizada no centro histórico desta cidade, de propriedade da Arquidiocese de Rio de Janeiro, o autor do projeto de arquitetura foi o Arquiteto Edgar Oliveira da Fonseca, mais também estiveram presentes na obra artistas plásticos como Paulo Lachen Mayer (interiores), Nicola Zenotto (lampadários), Mario Agostinelli (portada), Marli Crespo Azeredo (trabalhos em mármore) e Humberto Cozzi (pia batismal). A obra demorou 15 anos em ser construída de 1964 a 1979, foi inaugurado oficialmente o dia 15 de Agosto de 1979, e tem uma área de construção de 8.000 m2. (aproximadamente), em sua base em forma de circunferência tem 106 m. de diâmetro, e tem uma altura externa de 75 m. e interna de 64 m. tem capacidade para 20.000 pessoas dos quais 5.000 sentadas. Sua estrutura e de concreto armado aparente, os quais forem adoçados entre nervuras no plano vertical os vitrais que em uma altura de 60 m. O Campanário é externa executada posteriormente no ano de 1985 que é de concreto armado.

Catedral de Rio de Janeiro – detalhe da estrutura nervurada externa
Fonte: fotografia Jorge Villavisencio (26-01-2011)

Poderíamos iniciar sobre a sua localização em relação à cidade, é evidente que o edifício numa escala que surge num contexto urbano que não e comum as outras edificações (referencial formal da obra), mais seu recuos laterais liberam certo ar de interdependência – outorga respiro – alem e claro de uma imponência edificatoria, este se basa numa rotina feita através do tempo-espaço pela categoria: tipologia arquitetônica – segundo o arquiteto Edgar Graeff – quando diz: edifícios para o desenvolvimento – atividades religiosas e culturais (Graeff 1986:67-68), mais não só como uma atividade religiosa comum, porque ao final de contas tem a categoria edificatoria da Catedral, de uso netamente religioso, e como é obvio todas as cidades de menor ou maior dimensão tem seu edifício para o culto religioso, penso também que as dimensões (escalas) deste tipo de edifício têm uma relação direta com o desenvolvimento socioeconômico ou no vislumbramento a futuro da cidade que tem influência de suas regiões ou do conglomerado metropolitano. Então podemos resumir que sua organização espacial é central.

Catedral de Rio de Janeiro – implantação
Fonte: Google Earth (2010)

Si bem é certo que seu plano base horizontal e de forma circular, seu campo de força e verticalizada levando o edifício para o céu (em similitude da Catedral de Brasília de Niemeyer), esta relação da massa alem que de fato gera “rotação” – que a minha maneira de ver cria uma sensibilidade e ação de “movimento”, quiçá com a idéia de tirar um pouco o peso da massa volumétrica que nela leva. “... uma interpretação dinâmica do fenômeno nos permite compreender a "altura do céu", como o limite do campo de força decorrentes da arquitetura real, mas não pode ir além de certa distância...” (Arnheim 2001:25).

Catedral de Rio de Janeiro – detalhe da vista interna
Fonte: fotografia Jorge Villavisencio (26-01-2011)

Sobre sua forma se diz que vem de inspirações Mayas ou Astecas (México), mais tanto nas pirâmides egípcias o as mexicanas tem forma de “pirâmide” (estes tem arestas nas quinas), só para lembrar faço a minha critica de índole “formalista” – é minha busca e a representação da forma – então mais bem posso dizer que são sua “influencia platônica” da forma pura simples (este tipo de formas são muito interessantes como intuição – pareceria que a obra já fosse conhecida sem ter vista anteriormente), os sólidos platônicos tem essa virtude. A forma “cônica” da Catedral tem uma sustração em seu ápice (corte final). “O cone e o fruto do giro de um triangulo eqüilátero arredor de seu eixo vertical. Como o cilindro, quantos nos cones são apoiados numa base circular que é uma forma estável...” (Ching 2002:43). Assunto bem logrado porque entrega uma estabilidade que não só e no aspecto formalista, mais também de estabilidade de culto mágico-religioso.

Catedral de Rio de Janeiro – Escultura Marli Crespo Azeredo
Fonte: fotografia Jorge Villavisencio (26-01-2011)

Seus planos verticais são inclinados em forma arredondada dados pela forma cônica, este entrega à sua impressão de “continuidade” que são atributos das formas esféricas (cantos arredondados). Poderia se referir também à obra nos contextos históricos da arquitetura de atitudes de forma circular como as obras de Vila do Teatro Marítimo. Vila de Adriano, Tivoli, Itália (118-125 d.C.) ou a Planta para uma cidade ideal de Vicenzo Scamozzi (1615), ou no Hospital de Bernard Poyet (1786), ou na Catedral de Brasília de Niemeyer (1970), ou o Museu Northrhine-Wesfalia, Dussendorf na Alemanha projeto de James Stirling e Michael Wilford de 1975; são tantas obras que tem seus referentes platônicos circulares, alem que a forma cônica que gera rotação na Catedral irradia atração de dentro para afora, que e um efeito importante nos edifícios religiosos.

Catedral de Rio de Janeiro – detalhe interior
Fonte: fotografia Arq. Jorge Villavisencio (26-01-2011)

Na interpretação filosófico-religiosa “A arquitetura é o aspecto visual da historia... o neoplatonismo, formulado pelo conceito do infinito, rompe com a visão isolada do ser. Essa direção filosófica reflete-se na arquitetura da época helenística, e explica sua revolta contra a determinação volumétrica e plástica do templo grego o novo acento cenográfico” (Zevi 2009:142).
Si bem é certo como aprecia Zevi na busca de outras soluções arquitetônicas, que e o diferencial nesta obra da Catedral, a penso que a busca do mágico-religioso esta presente, que da evidencia no contexto da relação sujeito-objeto. Sem duvida esta foi logrado, tem como premissa este objetivo, e só passar pelos arredores do edifício e pareceria que tem como ímã que se chama a ver na sua essência visual da forma.

Catedral de Rio de Janeiro – na época da construção

Sem duvidas a obra da Catedral Metropolitana de São Sebastião de Rio de Janeiro nos imbui a uma reflexão sobre a arquitetura moderna no Brasil, considero que sua análise formal se sustenta na sua própria formalidade edificatoria – essência dos aspectos da sua espacialidade – alem que cria em si uma reflexão entre o significante que e o homem em relação aos aspectos funcionais de uso religioso, a escala utilizada na obra foi premeditada, mais concordo quando o mestre Oscar Niemeyer diz: “que obra tem que surpreender”, que neste caso o edifício cumpre sim esta expectativa, além que é relevante para a cidade de Rio de Janeiro.

Rio de Janeiro, 27 de Janeiro de 2011.
Arq. Jorge Villavisencio

Bibliografia

GRAEFF, Edgar; Edifício, Projeto Editores Associados: Vol.7, São Paulo, 1986.
CHING, Francis; Arquitectura: Forma, Espacio y Orden, Editora Gustavo Gili, Barcelona, 2002.
ARNHEIM, Rudolf; La forma visiual de la arquitectura, Editora Gustavo Gili, Barcelona, 2001.
ZEVI, Bruno; Saber ver a arquitetura, Editora Martins Fontes, São Paulo, 2009.


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